16 nov, 2016 - 01:00 • Ana Carrilho
O novo crédito ao consumo aumentou mais de 23% em Setembro e atingiu os 513 milhões de euros, revela o Banco de Portugal. A Deco aconselha precaução aos consumidores depois de anos de crise que atiraram muitas famílias para a bancarrota.
Em Setembro foram realizados cerca de 121.500 novos contratos de crédito ao consumo, ou seja, mais de 10% em relação ao ano passado.
Educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos são os principais motivos de pedido de crédito, mas também a compra de carro e crédito pessoal.
Os portugueses voltaram a aumentar o consumo com base no crédito, o que para muitas famílias pode ser perigoso, alerta a Deco.
Em declarações à Renascença, Natália Nunes, coordenadora do gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco, adverte que muitos portugueses estão a viver a ilusão de que a crise já passou, mas é preciso ser responsável na contratação de novos créditos.
“Estamos ainda numa situação de crise em que as famílias foram confrontadas com muitas dificuldades, em que deveriam ter, pelo menos, aprendido a gerir melhor o seu dinheiro, a ver as suas responsabilidades de crédito, as taxas de esforço. E temos a preocupação de que estas famílias estejam a deixar-se levar um pouco por esta ideia de crescimento económico, que as dificuldades estão a terminar e que não se estejam a contratar da forma mais responsável, nomeadamente tendo em conta a taxa de esforço e se aquele produto está adequado às suas necessidades e se é aquilo que efectivamente pretendem”, adverte Natália Nunes.
Mas a culpa não é apenas dos consumidores, segundo a associação de defesa do consumidor. A banca voltou a fomentar o facilitismo na concessão de crédito ao consumo, sublinha Natália Nunes.
“A própria banca também está a voltar àquilo que era a sua atitude na contratação de crédito antes da crise e estamos a ver que já está a passar a ideia de algum facilitismo até pela publicidade, algum facilitismo até na contratação de crédito. O nosso receio é que estas evidências levem a que mais famílias continuem a contratar de forma menos responsável e venham a ter dificuldades a médio-longo prazo”, admite a coordenadora do gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco.
O número de pessoas que procura a ajuda da Deco continua a aumentar. Natália Nunes diz que até Outubro foram 26 mil famílias e mostra preocupação pelo facto destas pessoas terem cada vez menos capacidade de reabilitar a sua situação financeira e continuarem a acumular créditos e dívidas.