A manhã desta quinta-feira foi marcada por protestos contra o preço dos combustíveis.

Em Lisboa, a Ponte 25 de Abril foi o local escolhido por muitos condutores para manifestar a sua revolta contra os sucessivos aumentos que têm deixado a gasolina e o gasóleo em valores recorde.

Ao longo da manhã ouviram-se buzinadelas, num protesto que foi divulgado em larga medida pelas redes sociais.

Alguns cidadãos juntaram-se, com cartazes e faixas, num dos viadutos por cima da A2, apelando aos condutores para manifestarem assim a sua revolta.

Também em Vila Real se fez sentir o protesto contra o preço dos combustíveis. O destaque na cidade nortenha foi para os pesados que, para além das buzinadelas fizeram uma marcha lenta pela cidade.

Empresários e trabalhadores agrícolas e da construção civil fizeram uma marcha lenta em protesto contra os preços dos combustíveis que consideram "uma vergonha" e "insuportáveis" para as empresas.

Apesar da adesão ao protesto ter ficado aquém das expectativas da organização, cerca de duas dezenas de viaturas, entre tratores, camiões, carrinhas e automóveis, conseguiram praticamente bloquear o trânsito na zona da rotunda do Seixo, num dos acessos à cidade onde, diariamente, a circulação tem já estado muito complicada ao início da manhã.

Nos veículos foram colocados cartazes onde se podia ler "Chega de aumento de combustíveis" e "Sabias que em cada 10 euros seis são impostos?".

"O objetivo foi chamar a atenção porque não estamos contentes com o aumento dos combustíveis, que não vão parar,", afirmou Telmo Resende, proprietário de uma empresa de construção de piscinas e um dos organizadores da manifestação.

Durante quase uma hora, as viaturas circularam entre rotundas, onde a Polícia posicionou vários agentes para controlarem o trânsito. Foram essencialmente empresários e trabalhadores ligados aos setores agrícola e da construção civil que aderiram à iniciativa.

"Estou aqui porque alguém tem que ter coragem e iniciativa de fazer qualquer coisa para que os combustíveis possam baixar (...) Nós queremos, no mínimo, os combustíveis iguais aos nossos vizinhos de Espanha. Queremos trabalhar e não conseguimos", afirmou Alfredo Jorge, proprietário de uma empresa de materiais de construção.

Este empresário disse que está "cada vez mais sufocado porque os espanhóis colocam em Portugal os artigos muito mais baratos", que é "impossível competir" e que o protesto desta quinta-feira foi "apenas uma amostra daquilo que tem que se fazer".

A marcha lenta foi acompanhada com o som das buzinas dos veículos.

O aumento do preço dos combustíveis tem sido atribuído à retoma económica na China, depois de dois anos marcados pela pandemia, o que levou a uma maior procura de petróleo. Os preços têm subido universalmente, mas Portugal regista alguns dos valores mais altos da União Europeia.

A decisão do Governo de tentar mitigar a subida dos preços com a redução do ISP foi criticada como inútil por profissionais do setor dos transportes e como "ridícula" pelo presidente da ACP, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa disse que é apenas uma "medida paliativa".

[Notícia atualizada às 11h18]