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Marcha para que “nem mais uma” mulher seja vítima de violência doméstica

25 nov, 2017 - 21:17

Centenas de pessoas participaram na iniciativa em Lisboa.

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Marcha para que “nem mais uma” mulher seja vítima de violência doméstica
Marcha para que “nem mais uma” mulher seja vítima de violência doméstica

Centenas de pessoas, entre as quais deputados e três ministros, marcharam este sábado, em Lisboa, para pedir que "nem mais uma" mulher seja vítima de violência doméstica e para rejeitar qualquer discriminação contra as mulheres.

Assinalando o Dia internacional contra a Violência Doméstica, a marcha começou com uma concentração no Largo do Intendente, em Lisboa, onde foram recordados os nomes das 18 "caídas", as mulheres que morreram este ano em Portugal vítimas de violência de companheiros ou ex-companheiros, e a forma como foram assassinadas.

Entre as mulheres que representaram as vítimas encontrava-se a deputada socialista Catarina Marcelino, que foi, até Outubro, secretária de Estado da Cidadania e Igualdade.

Os manifestantes marcharam depois até ao Rossio, ao som de tambores e de palavras de ordem como "A nossa luta é todo o dia, somos mulheres e não mercadoria", "Não é Não" ou "Deixa passar, sou feminista e o mundo eu vou mudar".

Na marcha, com o lema "Contra a violência machista, age!", podia ler-se, nos cartazes, mensagens como "Não me calo", "Contra a ditadura da heterocultura" ou "Amor não mata, machismo sim".

Este é o terceiro ano consecutivo com menos casos de mulheres vítimas de violência doméstica, mas Elisabete Brasil, da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), uma das organizações que promoveram a manifestação, considerou que é "sempre preocupante" quando uma mulher morre "no lugar onde se deveria sentir mais segura, na sua casa".

Elisabete Brasil salientou que "muitas vezes, os casos são conhecidos dos familiares, da polícia ou da justiça" e defendeu a necessidade de apostar na prevenção, alertando os jovens para as questões da igualdade.

Alexandra Silva, presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, realçou que as mulheres são vítimas de "mais do que a violência doméstica", pedindo a eliminação da "violência de todas as formas, em diferentes esferas da vida das mulheres, em diferentes locais e por diferentes tipos de agressores, como no local de trabalho, na rua, na intimidade".

Também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apontou que a desigualdade entre homens e mulheres continua a prevalecer.

"Uma em cada quatro mulheres em Portugal declara-se como tendo sido vítima de assédio e violência física e sexual. As mulheres continuam a ganhar menos dos que os homens, mesmo quando têm mais qualificações. A desigualdade é real e abate-se contra metade da população", exemplificou.

"É importante que se assuma que a violência contra as mulheres é o maior problema de segurança em Portugal e, portanto, é muito importante que estejamos todos envolvidos", declarou a dirigente bloquista.

Luís Brandão era um dos muitos homens que aderiram à marcha, apesar de não pertencer a nenhuma das organizações que a promoveu.

Empunhando um pequeno cartaz em que se lia "Namorar não é abusar", disse que quis associar-se "como homem, como cidadão".

"É uma luta das mulheres, mas seria errado achar que é uma luta só das mulheres", considerou.

Do Governo, estiveram presentes as ministras da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, e da Justiça, Francisca Van Dunem, e o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

O governante recordou que cerca de dois terços das esquadras e postos da GNR e da PSP têm espaços dedicados ao atendimento de vítimas de violência doméstica e sublinhou que o Orçamento do Estado para 2018, que deverá ser aprovado na próxima semana, prevê que qualquer nova instalação ou requalificação contará com um destes espaços.

O objectivo, salientou Cabrita, é atingir a plenitude das esquadras e postos em todo o país.

A secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, disse que o executivo pretende "reforçar todas as estruturas que prestam apoio ao nível de atendimento e de suporte" a mulheres vítimas de violência, estando previsto o "reforço com duas casas, destinadas a mulheres vítimas com problemas na área da deficiência e da saúde mental".

Comentários
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  • Helena Matos
    27 nov, 2017 coimbra 01:08
    O problema destas manifestaçoes é que se ficam por aí, por marchas mais ou menos folclóricas, com representações teatrais à mistura e deixa-se o cerne da questão de fora. O caminho é outro: é reivindicar junto das comissões parlamentares e junto do governo para ter nas esquadras gente especializada, mais preparada e capaz, para ouvir a vítima e perceber a urgência da situação e dar-lhe o encaminhamento rápido (muitas das mulheres q foram mortas já se tinham queixado à polícia, q desvalorizou os seus relatos e o seu sofrimento); é reivindicar por formação especializada dos juízes nesta matéria (não se percebe como é que a larga maioria de autores de crimes de violência doméstica sai com pena suspensa, provado q foi o crime, haja em vista a recente decisão a propósito de uma figura do jet set); é prever que as instituições de apoio à vítima tenham uma parceria com as polícias para uma decisao partilhada do entendimento e encaminhamento dos casos; é exigir que a comunicação social tome o assunto como uma causa e dê voz aos q se sentem defraudados, impotentes e aterrados pq o agressor lhes continua a ensombrar a vida... Ele há tanto por fazer e custa ver os senhores ministros, que têm tantas destas soluções na mão, a ficarem-se por encabeçar as marchas, a fazerem-se à fotografia e amanhã regressarem aos gabinetes com a noção de "dever cumprido". Custa ainda mais ver os que ao seu lado na marcha não os confrontam com a realidade e aproveitam a ocasião para os fazer corar de verg O problema destas manifestaçoes é que se ficam por aí, por marchas mais ou menos folclóricas, com representações teatrais à mistura e deixa-se o cerne da questão de fora. O caminho é outro: é reivindicar junto das comissões parlamentares e junto do governo para ter nas esquadras gente especializada, mais preparada e capaz, para ouvir a vítima e perceber a urgência da situação e dar-lhe o encaminhamento rápido (muitas das mulheres q foram mortas já se tinham queixado à polícia, q desvalorizou os seus relatos e o seu sofrimento); é reivindicar por formação especializada dos juízes nesta matéria (não se percebe como é que a larga maioria de autores de crimes de violência doméstica sai com pena suspensa, provado q foi o crime, haja em vista a recente decisão a propósito de uma figura do jet set); é prever que as instituições de apoio à vítima tenham uma parceria com as polícias para uma decisao partilhada do entendimento e encaminhamento dos casos; é exigir que a comunicação social tome o assunto como uma causa e dê voz aos q se sentem defraudados, impotentes e aterrados pq o agressor lhes continua a ensombrar a vida... Ele há tanto por fazer e custa ver os senhores ministros, que têm tantas destas soluções na mão, a ficarem-se por encabeçar as marchas, a fazerem-se à fotografia e amanhã regressarem aos gabinetes com a noção de "dever cumprido". Custa ainda mais ver os que ao seu lado na marcha não os confrontam com a realidade e aproveitam a ocasião para os fazer corar de verg O problema destas manifestaçoes é que se ficam por aí, por marchas mais ou menos folclóricas, com representações teatrais à mistura e deixa-se o cerne da questão de fora. O caminho é outro: é reivindicar junto das comissões parlamentares e junto do governo para ter nas esquadras gente especializada, mais preparada e capaz, para ouvir a vítima e perceber a urgência da situação e dar-lhe o encaminhamento rápido (muitas das mulheres q foram mortas já se tinham queixado à polícia, q desvalorizou os seus relatos e o seu sofrimento); é reivindicar por formação especializada dos juízes nesta matéria (não se percebe como é que a larga maioria de autores de crimes de violência doméstica sai com pena suspensa, provado q foi o crime, haja em vista a recente decisão a propósito de uma figura do jet set); é prever que as instituições de apoio à vítima tenham uma parceria com as polícias para uma decisao partilhada do entendimento e encaminhamento dos casos; é exigir que a comunicação social tome o assunto como uma causa e dê voz aos q se sentem defraudados, impotentes e aterrados pq o agressor lhes continua a ensombrar a vida... Ele há tanto por fazer e custa ver os senhores ministros, que têm tantas destas soluções na mão, a ficarem-se por encabeçar as marchas, a fazerem-se à fotografia e amanhã regressarem aos gabinetes com a noção de "dever cumprido". Custa ainda mais ver os que ao seu lado na marcha não os confrontam com a realidade e aproveitam a ocasião para os fazer corar de verg
  • Vejam os 2 lados
    26 nov, 2017 Por cá 16:59
    A violência doméstica não tem só um sentido. No vosso desejo de votos, e de agradar à corrente-de-momento, espero que não esqueçam também a violência verbal e a violencia psicológica, terrenos em que as mulheres são peritas. Isso também é violência doméstica. Lembrem-se disso, quando andarem para aí a cavalgarem a onda do momento, de braço dado com as feministas-de-plantão.
  • VICTOR MARQUES
    26 nov, 2017 Matosinhos 16:15
    Um tipo é que perguntou a um dos seus amigos: "Bates na tua mulher?"...E o amigo respondeu-lhe : "Só em legítima defesa"...
  • Vao
    26 nov, 2017 cogumelo magico 15:37
    Já agora, não esqueçam a agressão verbal e psicológica de que os Homens costumam ser vítimas, que isso também é violência doméstica embora as marcas não sejam físicas. Nem as agressões físicas - as Mulheres também batem - que os Homens calam por vergonha, mas não o deviam fazer, que a Lei é igual para todos - "elas" correm logo para a esquadra, para as organizações de apoio, para as redes sociais, etc, etc. Os Homens se forem à esquadra, até se riem deles. Não esqueçam também o assédio das empregadoras sobre os subordinados. É que normalmente quando estão em posições de mandar, "elas", conseguem ser iguais ou piores que "eles". Se embarcam na criminalização de tudo, então que seja para os dois lados.
  • Alberto
    26 nov, 2017 FUNCHAL 13:23
    E o Homem que foi baleado - no Algarve? Sejam honestos em vez de procurarem "mediatismo"!

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