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Consumo excessivo. Resistência aos antibióticos pode vir a matar mais dez milhões de pessoas por ano

18 nov, 2016 - 07:20

Portugueses consumiram 8,5 milhões de embalagens e gastaram 61 milhões de euros, num ano.

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O Dia Europeu do Antibiótico assinala-se esta sexta-feira e vários organismos chamam a atenção para o alarmante aumento da resistência aos antibióticos. O consumo excessivo e má utilização favorece a resistência das “super-bactérias”.

Um relatório conduzido pelo economista Jim O’Neill, apresentado em Maio, indica que a resistência aos antibióticos poderá vir a matar em 2050 mais dez milhões de pessoas por ano face ao que acontece actualmente, ou seja, uma pessoa em cada três segundos.

“É preciso que isso se torne uma prioridade para todos os chefes de Estado”, afirmou na altura O’Neill, citado pela agência France Presse, ao propor uma bateria de medidas a implementar.

O relatório apela à mudança drástica na maneira de utilizar os antibióticos, cujo consumo excessivo e má utilização favorece a resistência das “super-bactérias”.

A primeira investigação sobre a resistência aos antibióticos, publicada há um ano em Genebra, revelou que todas as pessoas podem um dia ser afectadas por uma infecção resistente a estes medicamentos.

Na apresentação deste estudo, a directora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, referiu que o aumento da resistência aos antibióticos representa “um imenso perigo para a saúde mundial”.

A resistência ocorre quando as bactérias evoluem e se tornam resistentes aos antibióticos utilizados para tratar as infecções.

Consumidas 8,5 milhões embalagens em Portugal

Apesar do consumo nacional ter descido 4% no último ano, ainda assim registou vendas de cerca 8,5 milhões embalagens.

De acordo com dados da QuintilesIMS, empresa que resultou da fusão da consultora IMS Health e do produtor mundial de serviços de saúde integrados Quintiles, entre Outubro de 2015 e Setembro de 2016 foram vendidos em Portugal 8,5 milhões embalagens de antibióticos em farmácias.

A mesma fonte revela que a venda destes medicamentos ascendeu aos 61 milhões de euros, abaixo dos 65 milhões de euros registados no ano anterior.

A empresa refere que a subclasse de penicilinas de largo espectro continua a liderar o consumo de antibióticos, representando no último ano 41% das vendas em valor deste medicamento.

O Dia Europeu dos Antibióticos visa promover uma utilização adequada dos antibióticos e informar os doentes acerca dos riscos da automedicação com estes medicamentos.

Com este propósito, o Infarmed e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) associaram-se para promover uma campanha através da internet e das redes sociais, no âmbito de uma iniciativa do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) para chamar a atenção para o alarmante aumento da resistência aos antibióticos que é observado em toda a Europa.

Comentários
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  • Tiago Salgado
    19 nov, 2016 Braga 12:43
    Eu trabalho na área de farmácia e pedir sensibilização às pessoas não é a estratégia correcta, porque as pessoas quando precisam (ou algum familiar precisa) querem sempre que abra uma excepção. Pode-se fazer as campanhas que se fizer, dizendo que gripe não se trata com antibióticos, que uma simples dor de garganta se trata com anti-inflamatório, mas não adianta. (só nos casos graves, em que existe infecção e aí é preciso). Houve médicos que já me confidenciaram que se não passarem antibióticos, há pessoas que não lhes saem dos consultórios. Já é um problema cultural enraizado. Pode ser atenuado com duas medidas: -haver facilidade das pessoas serem consultadas pelos médicos, que não existe, os médicos continuam a ser escassos. Já o utente vê a ida ao médico implica uma tarde inteira nas urgências. -o preço irrisório que os antibióticos custam! A indústria farmacêutica ganha milhões individamente com simples alterações de moléculas e associações de fármacos usuais, aumentado o valor para bem mais que a simples soma das duas moléculas.. E depois, vendem antibióticos e benzodiazepinas que são dos medicamentos mais nocivos à saúde pública ao preço da chuva. Se um antibiótico custasse 20euros as pessoas já não forçavam a venda sem receita, agora custam 3-4-5euros, e pagam mais de inscrição no Hospital ou Centro de Saúde e ainda esperam 4/5horas pela consulta médica.. É de admirar depois que os antibióticos sejam mal usados
  • Luis Fernandes
    18 nov, 2016 Abrantes 18:05
    Muitos doentes com prescrição para 8 ou 10 dias porque acham que se sentem melhor interrompem a meio alimentando assim as bactérias,em vez de as matar
  • GURU
    18 nov, 2016 Lisboa 11:57
    isso nem preocupa...logo logo a natureza vai-se encarregar de fazer uma limpeza e selecção natural a nível global.
  • sonia
    18 nov, 2016 feira 11:46
    Vou dizer isso ao médico da próxima vez que tiver uma infeção... Enfim, se o médico passa o antibiótico é por que ele é preciso!...
  • Luís Patinho
    18 nov, 2016 Lisboa 10:53
    Bom dia, O problema é que os médicos dizem que se deve evitá-los, mas depois são o primeiro medicamento do receituário. Por vezes, nem pensam em alternativas seguindo pelo caminho mais fácil. LP
  • jorge
    18 nov, 2016 Lisboa 10:46
    Se nao devo tomar antibiotico como trato uma infeção? Deixo que a mesma se desenvolva e morra?

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