Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

CP estranha divulgação de dados por tribunal galego

13 set, 2016 - 17:37

Fonte da CP diz que há outros factores a ter em conta para além da velocidade a que seguia o comboio, nomeadamente a situação das obras que a linha estava a sofrer na altura do acidente.

A+ / A-

A CP estranha a divulgação de informações sobre o descarrilamento do comboio na Galiza, na sexta-feira, feita esta terça-feira por um tribunal galego e volta a remeter quaisquer comentários para depois da conclusão dos inquéritos ao acidente.

Em declarações à Lusa, a porta-voz da CP (Comboios de Portugal), Ana Portela, reiterou que a empresa, “tal como anunciou logo no dia do acidente, apenas comentará as circunstâncias e as causas do acidente após a conclusão dos vários inquéritos em curso”, nomeadamente da Renfe e CP, da Comissão de Investigação de Acidentes Ferroviários espanhola, e das autoridades judiciais.

De acordo com o Tribunal Superior de Justiça da Galiza, o comboio seguia a 118 quilómetros por hora numa via secundária com limite de velocidade fixado nos 30 quilómetros por hora, e o maquinista recebeu diversos avisos para abrandar.

A velocidade permitida nas linhas principais é de 120 quilómetros/hora, mas a zona da estação de comboios de O Porriño, na Galiza, estava em obras de manutenção na sexta-feira, o que obrigou o desvio para uma linha secundária. Fonte oficial da espanhola Renfe disse à Lusa que a velocidade limite para circulação em vias secundárias é de 30 quilómetros, e que esta é uma regra geral aplicável a todas as vias secundárias.

Estes dados foram revelados depois de terem sido abertas no tribunal, esta terça-feira de manhã, as caixas negras do comboio, que fazia o trajecto Vigo-Porto, operado conjuntamente pela CP e pela espanhola Renfe.

O equipamento recuperado do sinistro regista as velocidades do comboio, as distâncias e os sinais que recebeu, mas não grava sons nem conversações na cabina do maquinista.

“Parecem-nos estranhas estas declarações individuais, que se pretendem antecipar às conclusões dos trabalhos em curso. Os inquéritos ainda não estão concluídos”, referiu a mesma fonte da CP.

A empresa de comboios portuguesa sublinha que “há outras componentes que não são relativas apenas à caixa negra do comboio, que importa serem analisadas, nomeadamente a circunstância das obras”.

Uma fonte ligada ao processo referiu à Lusa que o desvio em causa não existia na véspera do acidente.

O comboio descarrilou às 9h25 de sexta-feira (8h25 em Lisboa), com mais de 60 passageiros e tripulação a bordo. O maquinista, português, e dois outros elementos da tripulação, ambos espanhóis, morreram no acidente, bem como um turista norte-americano.

Cerca de meia centena de passageiros ficaram feridos no acidente, no qual um dos vagões ficou completamente tombado e outros dois semitombados.

A CP e a Renfe operaram conjuntamente a linha Vigo-Porto desde 2011. Responsáveis de ambas as empresas asseguraram que o comboio tinha sido alvo de revisões recentes.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Zé do Norte
    14 set, 2016 Mirandela 05:17
    Percebi o incómodo da CP. É que por cá fazem-se os inquéritos e nunca se publicam os resultados.....maus hábitos....é a vida.
  • Papa-Figos
    13 set, 2016 Barcelos 21:51
    Agora pergunto eu: E Quem LUCRA a anos com o aluguer destas composicoes? Sobretudo as da Linha do Minho. Para quem nao usa diga-se que para alem de velhas e muito gastas - com bancos em que o enchimento se esta literalmente a desfazer, fazem uma barulheira infernal. Os motores sao barulhentos e tao fracos que ha tempos avariou na estacao de Famalicao e teve de vir de Nine a apanhar os numerosos passageiros que seguism para a Linha do Minho. Sera que alguem se importara Agora com estes alugueres a RENFE e se vai averiguar o porque e quem lucra com esta situacao? Pergunto Eu.
  • Jorge
    13 set, 2016 Porto 21:37
    Será que o maquinista sabia que ia para uma via secundaria ou foi mandado sem terem dado conhecimento porque tudo indica que ele ia á velocidade para circular na via principal e alguem mudou as agulhas sem lhe transmitir ...
  • JR
    13 set, 2016 OPO 19:26
    Caro Rodrigo Machado, a imagem apresentada na infografia é de uma automotora da série 592.2, e não de uma 592.0 idêntica à acidentada.
  • Juan Panvini
    13 set, 2016 Mafra 18:55
    É fácil culpar uma pessoa que não se pode defender. O problema é que o sistema espanhol não é fiável, com muitos problemas de segurança, contrariamente ao português, já que neste caso se fosse nas linhas portuguesas o comboio parava, desde que o limite fosse ultrapassado, o que parece que foi o caso, mas ninguem diz que pode ser erro da central de control.
  • Zeca inha
    13 set, 2016 Coimbra 18:40
    O local era limitado a 30 kms e o comboio ia a 118 kms e morrem estas pessoas e a cp diz que ha' outros elementos a considerar pois já não conseguimos salvar aquelas pessoas, têm que implementar o controle de velocidade à distância para todos os comboios.
  • José Seco
    13 set, 2016 Lisboa 18:13
    Falhou a sinalização pois a via estava em obras! O motorista não era propriamente tolo!

Destaques V+