30 nov, 2017 - 14:31 • Marta Grosso
O próximo dirigente do Eurogrupo pode ser de um país do Sul da Europa – um daqueles que Jeroen Dijsselbloem, o actual presidente, acusou de gastarem "o dinheiro todo em copos e mulheres e depois pedir ajuda”.
O senhor que se segue poderá ser português: Mário Centeno é o candidato mais bem posicionado para substituir o holandês à frente do grupo informal mais influente da Europa.
O Governo oficializou esta quinta-feira a candidatura de Centeno, depois de meses de especulação. O ministro das Finanças português diz que é candidato à presidência do Eurogrupo para alcançar os “consensos indispensáveis” para reforçar o euro. Mário Centeno promete dar um "contributo construtivo, crítico às vezes", para "encontrar caminhos alternativos".
O que é o Eurogrupo?
Um grupo formado pelos ministros das Finanças da Zona Euro, que se reúnem uma vez por mês. Não é um órgão oficial da União Europeia.
Porque é que existe?
Para assegurar uma coordenação estreita das políticas económicas entre os Estados-membros que adoptaram o euro como moeda.
Visa também promover condições a um crescimento económico mais forte dentro do espaço da moeda única europeia e é responsável pela preparação das reuniões da Cimeira do Euro (criada em 2008).
O seu papel assumiu ainda maior relevância a partir da crise financeira de 2010.
Quando foi criado?
A 13 de Dezembro de 1997, com a aprovação do Conselho Europeu.
O Eurogrupo surge na sequência da criação da União Económica e Monetária (UEM), concretizada em 2002 com a entrada em circulação do euro.
A primeira reunião ocorreu em 4 de Junho de 1998, no Palácio de Senningen, no Luxemburgo – a concretização da UEM fez-se em três fases:
Qual a diferença entre Eurogrupo e Zona Euro?
O Eurogrupo é um grupo de responsáveis políticos que decide sobre a Zona Euro – o espaço em que vigora uma moeda única, que é o euro.
Os membros da Zona Euro (ou seja, os países que aderiram à UEM) têm de respeitar as regras do Pacto de Estabilidade, dentre as quais se destaca o défice abaixo dos 3% do PIB e a dívida pública acima dos 60% do PIB.
A Zona Euro integra actualmente 19 países, entre os quais Portugal.
Porque é que um órgão que é informal é importante?
Porque é ali que se decidem os destinos de todos os países da Zona Euro. As decisões tomadas no Eurogrupo condicionam os orçamentos nacionais e opções económico-financeiras de cada Estado-membro do euro. É lá que tudo se passa e decide, de modo a garantir a estabilidade da UEM, através da coordenação das políticas nacionais.
A sua relevância é reconhecida desde o início e tem vindo a consolidar-se. O seu papel foi estabelecido no protocolo n.º 14 do Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009.
Quais os candidatos à sucessão de Jeroen Dijsselbloem?
Mário Centeno (Portugal), Reizniece-Ozola (Letónia), Peter Kazimir (Eslováquia) e Pierre Gramegna (Luxemburgo).
Quantos presidentes já teve?
Dois presidentes: Jean-Claude Juncker (Luxemburgo) e Jeroen Dijsselbloem (Holanda).
Até 2004, este grupo informal era presidido pelo ministro do Estado-membro que estivesse a presidir ao Conselho da União Europeia ou – no caso de esse país não fazer parte da Zona Euro – pelo ministro do Estado que assumiria a presidência a seguir.
Naquele ano, o Eurogrupo decide ter um presidente permanente, nomeado por dois anos. Jean-Claude Juncker é o primeiro a ser eleito numa reunião informal do Conselho de Ministros da Economia e das Finanças (Ecofin). O seu mandato decorre de 1 de Janeiro de 2005 a 31 de Dezembro de 2006, sendo renovado em 2006.
Em 2013, toma posse do cargo o holandês Jeroen Dijsselbloem, reeleito em Julho de 2015. Termina o mandato em 2018.
Será que Mário Centeno pode mesmo ganhar?
O ministro português reúne o apoio dos grandes países da Zona Euro, nomeadamente, Alemanha, Itália, França e Espanha.
De acordo com o “Financial Times”, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, reuniram-se na quarta-feira com os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, e de Itália, Paolo Gentiloni, para decidir quem deveria avançar (entre Centeno e o ministro italiano Pier Carlo Padoan). A escolha recaiu sobre o ministro português.
A imprensa italiana avança, por seu lado, que Roma também irá apoiar Mário Centeno e, na última reunião do Eurogrupo, o ministro espanhol, Luis de Guindos, anunciou o seu apoio ao ministro socialista português.
A eleição está agendada para a próxima segunda-feira, dia 4, em Bruxelas.