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"Não inquietemos as pessoas” sobre Almaraz, diz MNE

16 mai, 2017 - 20:08

Ministro comentou notícia da Renascença. Simulação do Exército concluiu que 800 mil pessoas em Portugal podem ser afectadas pela radioactividade em caso de acidente grave na central nuclear.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, confirmou esta terça-feira que o Exército fez uma simulação sobre as consequências de um acidente grave na central nuclear espanhola de Almaraz, como a Renascença noticiou esta terça-feira.

Segundo esta simulação, feita em 2010, cerca de 800 mil pessoas em Portugal podem ser afectadas pela radioactividade caso ocorra um acidente grave na central nuclear de Almaraz, em Espanha.

A simulação, feita pelo Elemento de Defesa Biológico, Químico e Radiológico do Comando das Forças Terrestres a partir de um programa da Nato, tem como base um cenário idêntico ao acidente de Chernobyl, em 1986 – o rebentamento de um reactor, seguido de incêndio.

“Os distritos atingidos pela nuvem radioactiva são os que ficam no norte de Portugal, sendo que o distrito de Castelo Branco será o mais afectado, mas sempre com valores baixos de radioactividade. No total, prevê-se que afecte 800 mil pessoas”, disse à Renascença a major de engenharia Ana Silva, comandante desta força do Exército.

Na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território, Santos Silva, que era ministro da Defesa em 2010, afirmou que o estudo não é sobre a “segurança de nenhuma central nuclear”.

“Não inquietemos as pessoas e não tragamos para a nossa discussão elementos emocionais que só perturbariam. O Exército português, no âmbito das suas missões, não realizou nenhum estudo sobre a segurança de nenhuma central nuclear, até porque lhe faleceria competências nessa matéria”, constatou o ministro.

Santos Silva disse aos deputados que a simulação do Exército, apresentada durante um seminário internacional por "um capitão e um sargento", “resultava da aplicação, tal e qual, de um programa da Nato, o qual explicava qual era a cobertura de protecção em matéria nuclear, biológica e química necessária se, numa central nuclear a uma certa distância, houvesse um acidente da maior gravidade possível”.

“E foi essa simulação que foi apresentada. Não tem nada a ver com nenhum estudo da segurança da central nuclear de Almaraz, coisa que o Exército português não poderia fazer até porque violaria princípios de soberania de um Estado estrangeiro”, referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Na audição conjunta no Parlamento com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, Santos Silva disse aos deputados que não há registo de acidentes em Almaraz, mas sim de incidentes de nível 0 e 1.

O ministro garante que não foram verificados riscos em relação à construção de um armazém para resíduos nucleares e que o Governo português propôs a Espanha medidas de segurança para os piores cenários.

Portugal não pode decidir sobre encerramento de Almaraz

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse ainda, no Parlamento, que o Estado português não se pode imiscuir na decisão que compete a Espanha de encerrar ou manter em funcionamento a central nuclear de Almaraz.

Santos Silva afirma que o Governo "segue a orientação" da Assembleia da República quanto a Almaraz e que "a decisão de eventual fecho ou prolongamento" da central "compete ao Estado espanhol".

"Não garanto uma coisa [o eventual encerramento da central depois de 2020] que depende de decisões que não são minhas", sublinhou, respondendo aos deputados, quando questionado sobre a posição de Portugal relativamente ao encerramento da central espanhola, localizada a cerca de cem quilómetros da fronteira portuguesa.

O chefe da diplomacia portuguesa ressalvou, sem se referir diretamente ao fecho da central nuclear, que Portugal defende a "transição energética" de Espanha para "energias renováveis, limpas e seguras".

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  • Vasco
    17 mai, 2017 Santarém 23:44
    "Não inquietemos as pessoas” que eu também não inquieto os espanhóis, era isto que o senhor ministro pretendia fazer entender!
  • rosinda
    17 mai, 2017 palmela 12:17
    Muita gente esquece porque nem sabe onde fica almaraz! Mas ontem quando escutei o presidente da camera fiquei muito desiludida! Nao ve nao sabe de nada parece que vive no mundo por ver andar os outros,um autentico toto sem capacidade para pressionar o ministro!
  • André Souza
    17 mai, 2017 vila pouca de aguiar 10:00
    o GOVERNO NÃO É ALARMISTA É COMODISTA! E para calar a comunicação social nada melhor do que o sr Santos Silva. Inteligência e vocabulário não lhe falta...
  • DR XICO
    17 mai, 2017 Lisboa 09:05
    A questão está a ser tratada por anormais. para já os testes foram feitos em 2010 não foi este governo que decidiu sobre estas manobras militares foi o Socrates e a seguir o Grande Lider Passos Coelho. Vistas as coisas noutra perspectiva pior é o governo espanhol ainda odeia mais os espanhois pk se cá são 800m imagina em espanha
  • rosinda
    17 mai, 2017 palmela 01:25
    almaraz e mais importante do saber onde se vai realizar festival da cançao no proximo ano!
  • Rafael Santos
    17 mai, 2017 00:15
    Vá lá alguém em Portugal sabe que os Ministros Portugueses não mandam em Espanha. Os ambientalistas tem boas intenções mas mandar estas postas de pescada não fica nada bem...
  • Pedro
    16 mai, 2017 Lourinhã 23:20
    "Santos Silva disse aos deputados que a simulação do Exército, apresentada durante um seminário internacional por "um capitão e um sargento", Pois....fica-se a saber que é matéria de tão insignificante importância, que até foi tratada por "pessoal menor". XTRÓRDIRÁRIO. Parece que os nossos "maiores", desvalorizam a tempo inteiro as tremendas e catastróficas consequências para Portugal, de um mediano ou grave acidente nuclear em Espanha. De uma forma estúpida e paternalista, é-nos vedada informação credível, científica, independente; sem alarmismos mas com cenários realistas, pois os acidentes acontecem. Sem tal, é-me legítimo supor que um derrame no Tejo até afectar Lisboa, será alvo de contemplações e mentiras (desarlamantes); que uma nuvem tóxica será confirmada posteriormente; e que num país tão pequeno, a catástrofe seria (será?) tão massiva que pulverizará a eficácia da maioria das instituições. Talvez mesmo só o exército, com capitães e sargentos consigam evitar a barbárie. nota: pede-se a quem saiba e conheça a tabela atómica, se faça ouvir.
  • maria
    16 mai, 2017 lisboa 22:26
    é triste este governo que não protege nem sabe proteger os Portugueses, não soube negociar com os espanhois
  • Helder Cruz
    16 mai, 2017 Cascais 21:50
    “Não inquietemos as pessoas e não tragamos para a nossa discussão elementos emocionais que só perturbariam. " É enganando as pessoas não lhes dizendo toda a verdade que os nossos ministros acham bem... Lá diz o velho ditado "com papas e bolos se enganam os tolos" Só queremos a verdade, mas a verdade toda, não à "verdade" que conta só o que lhes interessa, ao Povo interessa tudo com tofas as vírgulas e pontos.
  • Luís M.
    16 mai, 2017 Braga 21:44
    Este Santos Silva é do pior que há, durante a polémica dos resíduos ameaçou Espanha com queixa na UE, logo que assentou a poeira foi a Espanha assinar um acordo com os espanhóis, dando-lhes carta branca. É esta gente que nos representa!

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