08 nov, 2017 - 11:09
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Subiu para 38 o número de casos confirmados de pessoas infectadas pela doença do legionário (legionella) desde o dia 31 de Outubro e relacionados com o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
A informação foi avançada esta quarta-feira de manhã pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) e já confirmada pela Renascença.
O novo boletim epidemiológico da DGS indica que a maioria dos casos ocorreu em mulheres (63%) e que os doentes infetados têm a maior parte (68%) idades iguais ou superiores a 70 anos.
Todos os doentes já têm doenças crónicas anteriores à infecção.
Na terça-feira, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito ao surto de que surgiu no final do mês passado no Hospital São Francisco Xavier e que já causou dois mortos.
A investigação está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que ontem ordenou a recolha dos corpos das duas vítimas para autópsia.
"O Ministério Público decidiu, esta terça-feira e por iniciativa própria, face às notícias vindas a público sobre surto de legionella e suas consequências, instaurar um inquérito”, anunciou a Procuradoria em comunicado.
“Tendo sido noticiadas mortes, entendeu-se, desde logo, que a realização de autópsia e de perícias médico-legais eram essenciais para a investigação em curso", acrescenta.
De acordo com a DGS, o primeiro caso de diagnóstico da doença dos legionários foi confirmado a 31 de outubro. Na passada sexta-feira foram confirmados oito casos, 14 no dia seguinte e quatro no domingo. Na segunda-feira, foram confirmados sete casos, na terça-feira três casos e esta quarta um outro.
Segundo o ministro da Saúde, a origem do surto foi o Hospital São Francisco Xavier e as primeiras evidências apontavam logo para uma emissão dentro do perímetro da unidade hospitalar.
Estas declarações surgiram depois de o presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) ter dito à agência Lusa que as autoridades tinham identificado nas redondezas do São Francisco Xavier pelo menos sete equipamentos potencialmente produtores de aerossóis e por onde poderia também ter começado o surto.
Segundo o responsável, a maior probabilidade é que o surto tivesse tido origem nas instalações do hospital, mas, por precaução, a Administração Regional de Saúde (ARS) e o delegado de saúde fizeram o levantamento dos equipamentos potencialmente geradoras de aerossóis para fazer análises.
Ainda segundo o ministro Adalberto Campos Fernandes, o surto já terá entrado "em curva descendente" e os portugueses não têm qualquer razão para perder a sua confiança nos Sistema Nacional de Saúde nem nos seus profissionais.
Na sua opinião, “o que aconteceu foi, seguramente, uma falha técnica”.
A legionella é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias.
A infecção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infecção tem tratamento efectivo.