24 jun, 2016 - 17:45 • Manuela Pires , enviada da Renascença a Madrid
Os meios de comunicação espanhóis encontraram uma forma engenhosa de contornar a lei eleitoral espanhola, que proíbe a divulgação de sondagens cinco dias antes das eleições.
Desde terça-feira que nenhum jornal espanhol publica sondagens eleitorais, mas há um jornal de Andorra, escrito em catalão, que não tem de cumprir a lei espanhola de 1985.
“El Periòdic d’Andorra” continua a publicar sondagens e até o vai fazer no sábado, dia de reflexão. O jornal justifica esta atitude criticando o que diz ser o imobilismo do parlamento espanhol, que recusa adaptar a lei eleitoral à realidade digital do século XXI. E diz que todos os espanhóis têm o direito de saber os resultados das novas sondagens, até porque os partidos continuam a pedir estudos para definirem as estratégias de campanha.
Para não ficar para trás, os outros jornais espanhóis publicam na internet as sondagens, mas trocando os partidos por alimentos. Eis a “Fruteria de Andorra”.
O jornal “El Mundo” explica que a lei não proíbe a publicação do preço dos alimentos e por isso todos os dias divulga a sondagem. A imagem é de uma banca da fruta com os preços, que, por mero acaso, coincidem com os dados do jornal de Andorra.
E esta quinta-feira há um empate entre as beringelas e os morangos. As beringelas são roxas, a cor do Unidos Podemos; o morango é vermelho, a cor do PSOE. Mas há mais, para além do preço, que indica a percentagem de votos, ficamos também a saber qual a previsão de compra de cada produto, e isso corresponde aos mandatos.
Esta sexta-feira a água, de cor azul, que é a cor do Partido Popular, perde um ponto para o PSOE, mas mantém a liderança das intenções de voto. Segundo a banca da frutaria de Andorra, o PP tem 28,2%, o Unidos Podemos 23,6%, o PSOE 21,7% e o Cidadãos 15,2%.
Apesar da diferença de votos entre o Unidos Podemos e o PSOE, as duas forças políticas estão empatadas em mandatos e é nesse sentido que vão as palavras do líder do PSOE. Pedro Sánchez tem garantido que vai ficar em segundo lugar, em número de mandatos a eleger para o congresso.