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Parecer recomenda suspensão da pesca da sardinha em 2018

20 out, 2017 - 12:14

Organismo alerta que o "stock" tem vindo a decrescer de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016.

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A pesca da sardinha deverá ser proibida em 2018 em Portugal e Espanha, face à redução acentuada do "stock" na última década, indica um parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES).

"Deve haver zero capturas em 2018", recomenda o documento daquele fórum científico inter-governamental dedicado ás ciências marinhas no Atlântico, habitualmente consultado pela Comissão Europeia para dar parecer sobre as possibilidades de pesca.

O ICES lembra que a sardinha tem vindo a decrescer de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016.

Em Julho, o mesmo organismo defendeu que Portugal deveria parar por completo a captura de sardinha. O relatório concluiu que o "stock" de sardinha no mar ibérico está muito abaixo dos limites mínimos, pelo que seria necessário que Portugal e Espanha suspendessem totalmente as capturas durante década e meia para permitir o regresso a níveis aceitáveis.

Governo garante empenho para manter sustentabilidade

O ministério do Mar já reagiu ao parecer do ICES, garantindo que o governo português está “empenhado em manter a pesca de sardinha em níveis que permitam a recuperação”.

Em nota enviada à comunicação social, o ministério da tutela garante que “o Governo está empenhado em manter a pesca de sardinha em níveis que permitam a recuperação do recurso” e que, para isso, “é necessário prosseguir e reforçar uma gestão sustentável e responsável”. Para o ministério do Mar, “a sardinha é um recurso de interesse estratégico para a pesca nacional, cuja sustentabilidade ambiental, económica e social importa garantir, atento o impacto deste recurso nas comunidades piscatórias, na indústria conserveira e comércio de pescado, nas exportações do sector, na gastronomia e no turismo”.

A arte de pescar sardinha
A arte de pescar sardinha

Na mesma nota pode ler-se ainda que o Ministério do Mar reconhece que “o ‘stock’ da sardinha apresenta flutuações, em parte devidas a factores ambientais externos à pesca”, razão pela qual considera “indispensável” o aumento da investigação e conhecimento.

Nesse âmbito, o Executivo apostou na realização de três campanhas de investigação por ano, acrescenta.A tutela observa também que “o aconselhamento do ICES hoje conhecido demonstra que as medidas de redução do esforço da pesca, assumidas pelo setor, permitiram estancar a quebra no estado do recurso após uma redução de 80% do recrutamento da sardinha entre 2004 e 2014”.

Aludindo aos mesmos dados, indica ainda, entre 2016 e 2017, a biomassa de sardinha aumentou ligeiramente, passando para um limite de descargas na ordem das 17 mil toneladas em Portugal e Espanha.

“No entanto, o estado geral do recurso não permite aligeirar as medidas de gestão nem manter o atual nível de capturas”, sustenta o Governo.

Por isso, e com vista a uma “gestão sustentável do recurso da sardinha”, o Governo indica que vai realizar “reuniões de trabalho com Espanha e seguidamente com a Comissão Europeia”, estando já agendado um primeiro encontro, para concertar “novas medidas de gestão a adotar” relativamente às implicações socioeconómicas da pesca de sardinha.

Outra das apostas passa por implementar um “plano de cogestão da pesca de sardinha que, com o ajustamento das possibilidades de pesca à situação do recurso, permita garantir a atividade e o rendimento dos pescadores e prosseguir a recuperação do recurso”.

Além disso, a tutela pretende apoiar o crescimento do ‘stock’, o que passa pelo reforço da investigação com um novo projeto centrado nas variáveis ambientais, pelo repovoamento (desenvolvido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera), pela delimitação de áreas onde não é possível pescar, pelo aumento do período de defeso da sardinha e ainda pela fixação de limites de capturas diários e mensais, adianta o comunicado.


Comentários
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  • Ulisses
    20 out, 2017 Almada 18:39
    Como se explica que apareça nod hipermercados sardinha ainda em crescimento (petinga), a venda? Se existe necessidade de reduzir a captura, isto nao faz sentido. Alguém deveria perguntar aos entendidos como é possível. Se calhar este assunto está na mesma linha dos fogos, os Drs. Da protecção civil e outros comentadores expeditos, preferem meter accabeça na areia e dizer que o problema é do clima /temperaturas e nao dos incendiários que nao têm a pena devida e medidas rrestritivas à utilização dos espaços ardidos e suas materias. Na sardinha é mais um exemplo de como nao se comeca pelo principio, ou será que existe outros interesses?
  • estarem no sítio
    20 out, 2017 País 15:00
    Deve ser o mesmo organismo que em tempos quis fazer das águas portuguesas uma especie de reserva com pesca interdita durante 2 anos, e depois abriu tudo ao mesmo tempo, para uma chusma de pescadores Espanhóis, franceses e marroquinos, destruir em semanas o que se andou a tentar fazer em 2 anos, com grande prejuízo dos pescadores portugueses e do País. Relatórios destes só servem para forrar o caixote do lixo. E se tentarem impor alguma coisa, é mandá-los passear.

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