06 jul, 2016 - 14:49 • Filipe d'Avillez
O Papa Francisco aceitou esta quarta-feira a resignação do arcebispo da diocese de Paraíba, no Brasil.
D. Aldo di Cillo Pagotto tem 66 anos, estando, por isso, a cerca de uma década da idade normal para a resignação de um bispo, mas foi viu-se envolvido num escândalo de abusos que deflagrou na sua diocese.
Não tendo sido acusado directamente de abusos, o arcebispo terá aceitado nos seminários da sua diocese candidatos ao sacerdócio que tinham sido expulsos de outros lugares. Alguns destes, veio-se a saber posteriormente, eram acusados ou suspeitos de abusos sexuais de menores e outros desvios comportamentais.
O arcebispo já tinha sido suspenso de ordenar novos padres o ano passado, na altura em que começou a investigação ordenada pela Santa Sé.
Numa carta publicada no site da diocese, o arcebispo admite o seu erro: “Acolhi padres e seminaristas, no intuito de lhes oferecer novas chances na vida. Entre outros, alguns egressos, posteriormente suspeitos de cometer graves defecções, contrárias à idoneidade exigida no sagrado ministério. Cometi erros por confiar demais, numa ingénua misericórdia”.
Na mesma carta, porém, o arcebispo denuncia um clima de perseguição de que terá sido alvo por parte de agentes políticos, comunicação social e até mesmo padres da sua diocese que tudo terão feito para o remover do seu cargo. “Por tanto tumulto, embora eu esteja sofrendo muito, permito-me afirmar que conservo a minha consciência em paz. Sempre estarei disposto a corrigir rumos, a reorientar passos, a confirmar êxitos alcançados, contando com a graça de Deus e também com a efectiva presença de bons padres, religiosos presbíteros e de bons leigos e leigas, qualificados como forças vivas de nossa amada Igreja Particular da Paraíba”.
Por fim, o arcebispo admite ter concluído que a melhor forma de acção tenha sido a apresentação da sua renúncia, que foi aceite pelo Papa.
Há precisamente um mês o Papa Francisco suspendeu um bispo da ilha de Guam por suspeitas de abusos sexuais. O Papa já prometeu tolerância zero para estas situações na Igreja.