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O último tanoeiro da Serra da Estrela. "Já não há procura pelos pipos novos, é tudo em inox"

27 set, 2017 - 11:37 • Liliana Carona

Em Vila Franca da Serra, Gouveia, Rogério Silva resiste. Já não há muito trabalho, mas, em época de vindimas, sempre aparece algum.

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É o último tanoeiro da Serra da Estrela. Rogério Silva sabe que a sua profissão está em vias de extinção, mas, por esta altura do ano, tem muita procura. Em época de vindimas, a azáfama é grande. Todos querem concertar e apertar os pipos para receber o vinho.

Em Vila Franca da Serra, concelho de Gouveia, Rogério é chamado para mais um serviço. “É preciso muita força, mas cada vez há menos tanoeiros. Vão faltando, a juventude não quer trabalho”, lamenta.

Foi ainda na juventude, que Rogério Silva, natural de Ovar, mas a viver em Gouveia, começou a trabalhar na área. “Comecei a aprender esta arte aos 15 anos, sou tanoeiro profissional. Há para aí muitos a apertar arcos, mas não a mesma eficácia que eu”, garante.

Hoje, aos 71 anos, o tanoeiro da Serra da Estrela é chamado, sobretudo, para pequenos consertos. “Estou a colocar os arcos nas pipas e a dar um aperto para ficar vedado e não verter vinho. Já não há procura pelos pipos novos, é tudo em inox. Agora, só artesanato, os pipinhos pequenitos que faço”, sorri.

Os utensílios de trabalho são tão raros como a profissão que escolheu. “Trouxe um sacho, uma marreta, uma bigorna, o cepo, os ponteiros e os arrebites. Desconfio que, quando deixar de trabalhar, não vai haver mais ninguém aqui na região da Serra da Estrela”, antevê.

Em Vila Franca da Serra, José Vilão, 73 anos, recorre sempre ao tanoeiro por altura das vindimas. “A gente não sabe, tem que recorrer a quem sabe. Faz muita falta,para fazer o trabalho na madeira, que é o melhor para o vinho”, diz o produtor.

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