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​Monjas de Belém. A obra que cresce no silêncio da natureza

14 jul, 2017 - 11:44 • Rosário Silva

Segunda fase das obras do Mosteiro, no Couço, avançam com a criação de um pólo de acolhimento para visitantes. Está em curso a campanha “Portugal a Rezar”.

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De Mora a Vale Côvo (Couço-Coruche) são 17 quilómetros. Mário Tavares de Oliveira, pároco de Mora (ainda no distrito de Évora), é um dos sacerdotes que, com regularidade, celebra Eucaristia no Mosteiro das Monjas de Belém, da Assunção da Virgem e de São Bruno. Ao lugar, oferecido por uma família benemérita, chegaram as monjas há quatro anos.

“Para lá chegar, há que calcorrear alguns quilómetros de terra batida e já nessa altura, as próprias directivas do território só permitiam que a implantação fosse naquele preciso lugar”, relata o padre Mário.

Um lugar, desde a primeira hora, bem acolhido pelas irmãs até porque, acentua o sacerdote, “Deus também fala nos respeito pelos sobreiros e pelas áreas de protecção que é preciso preservar”.

Quatro anos depois da chegada à arquidiocese de Évora, a família monástica escreve uma nova página na sua história com o avanço das obras para dotar o mosteiro de um pólo de acolhimento.

“Uma das maiores necessidades do actual mosteiro é poder acolher dignamente os muitos visitantes que ali vão participar na Eucaristia e todos aqueles que gostariam de fazer uma experiência de retiro”, conta-nos o também assistente espiritual da congregação religiosa.

“As pessoas querem levar uma lembrança fruto do trabalho das irmãs, um ícone, um rosário ou uma compota de frutas”, revela, acrescentando que há muitas outras que vão “pedir orações por acreditarem que Deus não fica indiferente a esta simplicidade tão confiante”.

“Os milagres acontecem” diz-nos Mário Tavares de Oliveira e, por isso, “tudo se vai construindo com a generosidade dos muitos que ali deixam os seus donativos sabendo que a força das coisas simples é infinita e anuncia o eterno”.

Assim, em breve, vai ser mais fácil ser acolhido no mosteiro uma vez que os visitantes, em grupo, em família ou individualmente, vão passar a ter condições para pernoitar no local, tomar refeições, participar em actividades formativas ou passar uns dias de retiro ao ritmo da vida das irmãs.

Para que se concretize este grande objectivo já está em curso o projecto “Portugal a Rezar”.

“As irmãs contam com a nossa generosidade e é preciso dizer que estas mulheres não fugiram do mundo. Elas atraem o mundo e, sem se darem conta, vão transformando a agitação e a angústia em paz infinita”, garante o pároco de Mora.

Campanha para pôr “Portugal a Rezar”

No ano do centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, os Amigos do Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário do Couço, lançaram uma campanha e oração pela paz e pela reconciliação que denominaram de “Portugal a Rezar”.

“O nosso primeiro objectivo é o de ajudar e envolver as comunidades numa corrente de oração pela paz no mundo”, refere à Renascença uma das responsáveis pela iniciativa.

Maria do Castelo explica que o projecto é de cariz comunitário, uma vez que as “irmãs ensinaram os Amigos do Mosteiro a fazer Dezenas e nós, agora, ensinamos as pessoas”.

Essas Dezenas são, posteriormente, colocadas em pequenos sacos juntamente com uma pagela adequada a cada Mistério do Terço.

“São 20 pagelas diferentes, feitas pelas irmãs, e que aludem ao Mistério correspondente”, sublinha Maria do Castelo, e que “no verso mostram um excerto do Evangelho e uma palavra da Mensagem de Fátima”.

A campanha “Portugal a Rezar” estende-se já a todo o país. “As Dezenas têm um preço simbólico de 1,5 euros e podem ser adquiridas na Capela dos Ossos, em Évora, nas paróquias de Coruche, nas lojas Artes do Mosteiro em Fátima e Lisboa ou então contactando os Amigos do Mosteiro através do endereço portugalarezar@gmail.com", informa a responsável.

Todo o dinheiro adquirido através da campanha reverte para a construção do Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário onde vivem as monjas.

“Está apenas feita a primeira fase do Mosteiro que tem os ermitérios, uma capela pequena e os alojamentos provisórios das irmãs”, acrescenta a representante do grupo de Amigos do Mosteiro.

Maria do Castelo declara que “é necessário avançar para a segunda fase do mosteiro”, nomeadamente a construção um pólo de acolhimento para receber os visitantes que vão até ao local com vontade de prolongar a sua estadia.

“É preciso que as irmãs tenham condições para poder estar na nossa comunidade e que as pessoas possam ser bem recebidas, daí a importância desta campanha que vai ajudar a concretizar esse objectivo”, finaliza Maria do Castelo.

De França para Portugal

A Família Monástica de Belém, da Assunção da Virgem e de São Bruno nasceu nos Alpes Franceses, no dia 1 de Novembro de 1950. Chegou a Portugal em 2001, altura em que começou, em casas provisórias, na Quinta de Calhariz, na diocese de Setúbal.

Em 2007 as monjas receberam a oferta de um terreno para construir um Mosteiro na diocese de Évora, reunindo todas as condições para viverem a vocação a que são chamadas: uma vocação contemplativa segundo a sabedoria de vida de São Bruno.

No dia 24 de Junho de 2013, D. José Alves, arcebispo de Évora, abençoou as primeiras construções do novo mosteiro. Desde esse dia algumas monjas habitam nesse lugar dedicado à oração onde o silêncio se funde numa paisagem que liga o Alentejo ao Ribatejo.

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  • Fernando Saraiva
    14 jul, 2017 Porto 12:55
    Acho que não é pondo Portugal a rezar, pela forma como se apresenta, que se resolvem os problemas de cristandade. O cristão necessita de conhecer o evangelho e os mandamentos e pô-los em prática (ver Exodo capitulo 20 ou Mateus 19:18-19). Acho que a existência de "heresias" parecem dar a entender um endeusamento não de Deus Pai, não de NOSSO SENHOR mas este ser substituído por um ídolo de porcelana de nome "Maria". Ora quem já partiu pode ouvir orações? Mas Deus vive para sempre. E o Filho, à direita do Pai, é nosso intercessor. Faremos bem se "toda a glória" não for dada ao Criador? Não de Maria, José ou João mas apenas a glorificação do SENHOR pode-nos trazer verdadeira comunhão com ele em Cristo. Em vez de mosteiros e rezas, precisamos de escolas da Palavra, conhecimento (ensinar os mandamentos, conhecer os mandamentos) e obras de boa conduta (pôr em prática os mandamentos, a escritura de Deus em nossas vidas, a justiça). Se não se põem em prática os mandamentos e a palavra que saiu da boca de Deus, se não se faz a "vontade de Deus" que adianta querer ter aparência de bom religioso, de bom "cristão", de bom judeu? Uns dizem "sou católico" outros dizem "sou judeu". Mas que adianta dizer isso se não se faz a vontade de Deus em Cristo Jesus? A Escritura diz: "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável." (Provérbios 28:9) "E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos." (Mateus 6:7)

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