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"Operação folha dupla" distribui Acordo Ortográfico em papel higiénico

24 mar, 2017 - 09:43

Grupo fala numa "geração-cobaia conduzida ao analfabetismo funcional por uma insustentável imposição administrativa”.

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O grupo “Em aCção contra o Acordo Ortográfico" da rede social Facebook inicia esta sexta-feira, em Lisboa, na Praça do Comércio, a iniciativa “Operação Folha Dupla” contra o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).

Em comunicado enviado à agência Lusa, os promotores da iniciativa afirmam que esta iniciativa se prolongará até domingo, entre as 9h00 e as 21h00, e “a ideia é sugerir a uma conhecida marca comercial a estampagem do texto do Acordo Ortográfico (qualquer uma das diferentes versões oficiais, as ditas bases e a chamada nota explicativa), em papel higiénico”.

A iniciativa conta com as participações da Associação Nacional de Professores de Português, da Federação da Região de Lisboa das Associações de Pais e do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora.

Em comunicado, o grupo afirma que, ao deparar-se “com um muro antidemocrático e inconstitucional na interpelação dos órgãos de soberania, impõe-se que os cidadãos demonstrem o primado do português-padrão costumeiro, de uso corrente, num exercício cada vez mais imperativo da autodeterminação cultural própria da sociedade civil, enquanto uma geração-cobaia é conduzida ao analfabetismo funcional por uma insustentável imposição administrativa, em Portugal”.

Uma “insustentabilidade”, que consideram “intrínseca ao próprio AO90, quer no plano linguístico (pelo caos ortográfico por ele gerado), quer no plano político e diplomático”, criticando ainda “a demora em reverter esta ‘atrocidade disgráfica’ [que] só penaliza ainda mais as suas vítimas, no sistema de ensino, por prolongar este processo de ‘desaprendizagem’ do português escrito”.

Este grupo promoveu há cerca de um mês um "cordão humano" que ligou a Academia das Ciências de Lisboa ao Tribunal Constitucional, na capital, no âmbito das acções de contestação do AO90.

Comentários
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  • António Paula
    26 mar, 2017 Lisboa 13:32
    Nem devia responder a comentários não assinados (haja vergonha por dizer que "os outros" é que não têm rosto quando não se assina), mas o senhor é que precisará de umas lições de história, de sociologia e de política. Quando uma coisa está num programa partidário e esse programa é votado pela maioria dos cidadãos não precisa de ser referendado. Foi o caso do Acordo Ortográfico. Depois vem falar de 95% dos portugueses contra o Acordo: com base em que estudo científico é que isso é afirmado? Qual foi a metodologia e a amostragem? Será que foi uma votação online falseada por meia dúzia de radicais nacionaleiros com medo de uma suposta invasão brasileira? É que eu tenho forma de provar que não há maioria silenciosa nenhuma, é só um grupelho de gente que se vê como sendo da elite que é tão radicalmente contra o AO. Senão veja: quanta gente esteve no tão propalado cordão humano, noticiado em tudo quanto é meio de comunicação social? E depois fala da pouca exposição: há décadas que não se fala de outra coisa, e nunca houve nos meios de comunicação social boa aceitação, onde gostam de tudo o que é controverso. Quando é que uma iniciativa com 50 pessoas tem exposição mediática? Quanta gente esteve no lançamento desta iniciativa no Terreiro do Paço? O Acordo foi discutido e rediscutido. Levou décadas a atingir. Os seus opositores perderam, como perderam em 1910. Passo pelas lojas e o que mais vejo é "fatura", "ativo", "ação". Pode gritar o que quiser, mas isso não muda os factos.
  • 25 mar, 2017 11:39
    Todos os anti - AO têm nome e um rosto. Mas os defensores do mesmo ocultam esses 2 elementos. Dou, portanto, os parabéns ao sr. António Paula por dar o seu nome (embora por exigência de participação). O Sr. consegue em poucas linhas mostrar a sua enorme ignorância ou provocação ou ambas coisas. Com efeito, não sabe o que é um Sindicato nem como nasce. Em termos político-eleitorais ignora o que sejam as maiorias silenciosas (precisa de se informar com um sociólogo) Atira-se aos media só porque a Lusa noticiou esta iniciativa "com tanto problema real pelo país e pelo mundo fora..." Ignora, portanto que os media têm feito tabu de tudo quanto diga respeito ao AO. Alinharam desde a 1.ª hora - o que significa que estavam por dentro do total secretismo com que foi congeminado o AO. A provocação sobe ao rubro quando, aos do CONTRA o AO (95% dos portugueses), aplica as expressões simpáticas de "esta meia dúzia de gatos pingados" e "grupelho". A ignorância sobe também ao rubro quando diz que "o Acordo foi referendado vezes sem conta" - Nunca por nunca os cromos guardiães do acordo ( leia-se as cúpulas do PS) admitem qualquer referendum nem sequer diálogo. Confunde propositadamente actos eleitorais com referendum. Convêm-lhe fazer essa confusão para mostrar total ignorância da política e para provocar. Reponho a questão inicial: IGNORÂNCIA - PROVOCAÇÃO OU AMBAS AS COISAS ???
  • António Paula
    24 mar, 2017 Lisboa 13:11
    Isto é doentio. Como é que esta meia dúzia de gatos pingados continua a ter espaço na imprensa, com tanto problema no país. Uma associação de professores de português criada propositadamente para combater o Acordo Ortográfico representa exatamente quem? Quantos professores do quadro de escola tem esta associação? Porque é que o texto do artigo não diz que na tão propalada manifestação / cordão humano estavam 40 ou 50 pessoas e nem um cordão humano com pouco mais de 100 metros conseguiram fazer. Muito bonita anda a nossa imprensa, quando as prioridades são estas, com tanto problema real pelo país e pelo mundo fora... Quanto à democracia clamada pela gente deste grupelho (liderado por com gente tão democrática como o João Braga e meia dúzia de monárquicos), notem que o Acordo foi referendado vezes sem conta. Basta olhar para os programas políticos dos partidos que foram sendo eleitos, onde esteve sempre e por essa via foi votado pela maioria dos cidadãos.

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