Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

“Com a guerra perdemos tudo”, diz o Papa

02 nov, 2017 - 17:19 • Ecclesia

Francisco celebrou missa de fiéis defuntos no cemitério de Neptuno em Roma, onde jazem milhares de soldados norte-americanos mortos na II Guerra Mundial.

A+ / A-
“Com a guerra perdemos tudo”, diz o Papa
“Com a guerra perdemos tudo”, diz o Papa

O Papa assinalou esta quinta-feira a comemoração dos fiéis defuntos com uma Missa no Cemitério Americano de Neptuno, em Roma, local onde estão sepultados os soldados norte-americanos que caíram na campanha de Itália, na II Guerra Mundial.

Na sua homilia, Francisco deixou um forte apelo ao fim da guerra no mundo, a dizer “não mais” ao “massacre inútil” de vidas humanas, que custou a vida a tantos seres humanos, jovens, “milhares e milhares e milhares” de pessoas.

“Hoje quando o mundo está outra vez em guerra e se prepara para um conflito ainda mais forte. Não mais, Senhor, não mais! Com a guerra perdemos tudo”, frisou.

Para o Papa, se a celebração dos fiéis defuntos representa “um dia de esperança”, pelos cristãos acreditarem que os seus entes queridos estão junto de Deus, é também uma “jornada de lágrimas”.

Lágrimas por todos aqueles que no mundo sofrem com os conflitos, “que a humanidade não deve esquecer”, mas que parece “tardar em aprender a lição”.

"Quantas vezes na História os homens recorreram à guerra convencidos de que ela os ajudaria a trazer um mundo novo, uma primavera; e tudo acabou em inverno, feio, cruel, num reino do terror e morte”, questionou Francisco.

O Papa pediu às comunidades cristãs para rezarem “por todos os mortos”, sobretudo pelos jovens que – como os que acabaram no cemitério de Neptuno – tombam todos os dias em batalha, numa guerra amarga”.

“Rezemos pelos mortos de hoje, vítimas da guerra, também as crianças inocentes. É este o fruto da guerra: a morte. Que o Senhor nos conceda a graça de chorar”, exortou.

Antes da eucaristia, o Papa deixou ramos de flores em várias das campas dos soldados americanos que tombaram durante a campanha de Itália da II Grande Guerra, entre 1943 e 1945.

Ainda esta tarde, Francisco visitou – tal como fez Bento XVI em 2011 - as Fossas Ardeatinas, em Roma, voltando a colocar flores no local.

O gesto evoca as vítimas do massacre levado a cabo pelas forças nazis em 1944, quando 335 civis e militares italianos, vários deles judeus, foram fuzilados pelas forças alemãs em represália a um atentado que matou 33 soldados germânicos.


Juntamente com o rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, e após um momento de oração em hebraico, o Papa rezou ao “Deus de Jesus, ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, Deus que se compadece com “qualquer povo que sofre a miséria”.

“Deus dos rostos e dos nomes das 335 pessoas abatidas aqui, a 24 de março de 1944, cujos restos mortais repousam aqui”, disse.

Francisco recordou os “nomes e rostos” de cada um dos que ali foram mortos, 12 dos quais permanecem por identificar. “Para Ti [Deus], ninguém é um desconhecido”, acrescentou. A intervenção acabou com uma mensagem contra “o egoísmo e a indiferença”.

De regresso ao Vaticano, o Papa vai rezar nas grutas da Basílica de São Pedro, em sufrágio pelos pontífices ali sepultados e por todos os defuntos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Mario
    02 nov, 2017 Portugal 21:21
    A guerra e um mal necessário, e uma forma de negocio. Os humanos sempre guerrearam desde a idade da pedra e continuam pois como nao tem predadores matam-se uns aos outros.
  • AP
    02 nov, 2017 Portugal 19:13
    A malta quer guerra por falta de moções fortes. Guerra com o vizinho, com o tipo que os olhou de lado, com o condutor que os ultrapassou na rotunda... As gerações que não provam o sabor amargo da guerra estão sempre desejosas de a abraçar. Na ultima, os pais que se lembravam do que sofreram na primeira bem lhes dizem "meu filho, não vás" mas eles saiam porta fora como quem vai numa viagem a Benidorm. Por esse motivo a terceira tem estado demorada: foram, levaram no nariz e à bruta ganharam juízo. Mas essa geração está agora quase toda desaparecida ou com máscara de oxigénio nos lares e já ninguém lhes dá ouvidos. E malta quer outra vez emoções fortes porque ler sobre isso num livro é chato, tem poucos bonecos. Na Playstation não é real o suficiente. E depois na realidade não há "game save" e é real demais.

Destaques V+