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Médico e presidente da Câmara. Ou trata dos doentes ou trata da autarquia

20 out, 2017 - 17:19 • Olímpia Mairos

Benjamim Rodrigues, cirurgião ortopédico, candidatou-se à Câmara de Macedo de Cavaleiros e ganhou.Três meses antes das eleições, foram introduzidas alterações na legislação em vigor e agora está impedido de, pelo menos, "dar uma perninha" e queixa-se, porque, "para um cirurgião, é importante manter alguma prática".

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Quando se candidatou à Câmara de Macedo de Cavaleiros pelo Partido Socialista, Benjamim Rodrigues acalentava o desejo de, caso conquistasse a autarquia, poder exercer simultaneamente medicina, mas, para sua tristeza, não o vai poder fazer.

“Quando fui candidato, a lei permitia-me exercer medicina e isso foi um grande atractivo para este desafio”, conta Benjamim Rodrigues, que esperava, “fora do âmbito de actuação de autarca, ter disponibilidade de, ocasionalmente”, exercer a sua profissão.

A verdade é que a lei mudou e Benjamim Rodrigues não vai poder acumular as funções de autarca com as de cirurgião ortopédico.

“Cerca de três meses antes, alteraram as regras do jogo e isso foi muito mau”, lamenta, “porque não há muitos cirurgiões autarcas e, para um cirurgião, é importante manter alguma prática, nem que seja uma vez por mês. Era isso que eu queria”.

Benjamim Rodrigues vai ter, assim, que dedicar-se, nos próximos quatro anos, por inteiro à autarquia de Macedo de Cavaleiros, que, nos últimos 16 anos, esteve não mãos do PSD.

“São quatro anos para cumprir”, assegura, e depois “logo se verá”, se abandona ou não “definitivamente a profissão de cirurgião”.

A posse de Benjamim Rodrigues está marcada para segunda-feira e o novo autarca vai começar pela “organização da gestão camarária” e uma das metas a atingir prende-se com “diminuição da dívida”.

“O primeiro passo será ver como está a situação financeira, depois, fazer a organização que está já prevista na câmara. E a seguir, partiremos para a obra que é necessária, começando pelo mais básico e urgente”, adianta.

Um dos grandes sonhos do novo autarca, e que foi bandeira de campanha eleitoral, centra-se na conversão do actual hospital de Macedo em uma estrutura diferenciada em trauma, que possa servir o distrito, bem como a instalação de mais valências naquela unidade de saúde. Um sonho já dialogado com o Governo, mas que pode esbarrar em “limitações financeiras” e no facto de Macedo de Cavaleiros não ser sede de distrito.

O regresso do Ensino Superior à cidade consta também das propostas do novo autarca, que garante já ter tido “contactos com pessoas responsáveis no Instituto Politécnico de Bragança e também das áreas de gestão e tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes”.

“A ideia seria começar com algumas turmas de cursos específicos”, diz Benjamim Rodrigues, apontando a área da gestão como “muito importante” e “adequada ao meio rural”.

Benjamim Rodrigues tem 54 anos. É cirurgião ortopedista na Unidade de Saúde do Nordeste. No último ano foi director do Serviço de Ortopedia do Hospital de Faro, no Algarve, onde esteve em regime de mobilidade, devido à carência de profissionais dessa área.

O socialista, que conquistou a autarquia de Macedo de Cavaleiros, já foi presidente da junta de freguesia de Talhas, onde dava consultas gratuitas à população, e profissionalmente fez parte da equipa de Ortopedia que tornou o Hospital de Macedo de Cavaleiros numa referência da especialidade nesta região.

Comentários
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  • Maria Freire
    20 out, 2017 S.Pedro do Estoril 20:42
    Boa Sorte e Bom Desempenho.Poderá sempre dar consultas grátis
  • Francisco António
    20 out, 2017 Setúbal 19:53
    Se ganhar juízo o melhor que faz é livrar-se da autarquia e exercer medicina !
  • Jose Mendes
    20 out, 2017 Lisboa 19:00
    Não compreendo que um médico que faz falta aos seus concidadãos se condidate a uma autarquia ou a outra qualquer "coisa" que requeira gestão, especialmente gestão de tempo. Os médicos não conseguem gerir o seu tempo, as consultas são horas depois das marcações como podem gerir alguma "coisa", como dinheiro. Outra "coisa" estranha, o vencimento não foi o atractivo pois concerteza não vai ganhar mais legalmente do que ganhava como cirurgião, logo só se pode levar para a "coisa" má, a corrupção que grassa nas máquinas do Estado Central e nas Autarquias, quem tenha outra tese que me explique. Pois eu não vejo melhor função do que ser médico em função dos cidadãos que posso ajudar, na saúde, que tão deficitária no nosso país. Não é caso único, o antigo bastonário dos médicos também se candidatou a Coimbra, nestas candidaturas só vejos jogos de sombras e a corrupção de fundo. Mau, muito mau!!!

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