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Hóstias sem glúten? As regras não mudaram

10 jul, 2017 - 18:15

Uma carta enviada aos bispos católicos no fim-de-semana está a gerar alguma polémica nas redes sociais, mas nada mudou. As pessoas com intolerância têm alternativas à disposição.

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O Vaticano enviou este fim-de-semana uma carta a todos os bispos católicos do mundo para clarificar que elementos é que podem ou não podem ser usados no pão e no vinho que são consagrados durante a missa.

Entre outras coisas, a carta explica que não é permitido fabricar hóstias sem glúten, o que motivou uma série de artigos e de críticas nas redes sociais a indicar que o Vaticano tinha acabado de proibir as hóstias sem glúten, com prejuízo para católicos que sofram de intolerância a esta proteína, como os celíacos.

Contudo, a verdade é que absolutamente nada mudou a este respeito. Há anos que a Igreja proíbe a utilização de farinha sem glúten para fabricar hóstias e há anos que existem hóstias especiais que são chamadas “sem glúten”, mas que na verdade têm uma concentração de glúten tão baixa que não afecta a saúde de quem sofre de intolerância.

Há dois locais no mundo que têm licença especial do Vaticano para fabricar estas hóstias. Uma é na Argentina e foi inaugurada por iniciativa do agora Papa Francisco, a outra é em Portugal, o Instituto Monsenhor Airosa, nomeadamente no Minho.

“As que fazemos têm menos de dez partes por milhão. O glúten está numa quantidade tão diminuta que não prejudica a saúde dos celíacos, por um lado, por outro não retira integralmente as componentes do trigo”, explicava, já em Novembro de 2015, o director do instituto, Luís Gonzaga Dinis.

As paróquias onde existem casos de pessoas com doença celíaca podem usar estas hóstias sem qualquer problema, ou para toda a comunidade ou apenas para quem sofre desta condição. Há casos de celíacos que compram directamente as hóstias e depois pedem aos padres das missas a que vão para as consagrar durante a missa, mas num recipiente diferente, para poderem comungar. Outras pessoas nestas condições pedem, antes, para comungar sob a espécie de vinho em vez do pão, o que é também permitido.

A matéria usada para fabricar o pão e o vinho usados na eucaristia são alvo de debate há séculos e a Igreja tem mantido que é necessário que o pão usado seja de trigo e que o vinho seja feito a partir de sumo de uva, sem quaisquer misturas.

Há também casos de sacerdotes que não podem ou não devem consumir álcool – por terem um historial de alcoolismo, por exemplo – a quem é permitido celebrar a missa com uma solução que se chama mosto, que é sumo de uva fermentado apenas até ao ponto de se poder considerar vinho mas que tem uma quantidade de álcool de tal forma diminuta que não é intoxicante.

Historicamente ficou famosa uma discussão teológica sobre os “ritos chineses”, envolvendo os missionários jesuítas na China, onde era muito difícil obter farinha de trigo e vinho de uva. Alguns missionários começaram a celebrar a eucaristia com pão e vinho de arroz, mas Roma acabou por proibir a prática e essa tem sido a posição consistente desde então.

Uma vez, porém, que casos como os de celíacos e de padres que precisam de se limitar ao consumo de mosto são raros, acontece que quando surgem pode haver paróquias que não conhecem as regras e as excepções permitidas, podendo por isso procurar solucionar as situações recorrendo a soluções que não são permitidas, como o uso de farinha de outro tipo que não trigo, ou de facto sem glúten, ou usar sumo de uva não fermentado em vez de vinho ou mosto, por exemplo.

É nesse contexto que se deve entender a carta do Vaticano, que serve essencialmente para recordar as regras já existentes.

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  • Nuno mira
    12 jul, 2017 Lisboa 13:15
    Discordo com a necessidade de gluten nas ostias. Isso será uma exigencia sem fundamento. Ja experimentei essas ostias e estive 2 dias de diarreia alem de dores abdominais. Irei propor alteraçao da posiçao do Vaticano em caso especiais tendo em vista que a igreja deve atender aos que sofrem nao impor ppm minimos de gluten que carecem de confirmaçao laboratorial regular.

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