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Crónica

À grande e à portuguesa

14 jun, 2016 - 12:27 • Sílvio Vieira

Só um controlo já intrincado de uma vida contida e caseira permite a muitos emigrantes aguentar a pressão de um mercado de trabalho cada vez mais espremido.

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“Ninguém vê a miséria. Há trabalho, mas ninguém vê a miséria que há em França”. É o testemunho de quem já leva décadas de distância, de quem trocou francos e faz contas aos euros. De quem aprendeu a viver “à pequena e à francesa”.

Só um controlo já intrincado de uma vida contida e caseira permite a muitos emigrantes aguentar a pressão de um mercado de trabalho cada vez mais espremido.

As reclamações encontram par nas que ouvimos diariamente em Portugal. “Quem recebe cinco mil deixa ficar dois mil e quinhentos”. E depois há o resto. Um nível de vida que remete para uma hibernação social.

Falta escape. É um beco a que a esmagadora maioria se resigna. Uma maioria que não tem tempo para saudade, para projectar o regresso. Uma maioria instalada, silenciosa, que concorda mas não manifesta. Uma maioria que sobrevive.

É essa maioria que desperta a cada sinal de portugalidade. É como uma reacção pavloviana. Uma matrícula, uma bandeira, um emblema, o hino, um rancho folclórico, a selecção portuguesa. Estímulos que, no entanto, não funcionam como recompensa.

O investimento emocional, apesar de simbiótico, porque há prazer na oferta, no apoio, na disponibilidade, não é sufiente.

A vitória no Campeonato da Europa, em França, é a contrapartida. Aí, nem que por um efémero momento, daria para viver “à grande e à portuguesa”.

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  • Pinto
    14 jun, 2016 Custoias 18:32
    Mas aqui em Portugal nem espremido dá, se ganhas 600.00€ gastas todo e vais bater à santa casa pedir uma sopa. Se estás noutro país ganhas 5000.00€ gastas 2500.00€ e consegues chegar ao fim do mês sem dívidas. tenho muita família emigrada, que com o mesmo sacrifício que faziam cá ergueram uma casa, compraram terrenos e alguns conseguiram amealhar para montar um negócio, alguns regressaram supostamente para ficarem e tiveram de emigrar outra vês. Sacrifícios fazem todos os emigrantes para darem um futuro melhor aos filhos, aqui com os mesmos sacrifícios vais ter que andar a penar e nunca consegue nada. Sabem porquê? Portugal é demasiado pequeno para tanto ladrão.
  • Jp
    14 jun, 2016 Porto 15:29
    Do que é que estavam a espera “viva o capitalismo dos tolos”....O Papa Francisco tem todo a razão quando chama atenção para estas coisas...Aproveitem e dêem um louvor, ou uma condecoração aos políticos deste País que ajudaram a destruir o País...Temos um sistema financeiro podre, vigarista, corrupto... Senhores de “colarinho Branco” de sobrenome “Chique” da alta finança...que andavam de recurso em recurso...E no final são todos inocentes.. Eu pergunto como vai ser possível inverter este estado de coisas...
  • José Seco
    14 jun, 2016 Lisboa 15:20
    Não sei qual é a intenção da notícia mas a verdade é que em França ainda se vive. Vive-se dez mil vezes melhor do que em Portugal.
  • Maria
    14 jun, 2016 cascais 15:18
    boa tarde Sr Joa da Gralha Silva. concordo consigo só num ponto é que não. Que eu saiba e tenha conhecimento houve alternância de vários partidos no poder, nestes 40 anos. Não foi só PSD-CDS. e todos roubam disso não tenha qualquer duvida! Não se iluda só vão para la para se governar a eles e aos amiguinhos deles.
  • Carlos Gonçalves
    14 jun, 2016 Almada 15:05
    E foi para isto que o 25 de Abril serviu ? Para alguns e muitos, isso sim . Para outros, emigraram . 42 anos de politica a esmifrarem os portugueses.
  • José Gonçalves
    14 jun, 2016 Faro 15:00
    Em 40 anos de democracia tivemos Comunistas e Socialistas a governar 23 anos e 13 nos últimos 19. Como vem para aqui comentar que PSD-CDS roubou o povo? Ou nasceu agora, ou tem estado a dormir.
  • António Marques
    14 jun, 2016 Vila do conde 14:48
    Só o português que cá vive a que pensa que no estrangeiro que só se ganha muito dinheiro mas não pensão que se paga muito para imposto e segurança social.
  • SóSacar!
    14 jun, 2016 cuba 14:43
    Portugal mesmo com elevados índices de pobreza, vemos com alguma estupefacção que as vendas de carros tenham subido na ordem dos 20-30 % ( a maior taxa de subida na UE) e nestas as marcas premium- mercedes, bmw, jaguar, audi- ocupem os primeiros lugares do ranking. Passamos junto a um bairro social, onde supostamente vivem famílias com baixíssimos recursos, e vemos estacionados por lá uma grande quantidade mercedes, bmws, audis e por aí fora.Há dias atrás junto de um supermercado, enquanto eu ia a pé, verifico que uma família cigana se dirige com as compras para um Audi A6, de matricula recente ( de valor na ordem dos 80 mil euros). E este panorama nao é assim tão raro como se pensa. Basta ver a TV e vemso casos destes. Aqueles que verdadeiramente sao pobres e sobrevivem com muito custo sao pessoas idosas que por vezes nem casa própria tem ou vivem em quartos alugados ( e isto é frequente na zona das grandes cidades como Lisboa e Porto) e os outros passam por elas sem se sequer lhes prestar atenção Assim a caracterização da pobreza em Portugal pode ter muitas caras e muitos índices.
  • JOAO MARQUES
    14 jun, 2016 LISBOA 14:42
    CONCORDO PLENAMENTE SR JOA SILVA
  • Zé Brasileiro
    14 jun, 2016 Braga 14:38
    Caramba ... como eu ando distraído . Nunca imaginei que o psd-cds tivessem estado 40 anos a governar este pobre país .

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