25 mar, 2016 - 21:23
O Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou esta sexta-feira que é preciso distinguir entre os atentados e o fenómeno dos refugiados, lembrando que estas são pessoas que fogem da guerra e procuram uma vida melhor. .
Em declarações aos jornalistas, antes das celebrações do Patriarcado da Sexta-feira Santa, na Sé de Lisboa, D: Manuel Clemente adiantou que o apelo desta sexta-feira para os fiéis constitui uma mensagem de vida e de esperança, lembrando que a morte de Jesus Cristo está "cheia de vida".
"Encontramos nela uma salvação que é tão necessária sobretudo quando temos realidades tão opacas na nossa vida, na Europa, no mundo", apontou.
Questionado sobre quais situações opacas a que se referia, o Cardeal Patriarca deu o exemplo das "pessoas que querem entrar na Europa mas que não conseguem", mas também "aqueles que olham para sua vida e não veem perspetivas".
D. Manuel Clemente referiu que os refugiados tentam entrar na Europa, "mas não conseguem porque as portas estão fechadas".
Por outro lado, o Cardeal Patriarca defendeu que é preciso não confundir realidades e saber distinguir entre o fenómeno dos refugiados e os ataques levados a cabo por bombistas suicidas, nomeadamente os recentes atentados em Bruxelas: "São realidades diferentes e devemos olhá-las distintamente".
"Uma coisa são estes atentados terroristas e estas realidades tão trágicas e outra coisa é a necessidade de tanta gente e tantas multidões que querem encontrar paz e sossego para as suas vidas", acrescentou.
Aproveitou para referir que em causa estão "muitas famílias da Síria e de outras partes do mundo, atormentadas há muito tempo", apontando que a guerra na Síria dura há mais de cinco anos.
Lembrou que na tentativa de entrar na Europa, muitas destas pessoas acabam por ser apanhadas por redes de tráfico, que "a troco de dinheiro lhes prometem tudo e depois não lhes garantem nada".
Disse também que os refugiados são pessoas que fogem da guerra e que procuram uma vida melhor para si e para os seus filhos, realçando que, se não existissem armas, os terroristas não conseguiram realizar ataques.
"Se tudo isto fosse usado para bem, como o mundo poderia ser diferente", afirmou ainda.