18 set, 2017 - 10:45 • Paula Caeiro Varela
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Foi um Verão quase sem pausas para o líder do PSD na corrida para umas eleições em que quer conquistar câmaras ao PS, mas a verdade é que entre as hostes social-democratas já está tudo a pensar no mesmo: depois das autárquicas, abre-se um novo ciclo de combate interno no partido. Com Rui Rio, se avançar mesmo, com outros eventuais candidatos, se os houver, mas - seguramente - com Pedro Passos Coelho nessa corrida.
E, se antes da pausa estival, Passos já tinha andado a fazer quilómetros para marcar presença em várias apresentações de candidatos, a 1 de Setembro o actual presidente do partido arrancou para uma volta mais intensa por todo o país. Nestas duas semanas de campanha oficial, o ritmo vai apertar ainda mais.
É tal qual uma campanha para eleições legislativas, com três ou quatro presenças por dia na agenda. A direcção do PSD garante que é feita em função das estruturas locais e não uma campanha organizada a partir da sede nacional do partido, mas a verdade é que há uma agenda paralela, não divulgada à comunicação social. Ou seja, Passos vai a outros locais, mas sem microfones e sem câmaras porque também é preciso acarinhar todas as concelhias.
Afinal, são as essas estruturas internas que contam nas eleições directas, lá para o início de 2018, e o líder actual já disse que avança outra vez. Aliás, na passada sexta-feira, numa acção de campanha, em Mafra, voltou a repetir para os que ainda têm dúvidas: quer ser primeiro-ministro outra vez em 2019. E o PSD, quererá também? Essa é a pergunta que mais vezes tem sido feita, debatida, analisada. Miguel Relvas, que foi número dois de Passos durante anos, respondeu este fim-de-semana ao “Expresso”: "Passos ganhou o direito a ser candidato a primeiro-ministro no dia em que ganhou as últimas eleições."
Relvas não acredita que Rui Rio avance desta vez, mas a verdade é que o ex-presidente da Câmara do Porto continua a movimentar-se, garantem à Renascença fontes do PSD. Rio não tem estado parado estes meses, marcando presença em eventos partidários, muitos deles sem serem noticiados. Faz um caminho. Talvez desta vez seja de vez.
Lisboa, Porto e o resto do país
Sim, as duas principais cidades são derrotas anunciadas para o PSD e, sim, essas duas vão contar para a análise dos resultados eleitorais quando chegar a noite de 1 de Outubro. Mesmo com o clássico Sporting-Porto marcado para esse dia, não será o futebol a impedir o escrutínio a Passos: os resultados em Lisboa e no Porto vão ser-lhe endossados com todos os encargos das derrotas pessoais.
O Porto – ao que tudo indica – continuará a sobrar para Rui Moreira, não para o PS, mas em Lisboa a direcção nacional do PSD acredita, ao que a Renascença apurou, que os resultados não vão envergonhar Passos. O sonho do CDS de ver Assunção Cristas ter um resultado melhor do que Teresa Leal Coelho (escolha pessoal do presidente do PSD) não passará disso mesmo, de um sonho, acreditam fontes social-democratas, que não revelam os números das sondagens internas.
A noite eleitoral pode trazer surpresas, dizem os apoiantes e até os críticos de Passos Coelho, sobretudo a Norte, onde há confiança em manter Braga (sacada a ferros por Ricardo Rio há quatro anos) e de ampliar vitórias em distritos como Aveiro.
Uma fonte dá como exemplo Guimarães, que pode ser conquistada ao PS; outra aposta na hipótese de uma derrota socialista em Coimbra, onde o candidato do PS, Manuel Machado, é também o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Tudo somado, portanto, e tendo em conta a derrota estrondosa de 2013, dificilmente o PSD pode fazer tão má figura. E se ganhar mais câmaras do que o PS, a margem para críticas diminui.
Ainda assim, a expectativa no partido é de que os ataques ao líder comecem logo a seguir, talvez ainda na noite das eleições, talvez no dia seguinte. O líder sabe disso, tal como sabe que a partir daí começa uma nova batalha. Na direcção nacional garantem: estão preparados.