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​​Ideais e valores continuam a ser muito importantes na decisão de ter filhos

03 mai, 2016 - 00:18 • Eunice Lourenço

Estudo promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos conclui que a presença e disponibilidade do pai são determinantes para decidir ter segundo filho.

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As questões de valores e de ideais continuam a ser muito importantes na decisão de ter filhos. E a existência de uma relação conjugal estável ainda é necessária nessa decisão. Estas são algumas das conclusões do estudo “Determinantes da fecundidade em Portugal”, divulgado esta segunda-feira pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e que servirá de base para os debates com que esta instituição quer assinalar Maio, mês da população.

“A questão dos ideais e dos valores continua a ser muito importante nas decisões de fecundidade. Aqueles que vêm de famílias mais numerosas com mais irmãos têm mais possibilidades de ter mais filhos do que queles que foram socializados em famílias de menor dimensão”, afirma Maria Filomena Mendes, coordenadora do estudo, em entrevista à Renascença.

O estudo pegou nos resultados do inquérito sobre a fecundidade feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2013, o pior ano da natalidade em Portugal. E trabalhou esses dados de forma a encontrar razões e explicações para a grande conclusão do inquérito: os portugueses desejam ter mais filhos. Trabalhar esses dados deu esperança a Maria Filomena Mendes, porque verificou que os portugueses querem ter filhos, o que é preciso é dar-lhes as condições para cumprirem esse desejo.

“As pessoas são muito coerentes entre aquilo que desejam, aquilo que são os seus ideais, os seus valores e aquilo que são as suas decisões”, afirma esta professora da Universidade de Évora que se surpreendeu muito com um dado do estudo: a disponibilidade do pai, em termos de tempo, é decisiva para avançar para o segundo filho.

“Para o primeiro é muito importante a questão da conciliação do trabalho da mãe com a família, o tempo para dedicar aos filhos”, explica Maria Filomena Mendes, mas para o segundo a excessiva dedicação do pai à actividade profissional pode ser um obstáculo.

“O facto de a presença do pai ter assumido um papel tão decisivo da passagem para o segundo e depois do segundo para o terceiro foi muito interessante, porque mostra que também os casais estão a adaptar-se a uma nova realidade”, afirma a coordenadora.

O estudo confirma um dado já conhecido: “A questão de os portugueses entenderem que é preferível ter menos filhos, mas conseguir dar-lhes mais oportunidades de sucesso do que ter mais filhos com mais restrições”.

Mas Maria Filomena Mendes ressalva: “Quando estamos a falar de oportunidades e restrições estamos a falar não apenas em termos económicos, estamos a falar em termos de educação, de saúde, de prepará-los para um futuro melhor e até em termos de tempo para dedicar a esses filhos.”

Em termos de números, o estudo naturalmente não tem novidades face aos dados de 2013. Um dos dados é que triplicou em dez anos o número de crianças que vive só com um dos progenitores, o que Maria Filomena Mendes explica com factores como o aumento da emigração, considerando que, de forma alguma, se pode concluir que são filhos de relações menos estáveis. Até porque, diz, “chegámos à conclusão também que para decidir ter filhos em Portugal ainda é importante ter uma relação conjugal estável. Não é suficiente, mas é necessário”.

Maria Filomena Mendes vai participar nos quatro debates sobre questões relativas á natalidade que a Fundação Francisco Manuel dos Santos vai promover este mês de Maio. Um mês que passou a ser para esta fundação o mês da população e neste primeiro ano tem por tema “Nascer em Portugal”. Os debates, abertos ao público, decorrem nos dias 6, 12, 18 e 24, no auditório da faculdade de ciências médicas, em Lisboa. Sempre às 15h00.

Comentários
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  • Francisco José Meli
    03 mai, 2016 Carcavelos 11:42
    Parabéns aos pais do menino ou menina. Todos eles se parecem com o MENINO JESUS. Dá alegria vê-los.

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