22 abr, 2016 - 14:14 • Teresa Almeida
A presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia (SPD), Maria Filomena Mendes, diz que é cedo para falar em "baby boom", mas confirma que as estatísticas começam a mostrar uma recuperação da natalidade em Portugal.
Estimativas do Instituto Ricardo Jorge, feitas com base nos "testes do pezinho", realizados no âmbito do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce, nasceram em Portugal, no primeiro trimestre deste ano, 20.992 crianças, mais 7% do que nos três primeiros meses de 2015. No ano passado, o crescimento face a 2014 já tinha sido de 4%.
Maria Filomena Mendes diz à Renascença que que as estatísticas oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) deverão confirmar este aumento: “Segundo os dados revelados pelo INE, estamos numa fase de mudança da curva que, até agora, era de descida. Estes três últimos meses indicam que a tendência inverteu.”
Embora destaque o facto de o número de nascimentos não crescer em dois anos consecutivos desde final dos anos 90, a presidente da SPD considera que “ainda é cedo para se falar em 'baby boom'", já que "os dados são recentes e podem significar apenas uma oscilação". Por isso, "será preciso esperarmos mais tempo”.
Para a especialista em demografia, o clima de maior confiança que o país vem registando pode ser apontado como uma das causa desta inversão. "É isso que está a acontecer, há um sentimento de termos ultrapassado a crise ou de que o pior já passou", argumenta.
Outro factor a ter em conta para Maria Filomena Mendes, prende-se com a idade em que se é pai ou mãe: “A média de idades dos pais com o primeiro filho está a aumentar. No ano de 2014, era de 30 anos e, quando se adia muito, há uma altura em que tem de se decidir ter o primeiro filho ou até o segundo, ter família. Muita gente que adiou, pode estar agora a ter esses filhos”.
Viseu, Bragança, Leiria e Vila Real são os distritos que lideram as subidas do número de nascimentos. Lisboa, Porto e Setúbal registam o maior registo absoluto de nascimentos.