31 mar, 2016 - 15:00 • João Cunha , Teresa Abecasis (vídeo e infografias)
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Vão ser criadas novas praças, ciclovias e zonas verdes. Ganham-se lugares para cargas e descargas, mas perdem-se centenas de lugares de estacionamento na Avenida da República. As obras de requalificação no eixo central de Lisboa, de Entrecampos até ao Marquês de Pombal, arrancam em Abril, vão custar 7,5 milhões de euros e prolongam-se até ao fim do ano.
Paulo Lemos, um dos milhares de taxistas da cidade, defende outras prioridades para Lisboa. "Há muitas coisas que teriam de ser prioritárias em comparação a esta obra, como, por exemplo, arranjarem os buracos da cidade. Uma pessoa compra um carro novo e seis meses depois está a fazer barulhos por todos os lados." O principal, diz, "era tapar bem os buracos. Eles tapam um buraquinho aqui, passado uma semana, está no mesmo sítio, porque foi mal tapado".
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Na Avenida 5 de Outubro, Paulo Fernandes, funcionário de um restaurante frente aos terrenos da antiga Feira Popular, que vão acolher o estaleiro das obras, acredita que o previsível movimento será "uma lufada de ar fresco" para o negócio, se trouxer mais clientes. Mas talvez os moradores saiam a perder. "O barulho do trânsito e do movimento de máquinas não será bom", antecipa.
Maria de Lourdes vai de transportes para Entrecampos, todos os dias. Admite que pouco sabe sobre a intervenção naquela zona do eixo central da cidade, a não ser que vai durar nove meses. Acredita que vai ser complicado circular de automóvel na zona, sobretudo para o comércio que ainda resiste nas Avenidas Novas e que vai perder as tais centenas de lugares de estacionamento – 382, de acordo com as contas feitas pela Renascença.
Sobre a questão do estacionamento para os moradores, ainda nada se sabe. O presidente da Associação de Moradores das Avenidas Novas, José Soares, adianta que, em Novembro, numa reunião com a autarquia, o vereador do Urbanismo Manuel Salgado que “os lugares de estacionamento disponíveis para residentes seriam suficientes, face aos dísticos da EMEL criados para esta zona”. “Sabemos que foi aprovado por unanimidade numa reunião de câmara uma recomendação para que a câmara negociasse com os parques privados para criar alternativas para os residentes. Só que estacionamento privado é uma coisa, à superfície é outra", lembra. A diferença está no preço.
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A associação ainda não teve respostas para esta questão, nem para uma sugestão que deixou: os moradores querem acompanhar a evolução da obra, com a autarquia e o empreiteiro. "Nós estamos a aguardar a calendarização por parte da Câmara Municipal de Lisboa dessas reuniões periódicas porque queremos ser parte activa em todo este processo".
Os moradores deixam ainda um alerta: todo o tráfego rodoviário em Lisboa deverá ser afectado pelas obras. E não serão apenas a Avenida 5 de Outubro, o túnel do Rego e a Avenida Defensores de Chaves – vias alternativas – a sofrer os impactos das intervenções previstas.
A Renascença tenta há duas semanas falar sobre estas obras com o presidente da Câmara de Lisboa. Até agora, ainda não obtivemos resposta ao pedido de entrevista.