06 abr, 2016 - 02:34
A aplicação WhatsApp anunciou a utilização de uma "encriptação total", um passo que aumenta a privacidade dos utilizadores, mas que pode gerar conflitos legais.
A aplicação móvel detida pelo Facebook, que tem mil milhões de utilizadores em todo o mundo, fez este anúncio semanas depois de um intenso debate sobre os esforços das autoridades norte-americanas para obrigar a Apple a desbloquear um iPhone encriptado.
"A WhatsApp sempre deu prioridade a que os seus dados e comunicações fossem tão seguros quanto possível", refere um comentário, colocado no blogue dos co-fundadores da WhatsApp, Jan Koum e Brian Action.
"E hoje estamos orgulhosos em anunciar que concluímos uma aplicação tecnológica que faz da WhatsApp um líder na protecção da sua comunicação privada: a encriptação total", lê-se no comentário.
Isto significa que "quando se envia uma mensagem, a única pessoa que pode lê-la é a pessoa ou o grupo de 'chat' para quem foi enviada", refere.
"Ninguém pode ver o conteúdo da mensagem. Nem os cibercriminosos, nem os regimes opressivos, nem mesmo nós", adianta.
Desenvolvida por empresas de tecnologia com vista à obtenção de uma encriptação para a qual nem mesmo as próprias companhias conseguem obter "chaves" para a desbloquear, esta aplicação desencadeou críticas nos círculos de aplicação da lei sob a fundamentação de que tal cria espaços "à prova de mandado" para criminosos e outros.
Os comentários foram colocados no blogue dos co-fundadores da WhatsApp Jan Koum and Brian Action e referem a criptografia como uma ferramenta importante para os utilizadores.
"Vivemos num mundo em que os dados são digitalizados como nunca o foram", acrescentam.
"Todos os dias vemos histórias sobre dados sensíveis que foram roubados. E, se nada for feito, a informação digital das pessoas estará mais vulnerável a ataques nos próximos anos. Felizmente, a encriptação total protege-nos dessas vulnerabilidades", sublinham.
A WhatsApp está envolvida numa batalha judicial semelhante à que envolve Apple, que tentou obter permissão federal para desbloquear um iPhone usado por um dos atiradores de San Bernardino.
Outros relatos referem que a aplicação WhatsApp e a designada Telegram foram utilizadas pelos autores dos atentados de 13 de Novembro em Paris, que causaram 130 mortos.
Uma ampla coligação de empresas de tecnologia e activistas argumentaram contra quaisquer regras de criptografia que permitissem "acesso especial" para aplicação da lei, alegando que estas causariam vulnerabilidades que podiam ser exploradas por ´hackers` ou governos repressivos, assim como podiam ameaçar a segurança das transações bancárias, o comércio eletrónico e segredos comerciais entre outros.
Em 2014, o Facebook anunciou ter adquirido a WhatsApp por 19 mil milhões de dólares em dinheiro e acções.
Segundo especialistas, a WhatsApp é particularmente popular em países da América Latina, Ásia e América, onde é usada em substituição das redes de telecomunicações oficiais.