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Fátima. Três momentos, um ponto em comum: a família

20 set, 2017 - 20:56 • Pedro Filipe Silva

Fragilidades, conciliação com o trabalho e a alegria de viver em família foram três dos temas em reflexão no segundo dia do Encontro da Pastoral Social.

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A fragilidade das famílias foi um dos temas que mereceu atenção no segundo do Encontro da Pastoral Social, que decorre em Fátima. Para Maria do Rosário Carneiro há um factor comum que afecta todas as famílias e que as torna mais frágeis. “Há um factor que é comum, que afeta todas as famílias e que as coloca numa situação de fragilidade. Tem a ver com a relação humana. Cuidar da relação das pessoas, para ter famílias mais fortes, mais robustas. Cuidar da formação de cada um para que seja mais capaz de se relacionar com o outro. Nesta fragilidade que nos afeta a todos que são os novos modelos comportamentais, uma centralidade muito grande em cada um, na sua individualidade. Nós perdemos a capacidade de relação que é a família e de compreender o outro com quem nos comprometemos a viver, a construir, a respeitar e a desenvolver”, refere a vice-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.

Maria do Rosário Carneiro fala ainda da falta de apoio a outras fragilidades das famílias. “É difícil encontrar na sociedade apoios para os problemas que as famílias enfrentam, como relação. Por exemplo, falta de apoio a uma família que tem uma criança deficiente. Não basta que tenha acesso a uma escola com educação especial, um subsídio de compensação pela deficiência da criança. Esta família necessita de acompanhamento quer dos comportamentos que deve ter, quer na superação do desafio que é ter uma criança com uma criança com uma deficiência com a qual se tem que lidar e com a qual tem que ser competente para que esta criança atinja a plenitude do seu desenvolvimento.”

Sobre a conciliação entre a família e trabalho, um outro testemunho. Cristina Archer, casada, com 2 filhos, ocupa um cargo de direção na empresa IBM. Sublinha a forma como deve ser esta relação. “Cada pessoa tem de fazer as suas escolhas. Por vezes pode haver momentos que o trabalho e a carreira seja a prioridade. Outras vezes haverá em que a pessoa precisa de dedicar mais atenção e mais tempo à família, às crianças, aos idosos. Acho que é um equilíbrio que é possível e desejável. As empresas deviam lutar por isso, as empresas reconhecem que se a pessoa tiver uma vida equilibrada e for feliz na família, será com certeza mais feliz e mais produtiva no trabalho. É uma relação win-win”.

Oito filhos e uma família no caminho de Deus

Porque o Encontro da Pastoral Social se centra no tema da família houve espaço para os protagonistas.

Maria e João Cortez de Lobão, casados há 29 anos, têm oito filhos. O mais velho, com 27 anos, o mais novo com cinco. Maria Cortez de Lobão fala na necessidade de caminhar em conjunto. “No nosso tempo, às vezes, parece que se cada um estiver por si está melhor. Mas o Papa Francisco explica isso muito bem. Não nos salvamos sozinhos, não somos santos sozinhos, fazemos parte de um povo que caminha e nessa caminhada que conseguimos a nossa felicidade, com a meta segura no céu.”

João Cortez de Lobão acrescenta à conversa. “Trazer Deus para dentro da nossa casa, tudo passa mais facilmente. Sabemos para onde vamos, sabemos o que queremos, ser santos. Tudo é feito a pensar nessa caminhada de peregrinação para a vida eterna.”

Para Maria ter oito filhos não é uma questão de coragem, é antes de confiança. “Esse é o grande fio condutor da forma como vivemos a nossa fé. É a confiança de que Deus sabe o que é melhor para nós.”

O filho mais velho já casou há um mês e a segunda filha está prestes a casar. Maria não vê estes casamentos como uma perda, mas sim uma conquista de mais dois filhos. “É uma grande alegria ver que eles estão preocupados e estão a viver o seu casamento com uma vocação, para alcançar a santidade”, sublinha Maria Cortez de Lobão.

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