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Padre acusado de maus-tratos a idosos e deficientes. “A justiça não pode ser cega”, diz a CNIS

25 mai, 2016 - 13:05

Director da Obra do Calvário, em Paredes, acusado de 14 crimes. CNIS está surpreendida, mas diz que "o caso não deve ser julgado de ânimo leve”.

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O Ministério Público acusou na terça-feira o antigo director da Obra do Calvário, em Beire, Paredes, por maus-tratos e ofensa à integridade física. O presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade (CNIS) diz-se surpreendido com o teor das acusações.

A informação foi avançada na terça-feira pela Lusa e detalhada esta quarta-feira pelo “Jornal de Notícias”. O diário escreve que o padre Batista está formalmente acusado de 13 crimes de maus-tratos e um de integridade física. A maioria das vítimas são idosos, muitos são portadores de deficiência mental.

A acusação do Ministério Público fala de pessoas amarradas a camas, agressões e administração de medicamentos fora do prazo. Os factos que constam da acusação reportam-se ao período de Agosto de 2006 a 21 de Maio de 2015.

Segundo o MP de Penafiel, o responsável da instituição "procedia ele próprio à medicação de utentes, doseando segundo o seu critério e à sutura de feridas".

"Castigava os utentes desferindo-lhes bofetadas ou pancadas com uma bengala ou privando-os de alimentos, ou fechando-os em quartos, locais de arrumos ou num buraco destinado a silo de cereais", lê-se na informação da Procuradoria-Geral Distrital do Porto.

Como modo de "controlar os movimentos de alguns utentes", o arguido terá ainda, segundo o Ministério Público, determinado "que fossem amarrados pelos pulsos às grades das varandas dos pavilhões, às cadeiras de rodas ou às cadeiras sanitárias".

CNIS surpreendida

Em declarações à Renascença, o presidente da CNIS diz-se surpreendido. O padre Lino Maia lembra, no entanto, que “o caso não deve ser julgado de ânimo leve”.

"Maus-tratos são sempre maus-tratos – se é que os havia. A verdade é que não podemos olhar com sobranceria para esta instituição. E a justiça não pode ser cega e tem de olhar para a realidade com que o padre Batista lidava diariamente”, diz.

Para Lino Maia, “se alguma acusação houver a fazer, provavelmente é a nós próprios que passamos ao lado dos deficientes e estropiados e viramos a cara. E ele [o padre Batista] acolhia essas pessoas”.

A acusação considerou indiciado que o arguido, "enquanto director da instituição e sem qualquer formação na área da saúde, nunca contratou, nem sequer a tempo parcial, quaisquer técnicos especializados para a instituição, nomeadamente nas áreas da saúde mental, geriatria, terapia ocupacional ou enfermagem".

Comentários
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  • José Ferreira Costa
    24 mar, 2017 Sines 22:02
    Conheço a Obra da Rua e todos os Padres que entregaram as suas vidas aos pobres.O Padre Batista é um exemplo de pessoa completamente despreendida dos bens materiais e que ao contrário dos outros Padres da Rua em cujas casas recebem e educam para a vida ,rapazes,no Calvário entravam aduldos com deficiencias psíquicas ou doentes com doenças terminais que as famílias rejeitavam.É uma grande injustiça esta que a justiça fez ao Padre Batista.Haverá poucos homens como ele que fossem capazes de dedicar 60 anos de vida a cuidar de tantos doentes e deficientes. Um grande abraço Padre Batista e a minha solidariedade e da minha família. Arcanjo
  • Manuel-António
    24 mar, 2017 Sintra 19:56
    juízes ou algozes? um mistério que dificilmente será esclarecido quando a justiça cega é incapaz de separar o trigo do joio por incompetência ou má fé... fácil condenar actos e acções ignorando a intenção e o contexto em que foram eventualmente realizados...
  • Cassiano Freitas
    24 mar, 2017 Cinfães 18:29
    Quem terá interesse em denegrir esta instituição ! Quem julgou não tem conhecimento das dificuldades porque passa,caso contrário não falava em,saúde mental,geriatria,terapia ocupacional etc,etc.Por acaso já alguma vez contribuiu para alguma destas obras ?! O Estado não dá um euro ! e são as pessoas que conhecem as Obras que vão contribuindo, pouco,para o muito que se faz.O Senhor juiz não tem noção de quanto " GANHA " o Senhor Padre Batista e,por certo não teve possibilidade de ouvir as pessoas que conhecem a obra e o Padre.Podemos enganar o Homem,mas a DEUS NÃO !
  • Margarida Alves
    27 mai, 2016 Porto 17:07
    Aconselho a ler o facebook da Casa do Gaiato. Vale a pena. Não podemos falar do que não conhecemos e fazer julgamentos em praça pública. Muito mais que qualquer outro meio de comunicação a RR não pode proceder deste modo. Conheço muito bem a Obra do Calvário e tenho a maior admiração pelo Padre Baptista. É fantástico como as pessoas vivem neste mundo e não sabem que há quem acuse injustamente. Margarida Martins Alves
  • Nuno Vieira
    26 mai, 2016 Espanha 21:32
    As pessoas bem intencionadas, quando tomam conhecimento de noticias deste tipo, em primeiro lugar devem apurar a verdade e depois deixar que os tribunais julguem os casos si é que há casos. Mas quando há má fé o único objetivo é criticar a Igreja e a obra que faz então não há lugar a dúvidas de que desde o sofá é muito bonito atirar pedras aos anos, meses, dias, horas e minutos que o ancião padre hoje pode contar ao serviço daqueles que ninguém quer por perto. Ao fim da sua vida os reconhecimentos do mundo e as condecorações merecidas são traduzidas em calúnias, desprezo da sua entrega e difamações. Diria o Padre Américo que hoje e aqui também se vive o evangelho: "Passou pelo mundo fazendo o bem" e "morreu numa cruz". Senhores "juizes da sociedade" deixem as suas poltronas e visitem o Calvario e a casa do Gaiato, escola de homens de onde irradia luz a um mundo que não a pode suportar. É bem verdade que as obras do bem deixam a descoberto as obras do mal... Mas sempre estamos a tempo retificar... e fazer o bem. Ide a Beire e a Paços de Sousa... depois contai-me... Um abraço amigo a todos.
  • josé brito
    25 mai, 2016 Coimbra 20:31
    Não tive o privilégio de conhecer o P. Batista como conheci o P. Horácio em Miranda do Corvo, mas segui a sua obra através do jornal O GAIATO. Quem faz acusações e insultos, talvez não tenha lido o que escreve o P Lino Maia no seu penúltimo parágrafo - normalmente todos passamos pelos estropiados e deficientes e nada fazemos - e o Pe. Batista olhou por eles e deu a sua vida por eles. Agora que está cansado e doente é que o acusam. Pode de facto ter errado nestes últimos anos. Mas desde 2006 só agora é que vem a acusação? Não terá sido por essa altura que já a Seg Social dizia mal da Obra da Rua, informando que não tinham ninguem no Ensino Superior. Talvez não tivessem, mas conheço alguns licenceados que foram educados nas Casas do Gaiato.
  • pescadore
    25 mai, 2016 Paredes 16:04
    Lendo a notícia, quem não conhece a obra e o Padre Batista, fica realmente incomodado, mas a verdade deve estar muito longe do que foi participado, bem como a razão....... Gostava que quem participou desse a cara para que todos soubessem quais as razões e motivações de tal queixa. Conheço bem a obra de Beire e sei o que se passa e passou, para a manter ....... muitas esmolas medicamentos oferecidos, roupas e alimentos...... A escolha não é cega dos seus beneficiários, bem como a noção das suas necessidades e carências de todo o tipo...... Admiro quem em vez de criticar faça melhor..... e contribua para uma obra que deveria ser paga por todos nós em vez de viver de esmolas e cuidados de quem dedicou e dedica toda uma vida ... Aconselho a todos os que têm dúvidas, que passem lá um dia e cuidem de duas pessoas, para saberem do que se está a falar...... Parabéns aos GAIATOS de BEIRE, pela obra que nem o Estado quer e a que muitos devia orgulhar.
  • Álvaro Moreira
    25 mai, 2016 Penafiel 15:35
    ACONSELHAVA veemente, que antes de fazer "juízos e julgamentos imaturos"que fossem (ao vivo a Beire) inteirar-se dos factos. Só quem desconhece a(REAL) realidade,emite opinião maldosa.
  • 25 mai, 2016 15:13
    Estamos no fim do MUNDO.não há mais nada para ver.O MAL está a comandar o Universo.depois que os homens foram á lua , é só cascalho que deitam cá para baixo.os padres andam todos tolos que se casem para aliviarem o stress.
  • Carlos Gonçalves
    25 mai, 2016 Almada 15:03
    Que ricos estes " Padres " ! É assim que defendem a Igreja ? É assim que a ensinam ás sociedades ? Espero que a Radio Renascença católica, tenha algo a dizer sobre isto, um debate . Em Lisboa, o Cardeal não se pronuncia sobre esta situação ? A Igreja está muito ocupada e entretida com a visita do Papa para 2017 . Estes casos, para a Igreja são secundários .

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