23 jan, 2017 - 10:30 • Júlio Almeida
Alunos da Universidade de Aveiro (UA) andaram pela cidade a estudar os espaços públicos que estão a perder pessoas: jardins, mercados e o largo da antiga estação foram alguns dos locais que serviram de casos de estudo. No maior bairro social de Aveiro, recolheram ideias junto da comunidade para trazer vida de volta ao parque da urbanização.
Construído há quatro décadas, o bairro de Santiago continua a ser o maior aglomerado de habitação social da cidade de Aveiro. Os prédios longos em comprimento, conhecidos como "comboios amarelos", albergam centenas de famílias.
A Universidade de Aveiro, vizinha da urbanização, resolveu passar a avenida que as separa para estudar e propor novas formas de vivência do espaço público numa zona especialmente problemática. Os alunos de mestrado em Planeamento Regional e Urbano identificaram o caso do quase abandonado parque da urbanização, um dos maiores espaços verdes da cidade, com anfiteatro e ringue.
Crianças do centro educativo e comunidade em geral foram chamadas a dar ideias. "Temos de experimentar o local, só os moradores nos podem indicar as necessidades", explicou à Renascença Vanessa Passos, arquitecta e urbanista.
Pequenas acções fazem a diferença
José Carlos Mota, professor e investigador da UA, resume a lição. "Por vezes, bastam pequenas acções" para devolver a vivência aos espaços públicos das cidades que perdem pessoas.
Em Santiago, uma limpeza a sério foi o primeiro contributo: o outro, segundo os alunos de mestrado, seria derrubar muros que erguem barreiras à entrada e a saída a pé pelo jardim do bairro. "Torná-lo mais acessível e próximo das pessoas".
Uma zona associada a problemas sociais e de insegurança, especialmente em alturas de maior desemprego. Mas quem lá vive e trabalha, como a dona Teresa, proprietária de um café, garante que a chegada de casais mais jovens alterou o panorama, para melhor. "Vive muita gente aqui, muita gente mesmo. Uns vão, outros vem. Tenho orgulho em viver aqui, tem estado sossegado", disse à Renascença.
A prevenção e combate da criminalidade, especialmente a que está associada ao flagelo da toxicodependência, motivou a colocação de polícia de proximidade no bairro – um posto de funciona também como pronto-socorro dos mais desprotegidos.
"Muita gente vive sozinha, muitos são idosos que vivem em andares superiores, sem elevadores. A criminalidade diz respeito especialmente ao consumo da droga", contou o agente Gomes conhece como poucos quem ali mora.
Os alunos de planeamento da Universidade de Aveiro fizeram um exercício de reflexão que envolveu cinco espaços públicos da cidade. O resultado foi entregue à autarquia para que possa intervir.