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​Portugal é campeão do abandono escolar antes do fim do secundário

12 set, 2017 - 10:46

Relatório da OCDE conclui também que ensino profissional está a ser eficaz para contrariar esta tendência.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) conclui que Portugal é o país com maior taxa de abandono escolar antes do fim do secundário.

"De todos os países com dados disponíveis, Portugal tem a maior percentagem de alunos que abandonam o sistema de ensino sem concluírem o 12.º ano em cinco anos: 35%, que comparam com uma média de 21% na OCDE”, lê-se no relatório “Education at a Glance 2017”.

O mesmo relatório indica que metade dos alunos do ensino secundário reprova pelo menos um ano ao longo deste nível de ensino, mas que o ensino profissional tem-se mostrado eficaz no combate ao fenómeno.

A OCDE diz ainda que a conclusão do ensino secundário em Portugal "permanece um desafio significativo", onde metade dos alunos não consegue concluir este nível de ensino dentro do período da sua duração: três anos.

A média nos países da OCDE que disponibilizam informação sobre este tema é de 68% de conclusão.

A taxa de conclusão em Portugal sobe para os 61% se se considerar um período de cinco anos, ou seja, duas retenções, ainda assim significativamente abaixo da média da OCDE de 75% para um período igual.

O relatório da OCDE destaca a aposta de Portugal no ensino profissional, que em 2015 abarcava 45% dos alunos do ensino secundário, como forma de aumentar o número de graduados no ensino secundário ao mesmo tempo que promove uma ligação mais direta ao mercado de trabalho.

"Ao contrário de muitos países com dados disponíveis, o ensino profissional em Portugal é mais bem-sucedido em manter [na escola] até à graduação do que o ensino científico-humanístico. Enquanto apenas 59% dos alunos no ensino científico-humanístico concluem o ensino secundário em cinco anos, a taxa é de 64% no ensino profissional", refere o relatório.

A taxa de não conclusão do ensino secundário na faixa etária entre os 25 e os 34 anos é de 31%, "quase o dobro da média da OCDE e uma das mais altas entre os países da OCDE".

Na faixa etária entre os 25 e os 64 anos a taxa passa a 53%, o que representa para a OCDE "uma melhoria significativa" para as gerações mais jovens.

"Se os actuais padrões se mantiverem, quase 90% da população mais jovem em Portugal deverá concluir o ensino secundário ao longo da vida", lê-se no documento.

Em Portugal ainda há 30% de população adulta que tem apenas o ensino primário.

O relatório aponta ainda o crescimento da frequência no ensino pré-escolar na última década, que a partir dos três anos está já em percentagens acima da média da OCDE, o que leva a organização a considerar que Portugal está a dar "passos na direcção certa rumo ao objetivo de universalizar até 2020 a educação pré-escolar para as crianças entre os três e os cinco anos".

A OCDE refere que ainda que o investimento público neste nível de ensino seja igual à média dos países da organização -- 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) -- é preciso ter em conta que a educação pré-escolar em Portugal abarca três anos, enquanto outros países têm programas de apenas um ano.

A despesa anual por aluno no pré-escolar é de cerca de 5.270 euros, abaixo da média da OCDE de 7.278 euros.

Comentários
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  • Filipe
    12 set, 2017 évora 22:18
    Não percebo como o Estado sucessivamente não repara para o porquê do abandono , pois é mais que evidente e está sempre à vista . Eu explico ; Quando se chega ao 12º ano tens duas hipóteses ou tens dinheiro no bolso e continuas os estudos nas universidades e isto incentiva a completar o 12 º ano qualquer jovem abastado onde constantemente a família lhe diz : " acaba o 12º ano para ires para universidade ser Doutor " , fez-me lembrar aquele filme a preto branco ... ou , " é pá já filho (a) tempos tanta falta de coisas em casa não conseguimos pagar-te uma universidade , vê se arranjas emprego no fim do 12 º ano . Pois ! Aqui está o problema dos jovens de média de 10 valores ... São auto - excluídos do sistema , pois eles sabem que não podem continuar os estudos com os colegas e também sabem hoje em dia que o 12º ano não dá emprego ou se o dá quanto mais trazem uns trocos para casa , isto desmotiva muito e o Estado não ajuda estes jovens , pois nem são muito pobres e com altas médias para poderem ter bolsa de estudo e nem ricos . Eles abandonam porque a insegurança monetária lhes bateu à porta ! Façam assim , esses números de abandono escolar ou percentagens , consigam dizer de tantos quantos tem posse monetária e desistiram porque foram fazer Surf na praia ... Digam !
  • 12 set, 2017 15:11
    os comunistas deviam ser os primeiros a dar o exemplo!
  • 12 set, 2017 15:08
    as autarquias locais nao tem que andar a custear passes para alunos que nao sao carenciados! para encher a pança aos professores! Quando existem crianças mais necessitadas!
  • rosinda
    12 set, 2017 palmela 13:07
    Se portugal e campeao em salario minimo em relacao a outros paises da europa! E evidente que so podemos ser campeoes em abandono escolar uma vez que tudo o que os jovens precisam nao cai do ceu aos trambolhoes!
  • rosinda
    12 set, 2017 palmela 12:56
    Quando chega a uma altura que os pais nao podem mais custear as despesas dos filhos! O estado comeca a criar potenciais ladroes porque os jovens querem dinheiro!

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