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Donald contra Donald

03 fev, 2017 - 14:41 • Sérgio Costa, Vasco Gandra e Francisco Sarsfield Cabral

No resumo da semana europeia, destaque para: o encontro informal de La Valleta, a preparação da cimeira que vai assinalar os 60 anos do tratado de Roma, os líderes discutem o Brexit, a crise migratória e o novo quadro de relações entre a União Europeia e os Estados Unidos, depois da chegada de Donald Trump à Casa Branca.

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Visto de Bruxelas a semana em análise 06-02-2017

As tensões entre Washington e Bruxelas conheceram esta semana um novo episódio com a resposta europeia às provocações da nova administração Trump. Um confronto 'Donald versus Donald'. Tusk, o presidente do Conselho Europeu, diz que o Presidente norte-americano é uma séria ameaça à Europa, ao pôr em causa 70 anos de uma política externa marcada pelo bom relacionamento entre os dois lados do Atlântico.

As instituições e líderes europeus estão inquietos com as decisões da nova Administração norte americana, sobretudo em relação à imigração e aos refugiados. Por isso, os líderes europeus que estão hoje reunidos em Malta procuram manter-se unidos na resposta europeia e relançar o projecto comunitário. Esta manhã, ainda antes da cimeira informal começar, o Primeiro-ministro falou sobre a questão e sublinhou a necessidade de uma Europa forte.

A Europa considera que a crise migratória é um problema global que exige a cooperação de todos. Esta deverá voltar a ser a mensagem dos líderes mais logo à tarde no final da reunião.

Sempre com as atenções viradas para Washington. E aos parceiros europeus que possam vir a estabelecer uma relação bilateral privilegiada com a Administração Trump, como a Polónia ou a Hungria, o Presidente francês lembra que importante é a solidariedade entre europeus. Diz Hollande que “os que querem estabelecer relações bilaterais com os Estados Unidos serão necessariamente bem entendidos pelas suas opiniões públicas. Mas não há futuro com Trump se não for definido em comum. Eles têm que compreender isso. Por que o que conta é a solidariedade no interior da União Europeia”.

As recentes decisões da nova Administração norte-americana também foram debatidas no plenário do Parlamento Europeu. O líder da bancada socialista, Gianni Pittella, diz que o Presidente norte-americano não deve ser subestimado: “Alguns, digamos a verdade, pensavam que Trump fosse uma piada, quase uma graçola. Em vez disso, está a revelar-se um pesadelo. Não o subestimemos”, afirmou.

As decisões anti-imigração da nova Administração mereceram a crítica da esmagadora maioria das forças políticas europeias. Excepto dos grupos da extrema-direita e dos eurocépticos. No seu tom já habitual, o eurocéptico Nigel Farage que liderou a campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, deixa um desafio ao Parlamento Europeu: “Todos aqui dizem que somos democratas. Eis uma oportunidade para o demonstrar. Convidemos o presidente Trump a vir aqui, a este Parlamento Europeu.Tenho a certeza de que, como democratas, todos concordamos que precisamos de ter um diálogo aberto com o recente eleito e mais poderoso homem do mundo”.

Nigel Farage mostrou ser um ardente defensor de Donald Trump no Parlamento Europeu, numa semana em que também a Comissão reagiu, questionada sobre as medidas anti-imigração de Washington. O porta-voz da Comissão Margaritis Schinas sublinha que na União Europeia não há discriminação com base em critérios de nacionalidade ou religião: “Isto é a União Europeia. E na União Europeia não discriminamos com base na nacionalidade, raça ou religião. Não é apenas em relação ao asilo mas em todas as nossas políticas. A Comissão e o presidente Juncker têm constantemente manifestado o seu apego as estes princípios. Recordo que no discurso sobre o Estado da União, em Setembro, ele disse não há (diferença) religião, crença ou filosofia quando se trata de refugiados”.

A agenda da União Europeia marcada pelas decisões da Casa Branca numa altura em que os estados-membros têm uma oportunidade para refundar o projecto europeu. Precisamente em Março, quando se celebrarem os 60 anos do Tratado de Roma, momento fundador da integração comunitária.

A semana fica ainda marcada pelo somatório de escândalos a caminho das Presidenciais em França. Depois dos supostos empregos fictícios da mulher de François Fillon, a penhora do salário de Marine Le Pen. Em causa, a não devolução de 340 mil euros ao Parlamento Europeu. Dinheiro que a eurodeputada, e candidata da extrema-direita às presidenciais francesas, utilizou para pagar a uma assessora parlamentar que, na verdade, trabalhava para a Frente Nacional francesa.

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