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"Extermínio": ​Amnistia denuncia 13 mil execuções em prisão da Síria

07 fev, 2017 - 01:57

Organização de defesa dos direitos humanos fala em "políticas de extermínio" e considera que "estas práticas, que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, são autorizadas aos mais altos níveis do governo sírio".

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​Amnistia denuncia 13 mil execuções em prisão da Síria
​Amnistia denuncia 13 mil execuções em prisão da Síria

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A Amnistia Internacional acusa o governo sírio de ter praticado "uma campanha calculada de execuções extrajudiciais" entre 2011 e 2015, na prisão de Saydnaya, que resultou na morte de 13 mil pessoas, na sua maioria civis.

“Entre 2011 e 2015, todas as semanas e muitas vezes duas vezes por semana, grupos de até 50 pessoas eram levadas das suas celas prisionais e enforcadas. Em cinco anos, até 13 mil pessoas, a maioria deles civis considerados opositores do governo, foram enforcadas em segredo em Saydnaya", indica um relatório da Amnistia Internacional com o título "Matadouro Humano: Enforcamentos e extermínio em massa na Prisão de Saydnaya, Síria".

O mesmo documento também indica que o governo sírio está, de forma deliberada, a aplicar "condições infra-humanas aos reclusos da prisão de Saydnaya, através da aplicação repetida de tortura e a privação sistemática de comida, água, medicamentos e atenção médica".

A Amnistia Internacional fala mesmo em "políticas de extermínio" e considera que "estas práticas, que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, são autorizadas aos mais altos níveis do governo sírio".

"Os horrores descritos neste relatório revelam uma campanha escondida e monstruosa, autorizada ao mais alto nível do governo sírio, que visa esmagar qualquer forma de discordância na população síria", declarou Lynn Maalouf, director-adjunto de Investigação no gabinete da Amnistia Internacional de Beirute (Líbano).

A organização não-governamental considera que as próximas negociações de paz sobre a Síria em Genebra "não poderão ignorar estas descobertas" e exorta as Nações Unidas a iniciar imediatamente uma "investigação independente sobre estes crimes em Saydnaya".

"Há razões fortes para acreditar que esta rotina [de enforcamentos extrajudiciais] ainda continua hoje", refere a AI

A investigação, que decorreu de Dezembro de 2015 a Dezembro de 2016, envolveu entrevistas em primeira mão com 84 testemunhas - incluindo antigos guardas, responsáveis e reclusos de Saydnaya, juízes e advogados, bem como especialistas em detenções na Síria.

Sem processo judicial

Nenhum dos condenados ao enforcamento na prisão de Saydnaya teve direito a um procedimento remotamente parecido sequer com um julgamento, realçou a AI.

"Antes de serem enforcadas, as vítimas passam por um procedimento superficial, de um a dois minutos, num chamado Tribunal Militar de Campanha", indicou a organização, dando conta de um "procedimento tão sumário e arbitrário" que não pode ser considerado um processo judicial.

"O juiz pergunta o nome do detido e se ele cometeu o crime ou não. Consoante diz que sim ou que não é condenado... Este tribunal não tem qualquer relação com um Estado de Direito", disse à AI um antigo juiz de um tribunal militar sírio.

As condenações decididas por este tipo de tribunal baseiam-se em confissões falsas, obtidas de reclusos submetidos a tortura.

Os condenados são vendados e levados a meio da noite - sob o falso pretexto de uma transferência para uma prisão civil. Acabam por ser espancados numa cave e depois conduzidos a um edifício remoto no complexo de Saydnaya. Ficam a saber que vão morrer quando lhes põem a corda no pescoço, contou à AI um juiz que assistiu às execuções.

"Deixam-nos ali [pendurados] de 10 a 15 minutos. Alguns não morrem porque são demasiado leves. Nos mais novos, o peso não chega para os matar. Os auxiliares puxam-nos para baixo até lhes partir os pescoços", descreveu o mesmo juiz.

Comentários
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  • Miguel
    11 fev, 2017 lisboa 00:54
    Tangas...
  • Viriato
    07 fev, 2017 Condado Portucalense 22:03
    O meu comentário da tarde está em banho maria ou foi recambiado para trás à moda da censura da democracia da bandeira do arco-íris?...sois muito fraquinhos...e de fracos não reza a nossa HISTÓRIA E NÃO...estória.
  • Gonu
    07 fev, 2017 Portugal 14:02
    Afinal quem tem a razão!!?... É o Presidente dos estados unidos ou não. Idiotas!!... Agora estão a dar razão este homem com eles no cítio. Não se esqueçam de ir para os protestos, de um homem que está pronto a punir esta porcaria .
  • tuga
    07 fev, 2017 lisboa 09:30
    O meu comentário pelos vistos foi para os porcos!!! viva a liberdade de expressão!!!
  • tuga
    07 fev, 2017 lisboa 08:39
    O assassínio de Palestinianos vale??? não são crimes??? Agora que o governo Sírio está prestes a correr com o ISIS e os chamados opositores, as baterias começas a atacar os Sírios, cambada de hipócritas!!!!

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