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Colombianos dizem “não” à paz, mas FARC mantêm compromisso

02 out, 2016 - 23:40

“Encontrar pontos de encontro e de união é agora mais importante que nunca e é o que vamos fazer”, garante o Presidente da Colômbia, que na semana passada assinou o acordo de paz com as FARC.

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Surpresa na Colômbia. O referendo que se destinava a aprovar o acordo de paz entre o Governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) não passou pelo povo colombiano, segundo os resultados oficiais conhecidos.

Com 99.25% dos votos contados, o “não” conquista 50,24%, contra 49.75% do “sim”. A abstenção foi de mais de 60%.

O acordo tinha sido assinado pelo Presidente, Juan Manuel Santos, e pelo líder dos rebeldes das FARC, depois de meses de negociações. O objectivo foi colocar um ponto final a uma guerra civil que dura há cerca de 40 anos e Juan Manuel Santos já prometeu manter o cessar-fogo.

“Sou o primeiro a reconhecer este resultado. Esta decisão democrática não deve afectar a estabilidade que vou garantir. O cessar-fogo bilateral e definitivo é para prosseguir”, afirmou.

“Convocarei todas as forças políticas e, em particular, aquelas que se manifestaram pelo ‘não’ para escutá-las, para abrir espaços de diálogo e determinar o caminho a seguir”, continuou.

Segundo Juan Manuel Santos, “encontrar pontos de encontro e de união é agora mais importante que nunca e é o que vamos fazer”.

Também o líder das Forças Armadas Revolucionárias se mostrou surpreso com o resultado. Em Cuba, Rodrigo Londoño deixou a garantia: “As FARC mantêm a sua vontade de paz e reiteram a sua disposição de usar somente a palavra como arma de construção para o futuro”.

Antes de saber dos resultados oficiais, o Papa pronunciou-se, no avião de regresso ao Vaticano depois da visita à Geórgia e ao Azerbaijão, precisamente sobre a situação na Colômbia. Francisco disse que quer visitar o país. "Quero lá ir quando tudo estiver encerrado, quando tudo estiver absolutamente seguro. Não se pode andar para trás, ou seja, é preciso que o mundo internacional e todas as nações estejam de acordo e que não se fará recurso à violência. Mas tudo depende do que disser o povo. O povo é soberano".

Comentários
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  • Judite Gonçalves
    03 out, 2016 Barreiro 16:39
    "Guerras e impostos não se referendam." Disse-nos o Professor de Direito Político na Faculdade. Afinal parece que a guerra ou a paz também se referendam. Falta saber se os colombianos estivessem a ser referendados sobre impostos também votariam a favor do aumento. Para já não sabemos. "O povo é sábio." Dizem muitas vezes alguns políticos, acho que deve ser quando o resultado lhes é favorável. falta saber que sabedoria é esta, a de um povo que diz não à Paz, isto no que diz respeito aos que foram votar, porque pelos vistos mais 60% nem se deu ao trabalho de dizer nada. Às tantas nem sabia o que estava a acontecer no seu país. Depois de tantos anos em guerra é normal que a informação não chegue a todos. Esperamos que os envolvidos no acordo cumpram o que assinaram e pacifiquem o povo. Que a Paz seja também com os Colombianos.

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