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O comércio de Fátima adaptou-se aos tempos

08 mai, 2017 - 11:00 • André Rodrigues

Há novas imagens e novos produtos no clássico comércio de artigos religiosos. E vendas a crescer através da internet.

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Aqui cheira a pó de pedra e resina. São as matérias-primas que passam todos os dias pelas mãos de Sofia Neves, uma jovem artesã de Fátima que, aos 35 anos, já deu a volta aos sete ofícios.

Começou pelo curso de psicologia organizacional e desistiu. Trabalhou em fotografia e foi despedida. Depois, numa óptica, teve a mesma saída. Chegou ainda a abrir uma loja de bijuteria num centro comercial.

No passado, eram as peças de marfinite, tradicionais, entre o branco e o dourado, imagens de marca da Senhora do Rosário de Fátima. Há três anos, Sofia decidiu romper com esse passado e, juntamente com os pais, criou a Treze, uma fábrica de adereços religiosos que aproveita o desenho original da Virgem da Cova da Iria e transforma-o. Há rosa, há verde, azul claro e violeta... uma polifonia de cores. Também uma provocação, uma boa provocação ao tradicional que ajuda a levar Fátima às novas gerações.

Em cerca de três anos, esta nova marca já vendeu cerca de 400 imagens da Senhora de Fátima, de vários tamanhos e cores diferentes. A maior tem 65 centímetros, pesa dez quilos demora entre três e cinco dias a produzir do molde até à estátua.

Luísa Neves, a mãe de Sofia, é a voz da experiência no negócio. Conta que, no ano passado, o negócio rendeu 70 mil euros. Podia ser melhor, mas Luísa aponta a sazonalidade como um problema. Vende-se em certas épocas num ano inteiro de despesas.

Por ser o ano do centenário, Luísa diz abertamente que 2017 é uma oportunidade e o número de encomendas evolui favoravelmente. Luísa reconhece que possa haver em Fátima um ou outro caso de inflação nos preços praticados. Mas há outras zonas turísticas no país onde os preços não são propriamente amigos da carteira e há muito menos conflitos de ordem moral.

Sofia declara-se optimista: reconhece que o milhão de visitantes aguardados em Fátima por estes dias abra ainda mais a cidade ao mundo e começa a encarar o desafio da internacionalização. Exportar é uma ideia. Fátima é um fenómeno de raiz portuguesa O Brasil, um destino natural, mas que precisa ser trabalhado.

A Treze fabrica outras imagens religiosas, abre o leque a outros produtos diferentes, com desenho mais arrojado, mais próximo das novas gerações. E há almofadas, diários da peregrinação, lenços para a cerimónia do adeus à Virgem, individuais de mesa

Há quem faça tudo isto, rompendo radicalmente com a tradição, como os 14 produtos apresentados por Ricardo Figueira, um dos fundadores da Funny Fátima...

A diferença em relação aos produtos tradicionais está nas caricaturas - seja dos pastorinhos, da virgem do Rosário, do próprio Papa Francisco. São representações de uma Fátima mais alternativa, "mais engraçada".

A entrada no mercado virtual mudou todo o cenário e Ricardo já definiu a estratégia: o foco da Funny Fatima é a venda pela internet.

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