16 jun, 2017 - 17:58
Luís Bernardo, director de comunicação do Benfica, garante que o clube encarnado está "completamente tranquilo", mas contra-ataca com a abertura do processo Apito Dourado.
O Benfica pronunciou-se, esta sexta-feira, sobre as denúncias feitas pelo FC Porto, relativamente a alegada corrupção do Benfica. Em entrevista à BTV, Luís Bernardo apontou o caso dos e-mails como "mais uma tentativa de desestabilização do Benfica" por via de "pirataria informática".
"O Benfica está forte, unido e coeso. Vem de uma sequência de anos com vitórias sucessivas. Estamos com grande estabilidade", garantiu. "Todas as entradas e saídas do Benfica foram pensadas e preparadas com tempo".
"Ao contrário dos nossos adversários, que vivem numa crise e instabilidade muito grande. O FC Porto está numa situação financeira de descalabro, a que se junta a particularidade de termos assistido às acusações de que a culpa do insucesso foi do anterior treinador", observou. "O Sporting também vive num momento difícil, com indefinição no momento estratégico".
Luís Bernardo revelou que o clube encarnado está "extremamente tranquilo" e disponível para trabalhar com a Justiça. "O Benfica desde já manifesta total abertura para facilitar o acesso a toda a informação requerida", afirmou. "Em relação a este assunto, o que queremos é que a verdade seja ao de cima".
Sobre a veracidade dos e-mails, Luís Bernardo fugiu à questão. "Os dados que o SL Benfica tem são extremamente graves. Há trabalho aprofundado com perícias tecnológicas. Há dados muito graves. Haverá investigação junto do Ministério Público. Já foi possível identificar de onde poderá ter surgido a pirataria informática", anunciou, apontando o dedo ao FC Porto.
"O FC Porto afirma que tem acesso a informação confidencial do Benfica e, com base nisso, tem vindo a tornar pública essa informação. Se os e-mails existem ou não, competirá ao Ministério Público o esclarecimento", frisou. "Se o FC Porto alega que tem informação confidencial do Benfica, naturalmente terá tido acesso a informação confidencial financeira do Benfica e isso é um crime muito grave".
"Há aqui uma tentativa desesperada de desviar as atenções e condicionar o início de época. Torna-se urgente que a investigação seja feita de forma célere", rematou o director de comunicação do Benfica, antes de frisar que o caso ganha, também, contornos individuais. "Todos os lesados vão interpôr acções por ciber-crime".
Apito Dourado e tráfico de influências
O Benfica já tem forma de retaliação ao caso dos e-mails. "Nos próximos dias, entrarão processos-crime contra Pinto da Costa e contra a SAD do FC Porto", revelou Luís Bernardo. "Na sequência da informação que tem vindo a recolher, o Benfica vai requerer a abertura do processo Apito Dourado".
"Temos recebidos centenas de denúncias de pressões sobre agentes desportivos por parte de responsáveis do FC Porto e nessa sequência vemos uma linha de conduta do passado. Vamos requerer a abertura do Apito Dourado e que seja reanalisado a legalidade das escutas do Apito Dourado", explicou o responsável pela comunicação encarnada.
"Nos próximos dias, serão abertos diversos processos no sentido em que todas essas questões sejam devidamente esclarecidas", reforçou, dando o exemplo de alegadas ameaças de elementos do clube azul e branco a árbitros.
"A ameaça que Pinto da Costa fez ao árbitro Rui Costa num jogo com o Arouca; a ameaça de Luis Gonçalves a Tiago Antunes, que disse que a sua carreira ia ficar comprometida, e curiosamente ele desceu de divisão; as declarações de Fernando Madureira em que afirma, no Facebook, que o FC Porto ia perder com o Moreirense, para o Tondela descer de divisão. Tem de ser investigado. É o mesmo tipo de conduta da era do Apito Dourado e há ligações que se mantêm", sustentou.
Sobre a denúncia anónima que levou à abertura do caso dos e-mails, Luís Bernardo não hesitou em culpabilizar os dragões. "Compreendo perfeitamente que não haja coragem da parte do FC Porto para assumir a denúncia. Se fosse o FC Porto a assumir, teria que dar acesso à informação que tem, o que não interessa ao FC Porto".
"Se o FC Porto informa que tem acesso a informação confidencial, o Benfica revela que há cerca de três, quatro meses teve acesso ao contrato do director de informação do FC Porto", desvelou.
"Francisco J. Marques já tinha contrato de trabalho com o FC Porto quando estava na Agência Lusa. Não sei se o contrato é verdadeiro ou falso, mas será fornecido para investigação. É um contrato de trabalho a termo certo. Na altura em que era editor de desporto da Lusa, já tinha avença com o FC Porto", acusou Luís Bernardo.
O Benfica também não se esqueceu do Sporting. "Foi pública declaração de Bruno de Carvalho, num encontro com jornalistas, onde se gabou de afastar Vítor Pereira da UEFA e de ter escolhido o atual presidente da Liga, Pedro Proença", lembrou.
"Isso sim figura um tráfico de influências e o Benfica vai abrir o devido procedimento para que a situação seja investigada. Nos próximos dias, serão abertos vários processos para que todas essas questões sejam esclarecidas", prometeu.
Contudo, o director de comunicação do Benfica deixou claro que as águias não pretendem contra-atacar pela BTV. "É um alerta. O Benfica tem muita informação e pode utilizá-la, mas não vai fazê-lo na praça pública. O Benfica considera que o futebol português tem de ser preservado", destacou.
Para Luís Bernardo, a diferença de estratégias é clara. "Há quem invista no crime informático, o Benfica aposta na formação. O trabalho que o Benfica tem desenvolvido não merece esta lama. O Benfica está muito tranquilo e no fim exigirá consequências a quem tem prejudicado o seu bom nome", sublinhou.
O director de comunicação realçou que o Benfica vai apoiar-se nos seus advogados, em vez de denúncias públicas. "Agora é altura de a justiça falar", concluiu.