04 jul, 2017 - 01:25
“Sem uma sustentação económica não se é livre. Com um desemprego brutal não se é livre. Com 700 mil funcionários públicos, com medo que o colega vá denunciá-lo. Com um SIS que não sei bem o que é que faz. Tudo isto está atamancado. Receio muito, se a economia continuar como está, que dentro de anos tenhamos uma crise muito, muito grave. Há uma sequência que tem o seu ponto de partida na incapacidade política, que gera uma economia débil, que gera desequilíbrios financeiros, que vai gerar problemas sociais. Nós já estamos entre a crise financeira e a social. Não a muito longo prazo – cinco anos – vamos sentir grandes dificuldades.” Entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em Outubro de 2009, dois anos antes do pedido de resgate.
“Sou amigo dele [Pedro Passos Coelho]. Mas os governos são como os melões: depois de abrir é que vamos ver se são de Almeirim ou não. Mas valha o que venha a valer, tem gente com profissão.” Revista Sábado, Junho de 2011.
“A democracia portuguesa não vai resistir a isto. Não é possível que num regime em que a gatunagem funciona predominantemente a democracia sobreviva. E sobretudo num terreno de grande pobreza e com horizontes muito difíceis”. Programa Olhos nos Olhos da TVI24, em Setembro de 2012.
“Eu não me dedico muito a esse problema do Governo disto ou daquilo ou daqueloutro. Eu preocupo-me é com qualquer Governo que vá aumentar muito a despesa pública, porque a despesa pública já não tem condições para ser aumentada. Para aumentar a despesa pública sem outros inconvenientes terá de se aumentar muito os impostos. Ora, os impostos já são excessivos. Qualquer política que aumente significativamente a despesa pública é um erro gravíssimo.” Entrevista ao i, em Outubro de 2015, perante a possibilidade um Governo de esquerda.
“Esta gente entra, diz que fez uma grande política porque tentou estimular a economia pondo dinheiro lá, ficámos encalacrados e nem há economia, nem dinheiro, nem coisa nenhuma. O eleitorado não tem elementos nenhuns para julgar coisa nenhuma e, por conseguinte, é enganado, desde a comunicação social a tudo. A democracia, nisto, não funciona. Portugal é um caso de falência democrática, nisto”. Programa Olhos nos Olhos da TVI24, em Janeiro de 2017.
“Não sou nada zangado! Tenho é a certeza de que se o país mantiver este rumo, a sociedade vai ser muito pior do que alguma vez imaginámos a seguir ao 25 de Abril. Não sou nada agressivo. No primeiro contacto comigo, a primeira reacção é de repulsa. Sou o sujeito mal-encarado e tal. Mas quando passo a um recolhimento e a uma certa intimidade, sou o contrário”. Entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em Outubro de 2009.
“Todos os tempos foram muito proveitosos: ensinar alunos, montar instalações eléctricas em África, trabalhar na metalomecânica. O Governo foi talvez o sítio em que conheci gente mais sofisticada e mais hipócrita. As pessoas raramente dizem o que pensam.” Revista Sábado, Junho de 2011.
Não, não tinha essa ambição. A minha ambição na vida pública era, é, ajudar a perceber e a resolver as coisas de interesse colectivo. E isso justifica a minha desilusão crescente. Estes partidos, com cada vez menos qualidade, com gente cada vez menos qualificada, pegam só no que é mais vistoso, no que rende mais votos, e não vão ao cerne dos problemas nacionais. O país está num afundamento sistemático, os políticos estão muito mal preparados. Alguns nem têm profissão, o que é mau sinal. O distribuir dinheiro é uma forma de ganhar eleições… Anda tudo errado na política portuguesa. Naquele tempo, íamos para estes cargos com inteira liberdade. Eu tinha a minha profissão. De resto, vivia muito pior como ministro do que como advogado. Em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios.
“Você já está a entrar no tal pessoal que eu abomino… Qual é a primeira coisa numa mulher que me atrai? Inteligência. (Numa mulher ou num homem). Não é possível viver ao lado de uma mulher que não tenha fulgor. Ou interesse. Ou oscilação de ideias, e capacidade de discutir e debater. A gente às vezes janta com uma senhora e está ansioso por que venha a conta, para ir embora. Uma mulher que faça acelerar o desejo da conta do jantar, não serve. Entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em Outubro de 2009.
“Gostaria imenso de ter sido guarda-freios da Carris. Tinha uma tia-avó que me servia de carro eléctrico, ia a embalá-la e a conduzi-la”. Em entrevista à revista Sábado, em Junho de 2011.