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Alunos espanhóis em greve para banir trabalhos de casa

02 nov, 2016 - 11:44

Associação de pais defende modelo em que o trabalho curricular fique exclusivamente pela sala de aulas. Campanha já corre nas redes sociais com hashtag #NoalosDeberes.

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O protesto é invulgar, mas são os pais espanhóis que o estão a promover. Durante todo o mês de Novembro, os alunos da escola pública espanhola estarão em greve contra os trabalhos de casa.

É pelo menos essa a intenção da Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos (Ceapa) que acredita que o excesso dos TPC tira tempo às famílias e impede as crianças de brincar e participar em actividades artísticas e culturais.

A organização apresenta um estudo que indica que 48.5% dos pais de alunos da escola pública afectam de forma negativa a vida familiar. “Propomos algo tão revolucionário como querer recuperar o tempo livre com os nossos filhos ao fim-de-semana”, ironiza José Luis Pazos, presidente da organização, em declarações ao jornal “La Vanguardia”.

A Ceapa defende um modelo em que o trabalho curricular pode, e deve, ficar-se exclusivamente pela sala de aulas.

Assim, durante todo o mês de Novembro a associação convida os professores a não enviarem trabalhos de casa para o fim-de-semana. Caso o façam, os pais que aderem ao protesto mandarão uma nota para a escola na Segunda-feira a explicar que os seus filhos não fizeram os deveres. A campanha está a ser divulgada nas redes sociais com o hashtag #NoalosDeberes.

Mas o objectivo final do protesto vai mais longe do que evitar os trabalhos de casa aos fins-de-semana. A Ceapa quer acabar com eles de vez. Pazos recorda, novamente em declarações ao “La Vanguardia”, que já existem muitas escolas que funcionam sem trabalhos de casa, provando que um modelo diferente “é possível” e com “bons resultados”. O dirigente enfatiza que o protesto não é contra ninguém em particular, fazendo questão de se solidarizar com os professores, muitos dos quais são pais e mães também.

Segundo a organização, a comunidade educativa e a maioria das organizações sindicais concordam com a necessidade de alterar o modelo.

O estudo que serve de base a estas conclusões foi financiado pelo Ministério da Saúde e será entregue a este em breve, anuncia a Ceapa.

Comentários
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  • Um qualquer
    02 nov, 2016 buraca 15:23
    Eu acabei os estudos e nunca me preocupei com os TPCs, aliás posso afirmar que a maioria dos profs eram muito mais baldas do que qualquer aluno, principalmente nas Universidades em que chegavam lá, começavam a falar de sabe-se lá bem do quê, e matéria? Zero! Os TPCs serviam mas é para compensar o que eles não faziam nas aulas, ou seja ensinar.
  • Lolita
    02 nov, 2016 Tavira 15:15
    Felizmente que há reacções de alunos ao modelo de «auto-escravo» que sobre eles pretende implementar e normalizar.
  • Maria Celeste Saraba
    02 nov, 2016 Presa-Aveiro 14:48
    Estou solidária e contente porque finalmente vejo que é dada relevância a um problema que afeta crianças e famílias que têm a dura tarefa de se confrontar com os trabalhos de casa dos seus filhos. A qualidade do tempo partilhado é muitas vezes afetada por essa obrigatoriedade. Sabemos que a quantidade de informação que compõem os currículos é demasiada o que leva a um processo de memorização e não a uma compreensão das temáticas a que se propõem. A qualidade também é por vezes questionável .Penso que estas questões deveriam fazer parte desta discussão à volta dos trabalhos de casa. Por um lado existe a obrigatoriedade de dar a todo o custo o que é definido pelo ME e este conformismo com que se avança sem questionarmos se é certo ou errado o que estamos a fazer. Porque têm as crianças a frequentar o 3º ano de escolaridade de saber concelhos, freguesias,capitais de distrito?...Não seria mais fácil levá-los a uma junta de freguesia e deixá-los descobrir que serviços se desenvolvem lá? Não, porque à velocidade que esta informação é "empacotada" porque tem de ser dada, as crianças não a assimilam , não a compreendem não faz qualquer sentido para elas. Resta--lhes um fim de semana de estudo exaustivo ,as crianças cansadas, com os pais desesperados porque para os ajudar também precisam de pesquisar e se tiverem irmãos estes ficam dependentes da hora a que o irmão acabar os trabalhos de casa . E os pais que não podem ajudar? Sejamos justos.
  • NIMA
    02 nov, 2016 Paredes 14:43
    Confesso que não deveria meter-me nestas lides, onde a falta de «nível» e um mínimo de educação são bem visíveis. Por culpa de uma certa «selva não-civilizacional», que não, obviamente, de ordem institucional TPC - posso «puxar de galões»? É que, um dia, por concurso público (concurso público, algo que este país, cada vez menos, sabe o que é, passei a ser «membro» duma categoria que é ser-se especialista em matéria educacional. Para sermos práticos, questionemo-nos assim: que ideologia promove a semeia este coisa anti-TPC? Você, que é pai, mãe, está porventura interessado em ter um filho «acéfalo»? Que escolarizar não é só ler e escrever. Muito mais, muito mais. Nomeadamente a criação de hábitos de trabalho, a partir de tenras idades. Aprender a ser responsável e alhear-se dessa teoria segundo a qual o ESTADO (sempre o Estado - informem-se sobre as Escolas Rurais Cubanas e, depois, falamos) é que é o pai, resolve tudo. Isto é, nacionaliza tudo, atè a nossa intelectualidade. Vamos aos TPC. Claro que TPC à medida de há 50 ou mais anos «era o que faltava». Que isso chamava-se narcotização intelectual. Mas TPC geradores de auto- responsabilização e sedimentação de aprendizagens vindas da escola, no sentido de - sem «doses industriais», claro - aprofundar um ou outro pormenor, com base em info contida na caderneta escolar, quem contesta, quem? Imagino: quem, enquanto «pai/mãe», precisa de tempo para «outras lides», TPC é estorvo. Tenham tino, vocês, pais, vocês, governantes.
  • John Cock
    02 nov, 2016 Cimo de Vila 14:32
    Eu acho que sim. O trabalho mata! Principalmente em pequenino.
  • val
    02 nov, 2016 lisboa 14:30
    Espero que em Portugal façam o mesmo!As nossas crianças são forçadas a serem adultos antes de tempo,não sobra tempo para brincarem ,dormirem e estarem com os pais .Teem cargas horárias superiores a muitos adultos.No 1º ciclo não deveriam haver tpcs!!
  • AM
    02 nov, 2016 Lisboa 14:13
    Coitadinhos... (...cambada de calões! )
  • Adérito Lopes
    02 nov, 2016 Oeiras 14:12
    Também em Portugal acontece o mesmo: as crianças e jovens, tendo demasiadas horas de aulas, com programas enormes, ainda os obrigam a fazer trabalhos de casa. É UM EXCESSO, para eles e para as famílias! Não têm tempo para crescerem como crianças e a família é claramente afetada! Será que ninguém põe cobro a isso!?
  • Edgar Costa
    02 nov, 2016 Parede 13:53
    Os meus miudos de 7 anos entram nas aulas as 09:00, saem as 17:30, todos os dias tem TPC's de 2 Paginas. Sobra tempo para fazer o que??
  • Luís M
    02 nov, 2016 Vila Real 13:53
    Parece-me logico que não se leve trabalho para casa hoje em dia. Se antigamente os alunos passavam em média 5 horas por dia nas escola e havia muito tempo livre para ocupar agora passam lá 8 horas. Penso que seja tempo suficiente para fazer os deveres na escola, inclusive com apoio, pois nem todos têm em casa pessoas com conhecimentos para os ajudar. Acho que o pouco tempo livre que as famílias têm em conjunto, deve ser usado para atividades mais prazerosas que ajudar nos estudos.

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