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A clareza de Jerónimo: crescer nas câmaras para influenciar mais o Governo

18 set, 2017 - 10:45 • Eunice Lourenço e Susana Madureira Martins

O PCP deixa bem claro que quer ter mais força autárquica para influenciar mais o Governo. E Jerónimo centra forças onde o PCP é mais forte.

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Lisboa, Setúbal, Litoral Alentejano. O circuito de campanha de Jerónimo de Sousa pouco vai sair deste eixo nas duas semanas de campanha oficial. O PCP - ou a CDU, como aparece nos boletins e nos cartazes - quer aumentar o seu peso autárquico para ter mais capacidade de influenciar o Governo.

Jerónimo de Sousa deixou isso bem claro na Festa do Avante, o habitual marco de regresso político dos comunistas. O líder do PCP pediu às bases que reforcem o peso eleitoral do partido para melhor negociar o Orçamento do Estado com o Governo.

“As próximas eleições autárquicas assumem grande importância pelo que representam no plano local, mas também pelo que podem contribuir para dar força à luta que travamos para melhor defender os interesses dos trabalhadores, do povo e do país”, disse Jerónimo de Sousa no comício de encerramento, depois de estabelecer como meta para 1 de Outubro a eleição de mais candidatos.

A CDU é o terceiro partido em termos autárquicos. Tem 34 câmaras. Em 2013, atingiu 11% dos votos e elegeu 213 vereadores em termos nacionais. Na eleição para as assembleias municipais e para as assembleias de freguesia teve praticamente 12%. Agora, quer ainda mais. E o agora tem características bem diferentes de há quatro anos porque, como nunca antes tinha acontecido, o PCP está em condições únicas para fazer valer o seu peso eleitoral.

“Mais votos na CDU são garantia de poder dar novos passos e avanços na resposta aos problemas do país, dos trabalhadores e do povo”, afirmou o líder comunista no dia 3 de Setembro.

Nesse discurso, Jerónimo elencou o que pode representar “dar mais força à CDU”. Primeiro, “assegurar o aumento geral de salários e o aumento extraordinário do salário mínimo nacional para 600 euros em Janeiro de 2018. Depois, “prosseguir a reposição dos direitos, subsídios e complementos retirados aos trabalhadores da administração pública e do sector empresarial do Estado, para repor o valor do trabalho extraordinário e do trabalho nocturno bem como a concretização do descongelamento das carreiras do conjunto dos trabalhadores da administração pública e o aumento dos salários”.

E foi continuando: avançar o valor das pensões de reforma, assegurar que um trabalhador com 40 ou mais anos de descontos tenha direito à reforma por inteiro e sem penalizações, para dar novos passos na protecção no desemprego, prolongando o prazo do subsídio e eliminando o corte dos 10%, alargar o abono de família nos seus montantes e universo de atribuição, o acesso à rede pública do pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos, o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares ao segundo e terceiro ciclo, o reforço da acção social escolar.

Dar “força à CDU” nas autárquicas também é, neste discurso eleitoral que iniciou no Avante e tem repetido na pré-campanha, “garantir uma política fiscal mais justa, desagravando os impostos sobre os trabalhadores de mais baixos rendimentos com a criação de mais escalões no IRS e redução de taxas”. E, ao mesmo tempo, aumentar a tributação dos rendimentos mais altos e das empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros.

E a lista de exigências ao Governo continua: contratação de mais profissionais na educação e na saúde, aumentar o investimento público, acabar com as portagens nas ex-Scut, aumentar a oferta de habitação social, reduzir as tarifas na energia e no transporte, acabar com privatizações e com a renovação de parceiras público-privadas.

Apesar desta aposta (autárquica, mas sobretudo com leitura nacional), a CDU não apresenta grandes novidades nas suas candidaturas autárquicas. Em Lisboa e no Porto repete candidatos, João Ferreira e Ilda Figueiredo, respectivamente. Em Loures, a grande reconquista dos últimos anos, Bernardino Soares ganhou visibilidade graças às polémicas que envolvem André Ventura, o candidato do PSD.

A novidade acabou por ser a escolha de Heloísa Apolónia, a líder dos Verdes (o outro partido da CDU), para liderar a lista em Oeiras, um concelho em que o regresso de Isaltino Morais baralha as contas do centro-direita.

Comentários
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  • J.Batista
    18 set, 2017 Lisboa 15:42
    Jerónimo de Sousa voltou ao tempo dos sovietes. É uma degenerescência ou um raquitismo da linguagem anti-socialistas desde há40 anos e o seguidismo do discurso da direita que diz que o Governo não fez nada (de mal); eles é que fizeram tudo (de mal). Aqui jerónimo reclama a autoria das melhorias que o povo sente no seu dia-a-dia, metendo o veneno onde não devia (como de costume) regressando a 1917 e à dicotomia proletariado«»pequena burguesia, não se adaptando ao rolar da história e aos tempos modernos.
  • Eborense
    18 set, 2017 Évora 11:59
    Ó Mendes! Essa do "forca Jerónimo" está bem pensada.
  • mendes
    18 set, 2017 braga 11:53
    forca geronimo amigo a cgtp esta contigo

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