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Um Cristo especial para ver em Aveiro

10 abr, 2017 - 23:21 • Júlio Almeida

Os especialistas dizem que é um a das peças mais icónicas da arte escultórica portuguesa: consoante o lado de que se observa, o rosto do Cristo Crucificado aparece sorridente ou triste. Pode ser visto na exposição de Páscoa, no Museu de Aveiro.

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Várias peças de arte sacra ligadas à Paixão de Cristo, mas que habitualmente não são mostradas ao público, podem ser vistas no Museu de Aveiro, na exposição “Facies Chisti”, organizada para esta altura da Páscoa.

Quem passar pelo antigo Convento de Jesus poderá também fazer uma visita guiada à capela e saber mais, por exemplo, sobre o Cristo Crucificado do Coro Alto, uma das suas relíquias de arte sacra. Foi perante esta imagem, de autor desconhecido, que a princesa Santa Joana fez voto secreto e simples de castidade, em 1481, entregando-se à clausura.

“É uma peça histórica e artisticamente importante, e cheia de significado”, diz à Renascença o director do museu José António Christo.

“É perante aquela imagem do crucificado que, segundo a tradição, Santa Joana fez votos secretos. Como estava impedida pelo seu pai, o rei Afonso V, e pelo seu irmão D. João II, de tomar votos regulares”, devido à possibilidade de ter de assumir a sucessão dinástica, “ela criou aqui um pequeno artifício e fez votos secretos. Isto tem a ver com a sua moral, com a sua essência”, explica Christo.

Datada dos princípios do século XV (gótico), foi também aquela peça que em 1465 “presidiu à procissão de início da clausura” naquele convento dominicano feminino.

Esculpida em madeira, a imagem destaca-se pela sua raridade e dimensão, e tem uma característica única: consoante o ponto de visualização assim se tem uma visão distinta da face de Cristo, de sorriso ou de agonia. “Estando do lado esquerdo ou direito da imagem, observando o rosto do Cristo, ele de um lado ainda está vivo, tem os olhos semiabertos e a boca esboça quase um sorriso. Do outro lado tem já os cantos da boca descaídos e as pálpebras cerradas, portanto estamos perante o Cristo em agonia”.

De acordo com o director do Museu de Aveiro, “até hoje, pelo menos que eu tenha conhecimento, ainda ninguém chegou à conclusão se foi uma opção do artista, que cria este artifício, ou se foi obra do acaso”.

A reportagem foi emitida no espaço informativo das 12h, na Renascença, em que às segundas-feiras destacamos temas sociais e relacionados com a vida da Igreja.

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