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“Temos muito a aprender em Portugal a partir do desafio do Papa Francisco"

19 set, 2017 - 06:38 • Ângela Roque

Exortação Apostólica sobre a Família inspira XXXI Encontro Nacional da Pastoral Social, que decorre a partir desta terça-feira. Responsável da organização diz à Renascença que a iniciativa irá relembrar D. António Francisco dos Santos, recentemente falecido e que ajudou a preparar o encontro.

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“Família e transformação social – uma perspectiva a partir da Exortação Apostólica ‘Amoris Laetitia’” é o tema do XXXI Encontro Nacional da Pastoral Social. Afinal, “a família é aquela unidade comum a todos, crentes e não crentes, que pode mudar tudo”, diz à Renascença o padre José Manuel Pereira de Almeida.

Para o secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, que organiza a iniciativa, só se pode responder aos desafios do actual Papa “se se conhecer o seu pensamento”, que deve ser entendido “como um todo, e não às peças”.

Além disso, diz, “não pode ter sido por acaso que o Papa, que se preocupa com a Igreja em saída, fez dois Sínodos sobre a Família, e também nos fala da ecologia e do cuidado com a Casa Comum. Isto há-de estar ligado”.

A escolha do tema para os trabalhos deste ano também mostra a vontade da Igreja em repensar a forma como se dedica à família. Porque, apesar de a Pastoral da Família ser “transversal a todas as pastorais”, ainda há muito caminho a fazer, lembra o padre José Manuel.

“Já não estamos no tempo em que se separavam os homens para umas coisas, as mulheres para outras, e os jovens para outras ainda”, mas as paróquias “muitas vezes ainda são vistas como somatório de pessoas e não como ‘família de famílias’. Acho que ainda temos muitas coisas a aprender e a partilhar entre nós em Portugal, a partir do desafio do Papa Francisco”.

Para este responsável, é importante valorizar o testemunho de “famílias felizes”, dado por tantos cristãos. Não esconder que há problemas, mas sobretudo mostrar que “a felicidade não é inatingível. É possível, está nas nossas mãos, e as bem aventuranças não são um quadro longínquo, são um programa de vida”.

E sendo a família muitas vezes esquecida em termos de políticas governamentais, pode a Igreja ter um papel mais interventivo? “Pode e deve”, diz o padre José Manuel Pereira de Almeida, lembrando as queixas que muitas vezes ouve.

“Não é termos cristãos na política e depois não os acompanharmos devidamente. A Igreja incentiva muito esse empenho concreto na política, mas quando há cristãos em cargos governamentais ou no Parlamento nós, enquanto comunidade cristã, disfarçamos ou assobiamos para o lado, quase que os abandonamos, e isso em termos de pastoral social não pode ser”.

Um programa para três dias

A abertura do XXXI Encontro Nacional da Pastoral Social será feita esta terça-feira, dia 19, por Guilherme d’Oliveira Martins, da Fundação Gulbenkian. O encerramento, no dia 21, estará a cargo do bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, que integra a Comissão Episcopal do Laicado e Família.

“São duas conferências que, no fundo, farão a moldura da reflexão que queremos fazer”, explica o padre José Manuel. Ainda no primeiro dia, Juan Ambrósio, da Universidade Católica, vai falar sobre “A proposta Global do Papa Francisco” e haverá uma apresentação do trabalho que tem sido desenvolvido pela pastoral social da diocese de Angra.

No segundo dia vão decorrer vários painéis de reflexão: ‘As Famílias mais Frágeis – sobre as prioridades’, ‘Família e Trabalho – sobre as opções’, ‘Educação, Liberdade e Sonho – sobre a felicidade’ e ‘Família, Ócio e Negócio – sobre o lazer ’. Será também relembrada a Nota Pastoral “Princípios e Orientações da Acção Social e Caritativa da Igreja”, publicada há 12 anos pela Conferência Episcopal Portuguesa.

Na manhã de quinta-feira, último dia de trabalhos, haverá uma conferência sobre “O futuro da Família e o Cuidado da Casa Comum”.

Em memória de D. António

A morte recente de D. António Francisco dos Santos não será esquecida neste XXXI Encontro da Pastoral Social. Seria o primeiro em que iria participar como presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e ajudou-o a preparar.

“A última vez que trabalhámos juntos foi há dias e foi aqui” (novas instalações da CEP, na Buraca), lembra o padre José Manuel, para quem esta foi uma morte “inesperada, uma situação dura e difícil”.

“Era um homem extraordinário, de proximidade, atenção e inteligência. É uma perda inestimável”, diz. “Ele disse que nos ia acompanhar o tempo todo, e estou convicto que nos vai acompanhar, não da maneira que pensávamos, nem ele, mas não mudámos nada no programa”.

D. Joaquim Mendes, que é o novo presidente da Comissão do Laicado e Família, acompanhará os trabalhos nos três dias, e está também confirmada a presença de D. José Traquina, vogal da Comissão da Pastoral Social.

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