05 abr, 2016 - 11:58
Morreu no passado dia 2 de Abril o bispo emérito da diocese de Yujiang, na China. Zeng Jing Mu tinha 96 anos, mas um total de 23 desses foram passados atrás das grades, por fidelidade ao Papa.
Ordenado em 1949, precisamente o ano em que foi instituída a República Popular da China, que cedo começou a perseguir a Igreja Católica.
O Governo formou uma Associação Patriótica Católica Chinesa, encarregada de supervisionar as actividades da Igreja, incluindo a nomeação de novos bispos. O Vaticano recusou esta hipótese levando a uma situação de conflito, com alguns católicos a aderir àquela que ficou conhecida como a Igreja Patriótica e outros a manterem-se fiéis a Roma, naquela que ficou conhecida como a Igreja Clandestina.
O bispo Zeng foi sempre fiel a Roma e por isso chegou estar detido um total de 23 anos, incluindo durante as perseguições da Revolução Cultural de Mao Tzé Tung, que começou na década de 60.
Em 1990 foi ordenado bispo na clandestinidade, tendo resignado em 2012, com 92 anos. O Vaticano nomeou um sucessor, John Peng Weizhao, que foi detido imediatamente depois da sua consagração episcopal em Maio de 2014, tendo sido libertado em Novembro do mesmo ano.
Após a morte de Zeng, o novo bispo viu aumentada a vigilância a que está sujeito, mas continua a recusar a autoridade da Associação Patriótica.
O bispo emérito sofreu uma queda em sua casa, recentemente, e sucumbiu aos ferimentos no passado sábado, depois de alguns dias no hospital em que lhe foram negadas visitas. As autoridades recusaram ainda o pedido dos fiéis para que o corpo do bispo estivesse exposto durante uma semana, admitindo apenas um período de quatro dias, pelo que o enterro deve realizar-se na quarta-feira.
Em declarações recolhidas pela agência católica AsiaNews, uma leiga descreveu o bispo como “uma verdadeira testemunha de Cristo durante toda a sua vida”, elogiando a sua “fé e pobreza espirituais”.