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Embaixador sobre prisão de activistas: "99% da população angolana não se interessa"

31 mar, 2016 - 13:16

Luaty Beirão e outros activistas da oposição ao regime em Angola foram condenados a penas de prisão efectiva entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses.

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O embaixador itinerante de Angola diz, “com certeza, que 99% da população angolana não está interessada” na sentença dos activistas acusados de preparar uma rebelião no país e considera que o caso não afecta a imagem externa do país.

“Não existe nenhuma manifestação, nenhum levantamento. Existem naturalmente, e aceitam-se, opiniões contrárias, porque uma sociedade de unanimidades só em livros utópicos, mas a vida na sociedade angolana continua e o país há-de continuar também”, refere António Luvualu de Carvalho em entrevista à agência Lusa, em Lisboa.

Escusando-se a comentar se a condenação foi justa, o diplomata refere apenas que, neste caso, “os cidadãos tiveram as suas garantias processuais em processo penal garantidas, acesso a advogado e um julgamento livre”.

“O facto de poder haver recurso para um tribunal superior deixa-nos garantias de que nem sempre aquilo que é propalado de que existe falta de justiça em Angola é verdade”, conclui.

“Não será um grupo de embaixadores europeus” a ferir a imagem de Angola

Quanto à imagem do país, Luvualu de Carvalho considera que não será afectada porque “a comunidade internacional não são 26 pessoas que se reúnem no Rossio para gritar ‘Liberdade já’” – uma referência à manifestação de segunda-feira em Lisboa.

“A imagem externa de Angola é a imagem de um Estado independente, de um Estado soberano, que tem as suas instituições bem conhecidas, que é livre há 40 anos”, sublinha. E “não há-de ser uma comunicação de um grupo de embaixadores da União Europeia que vai mudar a imagem do país, que vai fazer com que o país deixe de ser o que é”, acrescenta quando confrontado com a posição manifestada pela União Europeia na terça-feira, de que este caso tem vindo a suscitar reservas sobre o respeito pelas garantias processuais e pelo princípio de proporcionalidade.

A UE reiterou ainda o seu compromisso em “apoiar as autoridades angolanas na implementação das suas obrigações internacionais e em promover e proteger os direitos humanos”.

“Vamos crer que esta declaração é uma declaração de apoio para que a justiça seja feita, mas não acho que tenha a intenção de interferir na sentença ou no acórdão final que poderá haver do Tribunal Supremo ou do Tribunal Constitucional”, defende, considerando que esta posição não vai afectar as relações de Angola com a UE.

O tribunal de Luanda condenou, na segunda-feira, os 17 activistas angolanos que estavam desde 16 de Novembro a ser julgados por co-autoria de actos preparatórios para uma rebelião e associação criminosa a penas entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efectiva.

Os activistas rejeitaram sempre as acusações que lhes foram imputadas e garantiram, em tribunal, que os encontros semanais que promoviam visavam discutir política e não promover qualquer acção violenta para derrubar o regime.

A detenção deu-se durante um destes encontros, a 20 de Junho do ano passado.

Ficou provado que “não estavam só a ler um livro”

Questionado sobre se os activistas condenados teriam meios para realizar um golpe de Estado, o embaixador considera que os serviços de informação angolanos, juntamente com o Ministério Público, decidiram tomar “medidas preventivas que impedissem que algo que estava a ser preparado e poderia tomar uma proporção descontrolada pudesse ocorrer”.

O embaixador diz que ficou provado em tribunal que os activistas “não estavam apenas a ler um livro, ideia que foi lançada erradamente por algumas pessoas de má-fé que pretendiam beliscar a imagem do Governo da República de Angola”.

“Estava-se a preparar um movimento de rebelião, como foi provado pelas imagens, um movimento de resistência, inclusive a prepararem-se técnicas de como pessoas podiam morrer perante a intervenção dos órgãos de defesa e segurança”, assegura.

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  • evidente
    01 abr, 2016 Santarém 21:57
    Pois é evidente que os partidos comunistas põem o povo a pensar pela sua máquina de dominar as mentes ou seja fazem-lhes a lavagem ao cérebro e sob pressão os pobrezitos preferem pensar a doutrina que o partido lhes impõe ou em ultimo recurso ficarem calados porque caso contrário estariam na mesma situação dos condenados.
  • António canavarro
    31 mar, 2016 Santarém 15:41
    Em terra de cegos quem tem olho é rei. Desculpe...verá os mundo aos quadradinhos.
  • José Saraiva
    31 mar, 2016 Viseu 14:47
    é preciso por o nomes correctos ás coisas.....EM ANGOLA HÁ ELEIÇÕES ?.. HÁ !...as eleições são feitas por consulta popular? ...SÃO ! então conclui-se que ANGOLA é uma DEMOCRACIA....mas se perguntarem : o POVO ANGOLANO É CULTO E INSTRUÍDO E SABE ESCOLHER SEUS GOVERNANTES? ...bom, aí a resposta será á mesma que se dará em relação ao POVO PORTUGUÊS..
  • Luís Bárbara
    31 mar, 2016 Frade de Baixo 14:25
    99% da população angolana não se interessam? Sabe porquê? Porque 98% não sabe!

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