11 nov, 2016 - 11:37
Pedro Mexia, poeta, cronista e crítico literário, considera que “ninguém fez mais pela dignidade poética da canção popular e pela ligação entre as letras das canções à poesia, à literatura e até a outros textos, nomeadamente textos sagrados” do que Leonard Cohen, cuja morte foi anunciada esta quinta-feira.
Em declarações à Renascença, Mexia lembra que “Cohen foi o responsável número um pela dignidade poética da música” e “isso ficará sempre, mesmo para aqueles menos sensíveis” à obra do músico/poeta.
Recusando a ideia de que “Cohen é um escritor essencialmente deprimente e depressivo”, o também consultor da Presidência da República para área cultural recorda o “lado de exultação e exaltação” e também o “lado irónico e sarcástico de muitas canções”.
Fazendo um paralelismo com o último disco de David Bowie, que à semelhança de “You Want it Darker” foi lançado pouco antes antes da sua morte, Mexia recorda que, ao contrário de Bowie, o canadiano sempre compôs discos onde “a questão da morte e da despedida estão muito presentes”.
O conhecimento que Cohen tinha “da literatura sagrada, nomeadamente do judaísmo e do cristianismo” contribuíram em muito para que a morte “nunca fosse um assunto que lhe fosse estranho”.