13 jan, 2017 - 13:54
A sucessão de fugas de cidadãos estrangeiros no aeroporto de Lisboa deve-se à grave falta de meios no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Manuela Niza Ribeiro, presidente do Sindicato dos Funcionários do SEF insiste nesta tese e critica decisões tomadas recentemente sobre funcionários recém-formados.
Em declarações à Renascença, a representante sindical diz que há inspectores que foram treinados para serem operacionais mas estão sentados a fazer trabalho documental.
“São necessários meios, e isso é do conhecimento geral. O que nos causa estranheza é que ontem mesmo tivemos conhecimento que dos 45 inspectores do último curso, que acabaram no dia 5 e supostamente iriam suprir faltas de pessoal operacional, 23 vão ser afectos à área documental.”
“Estamos a por operacionais que são necessários para aquilo para o qual foram treinados sentados a uma secretária a fazer trabalho documental. Isto é má gestão do erário público”, afirma.
Os dois argelinos que fugiram na quinta-feira do aeroporto de Lisboa foram entretanto detidos na estação do Oriente, em Lisboa, sem oferecer resistência e serão presentes a tribunal, adiantou à agência Lusa uma fonte da PSP.
Esta não é a primeira vez que acontecem casos semelhantes no aeroporto de Lisboa, envolvendo igualmente cidadãos argelinos.
Em Outubro de 2016, o SEF e a PSP impediram a fuga de três passageiros chegados ao aeroporto de Lisboa num voo proveniente de Marrocos, numa acção que levou à detenção de seis cidadãos do norte de África que viajavam num voo oriundo de Casablanca, em Marrocos, com destino a Argel, capital da Argélia, com escala em Lisboa.
Em Setembro, um cidadão de nacionalidade argelina, que fazia a viagem entre a Argélia e Casablanca saiu ilegalmente do aeroporto de Lisboa.
No final de Julho, quatro homens foram detidos pela PSP no aeroporto de Lisboa por violação das regras de segurança, ao terem tentado fugir ao controlo de passaportes e “numa zona restrita”, mais concretamente na pista de aterragem.
CDS quer ouvir ministra
O CDS-PP sublinhou esta sexta-feira que “não é normal” haver tantos incidentes no aeroporto de Lisboa com fugas de cidadãos estrangeiros, sustentando que esta é uma matéria de segurança nacional que exige resposta “urgente” do Governo.
“Esta matéria, do ponto de vista da segurança nacional, deve ser tratada com a maior seriedade. É uma matéria da maior gravidade. É o quarto incidente no espaço de poucos meses, não é normal”, sublinhou o deputado centrista Telmo Correia, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
O partido vai chamar ao Parlamento a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e pretende “retomar a conversa” no ponto onde parou, quando a governante, sobre casos anteriores, frisou que “a segurança estava reforçada e o problema estava resolvido”.
“São falhas de segurança? É uma rede, uma organização que leva a este tipo de situações?”, interrogou Telmo Correia.
[Título corrigido às 14h13, clarificando que a queixa parte do sindicato e não do SEF]