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Papa elogia vítima de abusos sexuais por ajudar a quebrar "muro de silêncio" na Igreja

13 fev, 2017 - 16:39 • Filipe d'Avillez

No prefácio que escreveu para o livro de um homem que foi abusado em criança por um religioso, Francisco classifica os actos como uma “absoluta monstruosidade”.

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O Papa Francisco escreveu o prefácio de um livro escrito por uma vítima de abusos sexuais, agradecendo ao autor ter contribuído para deitar abaixo um “muro de silêncio” na Igreja, abrindo assim caminho para a cura e para a “reconciliação” e para que os pedófilos compreendam as “terríveis consequências das suas acções”.

Daniel Pittet foi abusado ao longo de quatro anos por um religioso em França e, passadas décadas, escreveu sobre o assunto num livro chamado “Padre, eu te perdoo”.

No prefácio do livro, publicado pelo jornal italiano "La Stampa" esta segunda-feira, Francisco não poupa adjectivos na sua condenação aos abusos. “É uma absoluta monstruosidade, um pecado horrível, radicalmente contra tudo o que Cristo nos ensinou.”

O Papa chega mesmo ao ponto de dizer que as mortes daqueles que, tendo sido abusados, acabam por se suicidar, pesam na consciência da Igreja.

“Como é que um padre ao serviço de Cristo e da sua Igreja pode infligir tanto mal? Como é que alguém que dedicou toda a sua vida para conduzir as crianças até Deus acabar, ao invés, por devorá-las naquilo a que chamei um ‘sacrifício diabólico’ que destrói tanto a vítima como a vida da Igreja? Algumas das vítimas acabam por se suicidar. Estas mortes pesam no coração e na consciência, minha e de toda a Igreja. Às suas famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor e peço, humildemente, perdão", escreve Francisco.

O Papa recorda um documento emitido pelo Vaticano em Junho de 2016 e reafirma o compromisso da Igreja de agir de forma muito rigorosa não só contra os padres que tenham abusado de pessoas, como dos seus superiores que tenham encoberto as situações.

Segundo o Papa, foi o facto de Daniel Pittet ter mantido uma vida interior de oração que permitiu que mantivesse a fé, levando-o a procurar o homem que tinha abusado dele para o perdoar. O livro de Pittet termina precisamente com uma curta entrevista ao abusador.

Comentários
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  • Vera
    14 fev, 2017 Palmela 17:50
    E vamos entrar na Quaresma, é bom que pensemos bem, que Jesus sofreu por nós, todos! e não se ponham a deitar culpas deste e daquele! temos a obrigação, de não cometer erros! e de não culpar, metendo todos no mesmo saco!... 'culpado, é aquele que errou! e o outro que culpa, quem não errou!'
  • Vera
    14 fev, 2017 Palmela 17:04
    Claro que o Papa sabe! não esconde! é preciso que se saiba! houve muita gente que se refugiou nas igrejas, para fugir ao serviço militar obrigatório! medo das guerras! a culpa disso ter acontecido, foi das ditaduras! os ditadores deviam de ser todos fuzilados! mas nas Leis de Deus não se mata! é criminoso porque matou ou usou de violência, vai preso! e Jesus foi preso por defender a humanidade, depois condenado e torturado até à morte! "No final dos séculos, virão os falsos profetas" (Jesus Cristo).
  • luque
    13 fev, 2017 viseu 22:05
    Pedofilia na igreja!? O papa sabe! sempre soube! todo o mundo a conhece!! Quanto maior a cultura menor a crença!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
  • michael ferrada
    13 fev, 2017 faro 21:19
    Grande Papa "Irmão" Francisco... Soma e Segue na sua Grande Missão Planetária! Bem Hajas!<3! Um Homem Sem Medo! O Papa chega mesmo ao ponto de dizer que as mortes daqueles que, tendo sido abusados, acabam por se suicidar, pesam na consciência da Igreja. “Como é que um padre ao serviço de Cristo e da sua Igreja pode infligir tanto mal? Como é que alguém que dedicou toda a sua vida para conduzir as crianças até Deus acabar, ao invés, por devorá-las naquilo a que chamei um ‘sacrifício diabólico’ que destrói tanto a vítima como a vida da Igreja? Algumas das vítimas acabam por se suicidar. Estas mortes pesam no coração e na consciência, minha e de toda a Igreja. Às suas famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor e peço, humildemente, perdão", escreve Francisco.

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