14 jun, 2017 - 11:25 • Cristina Nascimento
Existe há seis anos, mas a Matrícula Electrónica ainda não é uma ferramenta com a qual os encarregados de educação possam contar com 100% de fiabilidade. Lançado em 2009, o sistema pretende facilitar a vida às famílias, permitindo que a inscrição de alunos nas escolas públicas seja feita em casa. Mas, ano após ano, as queixam sucedem-se.
“Péssima”. É assim que Inês Nascimento descreve a sua experiência de tentar utilizar a Matrícula Electrónica. “Estive vários dias a tentar entrar no sistema, testei em vários computadores, sistemas operativos diferentes e o sistema não avançava na parte de fazer a matrícula”, descreve. “Até que desisti”, confessa.
Inês está a preparar a entrada do filho de seis anos no 1.º ano do ensino básico. Quer inscrevê-lo em Odivelas. Este ano, o prazo para matricular os alunos começou no dia 15 de Abril e termina no dia 15 de Junho.
Mais a sul, em Setúbal, Helena Atalaia relata experiência semelhante. A encarregada de educação enviou um email para o Portal das Escolas.
“Gostaria de saber se a matrícula electrónica já está em pleno funcionamento, já que há alguns dias que tento realizar e, após clicar no botão de matricular, após o processo de autenticação do Cartão de Cidadão, o servidor mantém-se em espera sem evoluir para o próximo passo”, escreveu Helena Atalaia a 27 de Abril.
A resposta chegou ao fim do mesmo dia. “Informamos que existe um problema de compatibilidade com a versão actual do Java. Esta nova versão foi disponibilizada em data posterior à da abertura do portal das matrículas, pelo que o problema só foi passível de identificação após esta última data. Estamos a tentar resolver este constrangimento com a maior celeridade possível”, esclareceram os responsáveis do Portal das Escolas.
Mas se a resposta dos serviços ao email foi rápida, o mesmo não se pode dizer sobre a resolução do problema. “A 16 de Maio desisti de esperar e tentar a inscrição via portal e inscrevi a minha filha no 1.º ano na sede de agrupamento”, conta Helena Atalaia.
Os problemas electrónicos têm persistido até esta altura. Na internet não é difícil encontrar relatos de encarregados de educação aflitos com o aproximar do fim do prazo e que, perante as dificuldades informáticas, acabam por tratar do assunto directamente junto dos serviços das escolas.
"Eternamente a rodar"
Foi o que também aconteceu a Mónica Proença, quando tentava matricular no 1º ano do ensino básico a sua filha de seis anos, num agrupamento de São Domingos de Rana, em Cascais.
“Após instalar todos os itens que a aplicação exigia, inclusivamente o Java, não conseguia aceder ao passo ‘Matricular’ existente na plataforma. Ficava eternamente a rodar e nunca apareceu a opção de inserir qualquer dado”, descreve Mónica, acrescentando que tentou “durante três semanas, em vários computadores e browser”, sempre sem sucesso.
Estas mães não são propriamente uma excepção à regra. Nenhuma delas conseguiu completar o processo através da Matrícula Electrónica e também não conhecem quem o tenha conseguido fazer.
O que diz o Ministério da Educação?
Contactado pela Renascença o Ministério da Educação explica que os problemas registados "estão relacionados com os pré-requisitos técnicos que estão enunciados no Portal, nomeadamente as versões de browser compatíveis, as versões de Java e regras relativas à autenticação com o Cartão do Cidadão".
"Não há registo de outros problemas no portal", garante a nota enviada à Renascença.
Na página da Direcção-geral de Estatísticas da Educação e Ciência, há um conjunto de indicações sobre os programas e “browsers” que devem estar instalados no computador em que os encarregados de educação pretendem fazer a matrícula electrónica.
[notícia actualizada às 15h37]