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Empresários admitem convocar manifestação contra lei laboral

02 out, 2016 - 10:57

Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Saraiva afirmou que a CIP só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral.

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António Saraiva garante que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) vai combater as medidas propostas para a legislação do trabalho com tudo o que estiver ao seu alcance e coloca mesmo a hipótese de que um dia haja uma manifestação de empresários, porque considera tratar-se "questões que são da sobrevivência das próprias empresas".

Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da CIP revelou que só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral e propõe a criação de um fundo que absorva o mal parado da banca.

"A CIP está disponível para absorver um valor de salário mínimo de acordo com aquilo que possa ser a vontade do Governo, se houver a garantia real de que não há novas reversões e que estes temas que lhe disse não verão a luz do dia".

Esses temas são "linhas vermelhas", que o presidente da CIP considera que o Governo não pode ultrapassar, como o banco de horas e as férias, sob pena de pôr em causa a sobrevivência das empresas, chegando mesmo a colocar a hipótese de uma futura manifestação de empresários.

"As medidas que este Governo tomou quando entrou em funções, de imediatamente retirar os feriados que tinham sido escolhidos em sede de concertação, de fazer reversões nas privatizações, de anunciar que estava disponível para aumentar os dias de férias para 25 dias, falava-se nas 35 horas de trabalho, que já estão aplicadas na pública, e há rumores, que espero que essa tontearia nunca venha a ver a luz do dia, das 35 horas na privada, a questão do banco de horas individual", afirmou.

O responsável lembra que pela aplicação dos indicadores económicos, o salário mínimo não subiria para os 557 euros que constam do acordo do PS com o BE, pelo que só com contrapartidas é que os patrões poderão aceitar.

Assim, António Saraiva entende que "se o Governo quer, como mostrou, um acordo em sede de concertação social, então estará seguramente disponível para pagar algum preço para a obtenção desse acordo". O empresário sublinhou que não coloca estas exigências por questões de ideologia, mas da "situação real" da economia.

Saraiva exige criação de fundo que absorva mal parado da Banca

Para o próximo Orçamento do Estado, António Saraiva exige a criação de um fundo que absorva o mal parado da Banca e permita ao sistema renegociar a dívida das empresas.

"Um dos quatro pontos que a CIP aponta como uma obrigatoriedade a ver contemplada no próximo Orçamento do Estado é a criação de um veículo que reestruture a dívida das empresas ou transforme parte dela em capital e, simultaneamente, ao fazer-se esta operação sob o ponto de vista da reestruturação da dívida das empresas, também se alivie o mal parado da banca", defendeu o patrão dos patrões.

Ainda no âmbito do próximo Orçamento do Estado, António Saraiva considera que uma descida do IRC seria vantajosa e uma boa contrapartida para alcançar um acordo.

Segundo o responsável, "os investidores querem previsibilidade" e a retoma da reforma do IRC de redução gradual até aos 18%/19%, com a condição de permanência no tempo, duas legislaturas pelo menos, é uma das possibilidades, porque "é isto que dá confiança aos investidores".

António Saraiva deixa ainda ficar um alerta: se, tal como está previsto nas Grandes Opções do Plano, as garantias bancárias forem executadas, as consequências terão uma "dimensão incalculável" com as empresas a encerrarem portas e a deixaram muitas pessoas no desemprego.

"O Governo nas Grandes Opções do Plano recomenda que a banca se liberte rapidamente do mal parado que tem, executando o mais possível as garantias que tem disponíveis. Isso leva a que muitas das empresas não podendo, como não podem, honrar esse compromisso vão fechar e vão provocar desemprego", afirmou.

Comentários
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  • Fausto
    02 out, 2016 Lisboa 23:35
    Toda a gente tem direito a manifestar-se inclusive os empresários vamos lá para a rua gritar "a luta continua"
  • Joana
    02 out, 2016 Lisboa 21:52
    E quem vai à manifestação??? Gostava de ver, os ferraris, os porches, o bmw, os audis, todos topo de e enfeitados pelas "tias" barbies empunhando flutes de champanhe e snifando gasolina...
  • "O Toino"
    02 out, 2016 Coimbra 21:48
    Esse de Saraiva não sabe que as manifestações de empresários são proibidas pela Constituição da República Portuguesa. É preciso lembrá-lo.
  • Franco
    02 out, 2016 lisboa 21:23
    Há um equívoco dominante nestes comentários que ,enviesa o raciocínio . É que em Portugal , encontrar empresários , é como encontrar agulha em palheiro ! O que abunda são patrões ! .Os empresário querem avançar , querem progresso ! Os patrões têm saudades da outra senhora
  • Marco Almeida
    02 out, 2016 Olhão 19:16
    Se os empresários vão fazer uma manifestação então podemos ficar descansados que não vai ser muito grande, talvez uma dúzia de pessoas, sim porque o resto são chulos que vivem á custa de quem trabalha por salários de miséria e ainda por cima pedem tantas habilitações que os próprios patrões de hoje em dia não serviam para trabalhar para ninguém
  • Eleutério Arsénio
    02 out, 2016 Santarem 18:21
    O Saraiva disse mesmo isto? Quer mesmo convocar uma manifestação de empresários? Passou-se dos carretos.
  • vianense
    02 out, 2016 viana do castelo 17:17
    este saraiva é mesmo engraçado. entao vai fazer uma manifestaçao. deve ser o lado revolucionário quando era sindicalista, nessa altura reinvidicava tudo e era comuna socialista, agora esta a reclamarpelo aumento do salario minimo.
  • Pedro
    02 out, 2016 Portugal 16:58
    Não devia existir salario mínimo. O salário devia ser acordado entre os interessados. Salário mínimo só ajuda a manter desemprego elevado e os salários mais baixos. Quem sabe que só tem de pagar o mínimo, não oferece mais. Ou seja, também favorece os maus empresários.
  • Val
    02 out, 2016 lisboa 16:51
    O que é que vão fazer se forem obrigados a aceitar aquilo que não querem?Vão fazer greve?É por causa destes supostos empresários ,com uma mentalidade retrogada que continuaremos sempre a ser um país miserável!Os funcionários são vistos como despesa e não como investimento!
  • Alberto Martins
    02 out, 2016 Viana do Castelo 16:41
    Uma manifestação de empresários!!! Quando eu pensava que já tinha ouvido de tudo nesta vida surge esta estrela. Este indivíduo mancha o nome daqueles que são verdadeiros empresários (ainda há bastantes) que não pensam apenas no seu umbigo.

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