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Agressões em Ponte de Sor. “Com este acordo fez-se justiça”

13 jan, 2017 - 23:36 • Elsa Araújo Rodrigues

Em declarações à Renascença, o advogado de Rúben Cavaco espera que Portugal não tome uma “posição dura” contra embaixador do Iraque depois de alcançado o acordo extrajudicial.

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O acordo extrajudicial no caso das agressões em Ponte de Sor permite fazer justiça, afirma Santana Maia Leonardo, advogado do jovem Rúben Cavaco, em declarações à Renascença.

Santana Maia Leonardo diz que esta foi a melhor solução para as duas partes e elogia o embaixador do Iraque, que “assumiu a responsabilidade” pelos actos dos filhos.

“O senhor embaixador não era obrigado a pagar o quer que fosse, porque não foi ele que praticou os actos. Eram os filhos, não era o senhor embaixador, que assumiu a responsabilidade dos filhos. Aceita fazer uma reparação que vai ligeiramente acima dos valores praticados nos nossos tribunais para casos semelhantes. Por isso, ainda é generoso. Os próprios filhos já tinham publicamente assumido a responsabilidade dos actos e confessado, o que também é extremamente positivo do ponto de vista da justiça. E por isso nós consideramos que, com este acordo, fez-se justiça.”

O advogado da família de Rúben Cavaco não revela o valor da indemnização acordada, mas considera que é justo e generoso.

“Eu não vou confirmar o valor de 30 mil euros. Já ouvi 50, 60, 40, 20, 10. Mas, em todo o caso, é o valor adequado. Aliás, é até de alguma generosidade. Mas neste momento o que era mais importante era o Rúben não ter sequelas e não tem. Isso facilitou muito o acordo, porque se houvesse sequelas as coisas seriam diferentes. Acho que aqui fez-se aquilo que se devia fazer. O Rúben está bem, quem praticou os actos assumiu a responsabilidade, já mostrou arrependimento, já fez a reparação. Não há muito mais a exigir-se.”

Nestas declarações à Renascença, Santana Maia Leonardo espera que o Governo português não tome medidas duras contra o embaixador iraquiano.

“Se o Rúben tivesse ficado com graves sequelas, se o embaixador não tivesse a preocupação de reparar a vítima, nós ainda podíamos dizer que o Estado português... ‘eles não foram julgados'. Mas o que é um facto é que os filhos do embaixador e o senhor embaixador fizeram até mais do que era expectável. Assumiram, repararam, pagaram. Também me parece injusto, se o Estado português tomar uma posição dura contra o embaixador, quando o levantamento da imunidade não está nas mãos dele”, sublinha.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz que terá em conta o acordo extrajudicial entre a família do jovem agredido em Ponte de Sor e o embaixador iraquiano quando decidir sobre este processo, que prossegue a nível penal.

Apesar do acordo a investigação vai prosseguir, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

"O Ministério Público não se pronuncia sobre acordos extrajudiciais. O inquérito corre os seus termos, estando em curso a apreciação da documentação recebida do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a 6 de Janeiro", disse a PGR em resposta enviada à Renascença.
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  • Fausto
    14 jan, 2017 Lisboa 14:10
    Haja dinheiro para espancar pessoal até à morte...
  • António
    14 jan, 2017 Viseu 12:45
    Quando o dinheiro fala a música pára.
  • Amadeu Lisboa
    14 jan, 2017 A-dos- Cunhados 11:28
    Inacreditável! "Com este acordo fez-se justiça". Que dizer de uma pessoa com esta opinião? Ainda por cima um advogado? É este o conceito de Justiça? Os ricos e poderosos poderem violar as Leis a seu belo prazer? Pobre País!
  • Eborense
    14 jan, 2017 Évora 10:32
    Quem ouviu ontem o Advogado do Rúben ficou com a sensação de que tanto os Iraquianos filhos como o Iraquiano Pai, são as melhores pessoas do Mundo. O homem quase que pedia desculpa aos Iraquianos pelo facto do Rúben ter sido brutalmente agredido. O que faz o dinheiro! No entanto, estou inteiramente de acordo que o Rúben seja indemnizado . Só que cá para mim, metade dessa indemnização deve ir parar aos bolsos deste Sr. Advogado. Penso eu de que!
  • PG l r
    14 jan, 2017 Aveiro 09:29
    Era bom que o senhor embaixador pagasse a totalidade da despesa que custou no SNS o desmando dos seus filhos ou então que o Ruben pagasse ao hospital , com a indemnização" generosa", quanto a sua assistência médica e medicamentosa custou, senão irão ser os portugueses a pagar a conta.
  • Rui
    14 jan, 2017 Povoa 08:29
    Agora é um acordo justo? Agora pedem para não sermos muito duros? Dinheiro faz mesmo tudo... Se por acordo monetário acabarem as queixas... mais uma vez quem tiver dinheiro safa-se... e pior, safa-se para fazer outros crimes, pois está livre e sem antecedentes, imagino um violador a violar com fartura desde que pague bem ás vitimas, ou um pedófilo, gangues, etc... haja guito e tou safo.

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