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Vidoeiros, carvalhos e castanheiros, as “árvores bombeiras” que podem travar fogos

26 set, 2016 - 11:55 • Olímpia Mairos

Investigadores consideram que Portugal deve apostar nestas espécies para reflorestar o território.

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Numa altura em que se coloca a necessidade de reflorestar o país, investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) aconselham o uso das designadas “árvores bombeiras”, espécies que não só resistem ao fogo como também contribuem para travar o avanço das chamas.

Os vidoeiros, carvalhos e castanheiros são umas das principais “árvores bombeiras”, porque são folhosas e mantêm o ambiente “relativamente” húmido, abrigado do vento durante o Verão, explica à Renascença Paulo Fernandes.

O docente da UTAD e investigador do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas considera que “a aposta nestas árvores permitirá, a longo prazo, limitar o flagelo dos incêndios”.

“Durante o Verão estão verdes, por isso, ardem com mais dificuldade e, por outro lado, produzem uma folhada que, ao acumular-se no solo, é pouco inflamável e se decompõe com facilidade, ou seja, cai no Outono e quando chega o verão grande parte decompõe-se”, sustenta.

“Não há ali muito alimento para o fogo e, frequentemente, os incêndios ou param por si só, extinguindo-se ao entrar nas manchas, ou ardem com pouquíssima intensidade sem causar danos às árvores”.

Espécies exigentes

Paulo Fernandes enfatiza que é “raríssimo encontrar um fogo cuja origem ocorra numa área com estas espécies e, quando acontece, as árvores mantêm-se verdes”.

Na perspectiva do investigador, o problema que se levanta é o da “qualidade do solo”, já que “aquelas espécies são mais exigentes, requerem locais de solo mais fresco, de melhor qualidade e é por isso que, normalmente, ocupam vales, zonas onde há mais solo e mais humidade”.

Para as zonas com “piores condições de solo”, Paulo Fernandes aponta o uso do “sobreiro, espécie que, embora arda com maior facilidade, consegue recuperar”.

“No extremo, temos aquelas espécies que ardem muito bem, como por exemplo os eucaliptos e os pinheiros. A natureza da espécie impõe o fogo, e com a acumulação de biomassa há sempre um potencial risco”.

A resposta a dar – sustenta o mesmo especialista – “está naquilo a que chamamos gestão de combustível”, explicando que “assegurando a limpeza dos espaços, mantendo o subcoberto livre de mato, eliminando pelo menos parte da manta-morta, desbastando pelo menos uma parte dessas áreas e tentando manter as copas das árvores afastadas, consegue-se limitar o efeito do fogo, mas à custa de trabalho, esforço de limpeza e intervenção”.

Comentários
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  • Daniel Fonseca
    06 mai, 2019 Santarém 22:20
    Após este texto, qual é a parte que o governo ainda não percebeu e eles próprios praticam o crime de mandar limpar matas, roubando matéria orgânica ao solo, humidade que é necessária para se protegerem do fogo... e ainda por cima aplicam coimas a quem não comete este crime!! É conveniente... Para o governo é importante as monoculturas destrutivas de eucalipto... É conveniente... Para o governo os fogos fazem parte dos negócios das "parcerias"...É conveniente... Para o governo é importante a indústria dos adubos químicos que originam a comida contaminada que consumimos diariamente e poluem os rios e oceanos... É conveniente... Para o governo é conveniente destruir o país e o mundo para alimentar financeiramente grandes empresas destruidoras do ambiente e da saúde de todos os seres vivos. É conveniente mas eu não me conformo e vou lutar!
  • António
    06 out, 2017 Rio de Janeiro 19:03
    Nas décadas de antes de 1950 e 1970, as Florestas portuguesas, pelo menos no interior, eram objeto de atuação de Guardas Florestais, muito respeitados pelas populações e que residiam na própria Floresta em que atuavam. Lembro-me, quando miúdo, que eramos instruídos para respeitar a Floresta e os seus Guardas, que asseguravam a gestão ambiental da região. Penso que, dentre outras, a volta de Guardas Florestais ou de Engenheiros Florestais, para atuarem junto às Juntas das Freguesias e/ou dos Conselhos das regiões, poderão trazer muitos benefícios na prevenção e no combate aos incêndios, com o mapeamento dos pontos de maiores riscos e incidência, intervenções certeiras, reflorestamento e abertura de faixas de domínio de proteção, próximo às aldeias, estradas e logradouros.
  • carlos
    21 jun, 2017 caldas da rainha 10:50
    Lembro que no dia D do desembarque na Normandia o "plano" brilhante foi por água abaixo.Todos os tanques afundaram nas águas revoltas, todos os canhões erraram o alvo, todas as bombas dos aviões caíram....ao lado das posições alemãs. Faz-me lembrar certo dentista que ao ver dente a abanar, tratou-o, paguei a consulta e tratamento e quando cheguei a casa...caiu. Brilhantes teses de doutoramento, sem dúvida mas que exigem investimentos avultados e uma ligação permanente e quase simbiótica do homem à terra.
  • Leandro
    20 jun, 2017 Pombal 21:11
    Continuam a dar tempo de antena a esse individuo? Essa sumidade, parece ter mais opiniões que rebentos de eucalipto após talhadia. Aconselha-se à RR e a todos meios de comunicação que leiam o comunicado do Sindicato de Jornalistas. Contenham-se, senhores, contenham- se.
  • Miguel Monteiro
    19 jun, 2017 Lisboa 18:48
    "...mas à custa de trabalho, esforço de limpeza e intervenção” - claro! É bem mais fácil concessionar uma propriedade florestal de pinheiros e eucaliptos à indústria de pasta de papel e - como dizem no Brasil - "ficar coçando o saco", sem sequer se preocuparem em limpar o mato.
  • Irmenia
    19 jun, 2017 08:54
    Esagerato eucalipto Cortam todas as especies locais Eassim bombata para incendio A escola da vida esta aberta Comecar de hoje ai trabalho Envestir agora Estamos a unimos ? A salvar o nosso continuoeu Pessoa estou aqui.......!!!!!
  • Andre morais
    19 jun, 2017 Chaves 05:41
    Só nestes momentos é que aparecem ideias iluminadas e ilusórias relativas a esta situação. Quem fala assim não sabe o que é o inferno de um incêndio florestal, não sabe a rapidez que um incêndio de propaga e não, não será pela implementação de outras espécies de árvores que este país vai para a frente. Só duas coisas : -dar valor a quem merece ( também sou bombeiro e revoltado. Lutamos com a nossa vida pelos outros e somos considerados o "lixo" da sociedade) ; -ter um regime judicial extremo e restrito para esta escumalha de mão incendiária. Há e tal, "trovoada seca " por favor ! 99,99% dos casos em Portugal, não é aquela história que estava calor e um vidro totalmente direcionado paro o sol e que refletia no solo cheio de combustível inflamável. NÃO ! É sempre alguém sem nada na cabeça que gosta ou que se lembra de pegar fogo a uma "merdice" qualquer num dia quente. Os bombeiros só são reconhecidos no verão e quando morrem. Verdade! Antes disso, apenas nada, mas sim melhor falar das "árvores bombeiras" Já sei que isto que escrevi não chega a lado nenhum, mas quem ler, reflita um pouco, vejam como são tratados os bombeiros nos outros países, Espanha, franca, até mesmo o Brasil Sabem o que eles são ? Heróis de uma nação. Mais um ano vai passar e mais um ano voltará e estes problemas vão continuar
  • Cidália Maria Fontes
    18 jun, 2017 Porto 15:45
    Ha muito neste artigo q eu sei. Mas senhores da UTAD saiam da faculdade e façam propostas concretas, zona a zona, ao governo e sos municípios ,Ja!
  • simao
    18 jun, 2017 Hanau- Alemanha 14:50
    Porque razão as florestas Alemãs estão densamente planta com essas espécies pinheiros à alguns mas é eucalipto até hoje não vi nenhum.
  • António José Brás e
    27 set, 2016 Tondela 20:20
    Sou ao fim de 56 anos e que as arvores bombeiras como carvalhos sobreiros e azinheiras e que são arvores suas amigas. Os eucaliptos não são nossas vieram da Austrália nos anos 60 . são boas para encher as carteiras dos donos sem quase trabalho e despesas. Devia ser proibido a plantação.

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