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Forte de Peniche não vai ser concessionado a privados na totalidade

31 jan, 2017 - 13:48

Governo diz que a solução encontrada para o monumento vai satisfazer o dever de memória para com a antiga prisão do Estado Novo, de onde se evadiu, entre outros, Álvaro Cunhal.

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O ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, garantiu esta terça-feira que o Forte de Peniche não vai ser, na sua totalidade, concessionado a privados, assegurando que será respeitada a memória do espaço na luta contra a ditadura.

“O Forte de Peniche não vai ser concessionado a privados. O que se vai fazer no Forte de Peniche será estudado por este grupo de trabalho. Quando se fala em concessionar monumentos a privados não é a sua totalidade. [...] Estamos a falar numa parte significativa de um monumento”, disse Luís Castro Mendes, em declarações aos jornalistas, no Ministério da Cultura.

O ministro agendou para esta terça-feira a primeira reunião do Grupo Consultivo do Forte de Peniche, presidido pela directora-geral do Património, Paula Silva, que deverá apresentar uma proposta sobre os “usos possíveis para a fortaleza” nos próximos três meses.

À entrada para a reunião, Luís Castro Mendes frisou que o grupo irá procurar uma solução que “satisfaça o dever de memória” que todos têm sobre a fortaleza de Peniche.

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“Vamos procurar que seja uma boa solução, que satisfaça o dever de memória que temos em relação a Peniche. Àquilo que representa na memória na luta contra a ditadura. Esse espaço memorial e de testemunho de memória terá de ser assinalado e consagrado num espaço museográfico e monumental”, garantiu o ministro.

Luís Castro Mendes avançou que apesar do projecto de Peniche ter sido retirado do programa Revive será trabalhada a sua revitalização numa articulação “entre a dimensão monumental histórica e de testemunho”, com a utilização do espaço público e a criação de espaços públicos na zona circundante, não esquecendo a questão da sustentabilidade e rentabilização dos espaços.

Num relatório sobre o estado de degradação da fortaleza de Peniche, a que a agência Lusa teve acesso no final de 2016, a autarquia estimava em 5,5 milhões de euros intervenções consideradas urgentes para pôr face ao avançado estado de degradação e evitar a eventual ruína, “que já se verifica ou está iminente”, de partes da Fortaleza, afectas à antiga prisão política até Abril de 1976, que estão fechadas e devolutas há várias décadas.

Os técnicos municipais apontavam para a reabilitação integral de três pavilhões, dois dos quais estão fechados e devolutos, com obras em toda a sua estrutura, mas também na estabilização da muralha e reparação de espaços exteriores.

A fortaleza e as muralhas de Peniche estão desde 1938 classificadas como monumento nacional.

A Fortaleza de Peniche foi uma das prisões do Estado Novo, de onde se conseguiram evadir diversos militantes, entre os quais o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate àquele regime ditatorial.

Comentários
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  • antonio
    31 jan, 2017 lisboa 17:15
    Mais uma operação vergonhosa com custos para o contribuinte. Mais uma derrota do Governo. Mais uma vitoria dos marxistas-leninistas. Ficamos mais perto da Venezuela ao manter prisões politicas prontas a habitar....
  • Maria
    31 jan, 2017 Lisboa 16:55
    Na mão dos privados é que ele já devia estar há muito tempo !!!! Mete dó e envergonha qualquer um o estado de degradação, desconforto, sujeira e abandono a que ele está votado, tudo em nome do quê ???? Tenham dó !
  • luis
    31 jan, 2017 Lisboa 15:20
    Isto é o mesmo de se fazer condomínios em Auschwitz.
  • FR
    31 jan, 2017 Portugal 13:58
    Vai-se fazer aquilo que de melhor se faz em Portugal: os lucros para os privados, o prejuízo para o estado. A beleza para quem trabalha numa PPP, é claro que ainda assim os arquitetos de tal plano vao concretizar o objetivo de pagar mundos e fundos aos administradores e o salário minimo à staff que realmente faz as coisas funcionar, já que é para corromper ao menos faziam uma boa acção no meio de tanta vergonha, mas nem isso.

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