07 jul, 2017 - 11:29 • Rui Barros , com Reuters
A polícia de Hamburgo, na Alemanha, decidiu, na sequência dos violentos protestos ocorridos na cidade no âmbito da cimeira do G20, convocar mais forças policiais para lidar com os protestos.
De acordo com um memorando interno da polícia de Hamburgo divulgado na edição "online" da revista “Der Spiegel”, as forças policiais terão pedido reforços vindos de toda a Alemanha para lidar com os protestos que causam o caos desde quinta-feira.
“Pedimos que nos enviem as forças policiais que estejam livres em todo o país”, disse fonte policial à “Der Spiegel”, que confirmou que cerca de 15 mil polícias já se encontram em Hamburgo para manter a segurança da cimeira.
Na mensagem interna que o "Der Spiegel" divulga, a polícia alemã chama “todas as forças policiais” para evitar situações de risco para pessoas e bens.
Até à manhã de sexta-feira a polícia já deteve 29 manifestantes. Mais de cem polícias terão ficado feridos nos confrontos com os manifestantes. A polícia adianta, no entanto, que os desacatos estão a ser provocados por um pequeno grupo de elementos de extrema-esquerda e anarquistas, sendo que uma grande maioria dos protestantes tem optado por métodos não violentos de protesto.
Já durante a manhã desta sexta-feira uma utilizadora da rede social Twitter mostrava diversos carros a arder nas ruas de Hamburgo.
Para além de carros incendiados e "cocktails molotov" arremessados, a polícia alemã denuncia ataques aos helicópteros que patrulham os céus da cidade no norte da Alemanha.
Segundo informações divulgadas na conta oficial de Twitter da polícia de Hamburgo esta sexta-feira, um grupo de manifestantes terá tentado atingir um dos helicópteros com um foguete. Na quinta-feira, dois pilotos queixaram-se de dores nos olhos depois de alegadamente os manifestantes terem dirigido lasers em direção ao helicóptero em pleno voo.
"Só queremos que nos oiçam"
Noura, uma activista do movimento "Black Bloc" que participa nas manifestações de Hamburgo culpa as forças policiais pelos violentos confrontos que se vivem na cidade.
"A polícia representa um governo que diz que é aberto e tolerante", disse a jovem de 27 anos à Reuters. "Só queremos que nos oiçam e que nos tomem a sério. Como é que eles querem que estes jovens não estejam furiosos quando são ignorados e nos tomam como um conjunto de bandidos violentos?", pergunta Noura.
"A polícia devia ter ignorado os poucos que usavam máscaras e talvez não tivesse acontecido este tipo de violência", disse um residente de Hamburgo à mesma agência, quando na cidade nascem as vozes de revolta contra a decisão de acolher a cimeira, temendo que os prejuízos sejam elevados.
As acções de protesto já levaram o próprio ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, a cancelar uma visita a uma escola da cidade.