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Cem personalidades apelam à criação de alternativas à praxe

05 jul, 2016 - 07:23

Carta aberta denominada "Integração no ensino superior: a democracia faz-se de alternativas" é divulgada esta terça-feira. "A praxe é um problema social que não pode passar despercebido", alerta o BE.

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Uma carta aberta subscrita por 100 personalidades, entre as quais o professor universitário José Adelino Maltez ou o militar de Abril Vasco Lourenço, pede aos dirigentes das instituições do ensino superior que criem "uma alternativa" à praxe.

A carta aberta a todas as instituições de ensino superior, denominada "Integração no ensino superior: a democracia faz-se de alternativas", é divulgada esta terça-feira e vai estar disponível no site Democracia é Escolher , onde quem quiser a pode subscrever, disse à agência Lusa o deputado bloquista Luís Monteiro, promotor da iniciativa.

"Instamos todas as equipas dirigentes das universidades, politécnicos, faculdades e escolas superiores a criar, com carácter duradouro, actividades de recepção e de integração dos novos estudantes e das novas estudantes, ao longo do ano lectivo, que configurem uma alternativa lúdica e formativa às iniciativas promovidas pelos grupos e organizações de praxe", lê-se na carta aberta.

"Apelamos também a que as mesmas instituições informem atempadamente e eficazmente todos os novos alunos e todas as novas alunas, por exemplo através do envio de um email ou entregando, no ato da matrícula, um esclarecimento nesse sentido, de que as actividades de praxe não constituem qualquer espécie de obrigação e que não podem ser prejudicadas de nenhuma forma ou ameaçadas de qualquer maneira por recusarem participar, devendo ser fornecido um contacto para ao qual possam ser endereçadas queixas", refere ainda a missiva.

"A praxe é um problema social que não pode passar despercebido", afirmou o deputado do Bloco de Esquerda, salientando que o problema das praxes, além de ser discutido em termos legislativos pelo parlamento, "também precisa de ser debatido na sociedade civil".

Esta "é uma carta que não procura espaço ideológico", já que conta "com pessoas de vários quadrantes sociais e profissionais", acrescentou Luís Monteiro.

Entre os subscritores contam-se, entre outros, escritores como Luísa Costa Gomes e Miguel Sousa Tavares, os deputados Paula Teixeira da Cruz (PSD), Alexandre Quintanilha (PS), Teresa Caeiro (CDS-PP) e André Silva (PAN).

O antigo ministro da Saúde e advogado António Arnaut é também um dos subscritores do documento.

A actriz Ana Zannatti, a apresentadora Catarina Furtado, o sociólogo André Freire, a viúva do escritor José Saramago, Pilar del Rio, o músico Miguel Guedes e a cineasta Margarida Gil, são também subscritores da petição.

"O objectivo desta iniciativa é um apelo directo aos dirigentes das instituições superiores para criarem uma alternativa à integração dos estudantes" que não passe pelo recurso à praxe, salientou o deputado, esperando com esta iniciativa abrir uma discussão ampla sobre o tema na sociedade civil.

Comentários
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  • viva a liberdade!
    05 jul, 2016 Santarém 22:23
    Finalmente saiu uma ideia positiva do Bloco, será que começa a descongelar? Quanto a praxes e responsáveis já houve várias mortes responsáveis nenhuns, houve por uma vez uma aluna da escola agrícola de Santarém que conseguiu levar a sua avante e obter a condenação do ou dos responsáveis embora com pena leve.
  • António Lourenço
    05 jul, 2016 Maia poto 17:28
    Esperamos a muito por isso/Seria super importante dar esse passo Livrar os nossos estudantes desse pesadelo
  • R
    05 jul, 2016 Lisboa 08:37
    Resta relembrar que só vai para a praxe quem quer. Já são raras as faculdades onde alguém é excluído se não participar. Deve-se também saber distinguir praxe de praxe abusiva. Pelos casos que conheço, qualquer pessoa em praxe é livre para se ir embora quando quiser ou para dizer que não quer fazer alguma actividade, não sofrendo nenhuma consequência por isso. A praxe, quando bem executada, é divertida para os novos alunos, não serve para matar ninguém.

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